sexta-feira, 17 de abril de 2015

A “renúncia branca” de Dilma





Com pouco mais de 110 dias de governo a presidente Dilma está isolada, parecendo que tem cada vez mais governo e menos poder. Passou, por sugestão do seu mentor, o ex-presidente Lula, a coordenação política do governo ao vice-presidente Michel Temer — que é presidente nacional do PMDB, embora licenciado —, incumbindo-o de uma missão muito difícil, senão impossível: controlar o próprio PMDB.
É que, no vácuo de poder deixado pela presidente Dilma, onde se destaca a sua inércia, erros na condução da Administração, falta de objetividade na avaliação do que o Brasil precisa e o povo almeja, os escândalos de corrupção, aliados à falta de rumo, numa situação que alguns políticos chamam de “renúncia branca”, Renan Calheiros, presidente de Senado e Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, ambos do PMDB, estão dando as cartas naquilo que alguns analistas convencionaram apelidar de “parlamentarismo branco”.
Temer já foi três vezes presidente da Câmara e é considerado um bom articulista, notadamente entre seus antigos pares. Vamos ver como o vice-presidente se sairá da tarefa que lhe foi atribuída por Dilma, porque até agora parece que não está sendo muito feliz.
Por outro lado, com a prisão de André Vargas e agora a de João Vaccari Neto, ambos ícones do PT, o partido de Dilma desabou, enfrentando o pior momento de seus 35 anos de existência. Até o ex-presidente Lula não escapou. Pesquisas mostram que a sua popularidade está no chão, fazendo com que Lula tenha receio de sair às ruas e ser insultado, tendo sido objeto de recomendações de amigos próximos para que desista de se empenhar em voltar ao poder em 2018, devendo, em contrapartida, lutar para tentar “salvar a sua biografia” (cf. Veja, em “O partido que derreteu”, edição 2421, ano 48, nº 15, 15/04/2015, pp. 54/55).
Hoje a cena está um pouco diferente daquela que, nove anos atrás, mostrava a deputada petista Ângela Guadagnin zombando dos brasileiros depois da absolvição de um mensaleiro na Câmara.



E, quanto ao governo do país, naquilo que está parecendo falta de apetite pelo exercício do poder, até porque não tem outra saída, a presidente Dilma, que tanto lutou para conseguir ser reeleita, mentindo descaradamente ao povo para atingir esse objetivo, deve estar vivendo um inferno astral, assistindo do Palácio do Planalto — e sem poder interferir — a disputa de Temer, Cunha e Renan, para ver quem manda, de fato, no “parlamentarismo branco”!













 Edição n.º 983 - página 08


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