sexta-feira, 14 de junho de 2013

PROVOCAÇÕES APARENTEMENTE INGÊNUAS


  
Manifestações bizarras como as de estudantes vestirem saias em colégios de classe média alta de São Paulo evidenciam como os grupos promotores da chamada "ideologia de gênero" estão, aos poucos, cada vez mais ousados em seus propósitos de subversão de valores. Tais manifestações não são atos espontâneos, mas fazem parte de uma estratégia de fazer as pessoas ir se acostumando com bizarrices, para aceitarem mais facilmente as imposições ideológicas de um feminismo que se insurge com a própria realidade antropológica do ser humano. Para as pessoas pertencentes a esses grupos, homem e mulher não são distinções naturais, mas construções culturais.


         O bioeticista (vide nota do autor) argentino Jorge Scala considera esta “a ideologia mais radical da história”, que “é mais sutil porque não procura se impor pela força das armas — como por exemplo o marxismo e o nazismo —, mas utilizando a propaganda para mudar as mentes e os corações dos homens”. É o que está acontecendo com a imposição via mídia, lenta e gradual, da ideologia de gênero. Ives Gandra da Silva Martins, prefaciando essa obra de Scala, também chama a atenção para esse fenômeno da atualidade, ao falar sobre “o gênero como ferramenta do poder”, destacando “o nível de manipulação a que a sociedade está submetida por um pequeno grupo de pessoas dispostas a programar posições minoritárias contra a natureza humana, à luz de distorção de palavras e de ideias”. Daí o recurso da mídia como instrumento de tal manipulação, meio pelo qual está sendo difundida esta ideologia. 

         Ives Gandra explica ainda que a ideologia de gênero visa uma “desfiguração conceitual, em instrumento de poder e de fantástica deformação dos valores para a introdução de novas concepções hodiernas, totalitárias e desumanas, muito embora à luz de uma falsa defesa da 'liberdade' e de 'direitos humanos'”. Por isso, vemos a confusão em que nos encontramos, quando os apelos emocionais recorrem aos direitos humanos para justificarem atentados contra a vida humana, a exemplo do que acontece com a questão do aborto. Como ressalta Ives Gandra, “no campo do direito à vida, embora sempre se tenha entendido que o homicídio uterino é um crime e uma forma de violação do mais fundamental dos direitos humanos, que é o da vida, que surge na concepção, tal manipulação leva a acreditar que o superior direito da mãe de utilizar seu corpo para gozo e prazer irresponsáveis implica no supremo direito de assassinar seus próprios filhos indefesos, no seu ventre, como se a mãe, e não o filho, merecesse todo o respeito da sociedade, principalmente quando age irresponsavelmente”.

         Ideologia radical, como afirmou Jorge Scala, porque parte “de um preconceito necessário: negar a natureza humana e conceber, portanto, cada ser humano como essa massa informe que deve ser modelada e dotada de sentido mediante um processo ideológico-político de reengenharia social”. Daí uma ideologia desumana, que ameaça a dignidade da pessoa humana e poucos percebem as suas sutilezas de subversão e perversão culturais. Por isso que não há nada de ingenuidade na bizarrice de adolescentes de classe média alta em querer vestir-se de mulheres dentro da escola. Faz parte do jogo. Infelizmente os rapazes nem imaginam que estão sendo utilizados por motivações ideológicas que buscam um novo totalitarismo.


Nota do autor: bioeticista é o profissional especializado em bioética. Para melhor entendimento, exemplifico: um casal se separa deixando vários embriões congelados em uma clínica de reprodução assistida. Qual dos cônjuges terá direito a eles? O pai morre em um acidente. O bebê, nascido de um óvulo fecundado artificialmente pouco antes da morte, será seu herdeiro? O genoma deve ser patenteado pelo cientista que o decodificou? O consumidor pode se defender contra alimentos geneticamente modificados? Quem decide a prática da eutanásia? Até que ponto as pesquisas para novos medicamentos podem envolver seres humanos? Todas essas são questões ligadas a um ramo do conhecimento que vem ganhando cada vez mais espaço no mundo acadêmico, científico e empresarial: a bioética — o estudo da ética da vida. O bioeticista ajuda instituições como hospitais, laboratórios, clínicas, indústrias, familiares e pacientes a tomarem uma decisão difícil de forma consciente, esclarecendo todos os seus aspectos éticos. É, em síntese, o facilitador sobre questões de valor que envolve a vida.









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