sexta-feira, 17 de abril de 2015

O “ouro” do poder



O PT teve suas décadas de glórias, subiu a rampa do Planalto, alçou Lula à condição de campeão de popularidade e capotou. Inebriados, o partido e Lula meteram os pés pelas mãos, perderam a compostura, lambuzaram-se nos palácios, nas estatais, nas mamatas e boquinhas.” (Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo, 15/04, A7)





Para homenagear Tiradentes, herói nacional e mártir da Independência do Brasil, enforcado em 21 de abril de 1792, e estabelecer uma interlocução com circunstâncias e fatos  contemporâneos, escolhi a musicalidade e o lirismo de alguns versos do belíssimo "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília Meireles, aliados à densidade expressiva de um desenho em nanquim sobre papel, de Renina Katz, feito para ilustrar a frase: “Que a sede de ouro é sem cura, / e, por ela subjugados, / os homens matam e morrem, / ficam mortos, mas não fartos.”
Aqui, destaquei passagens dessa “história feita de coisas eternas e irredutíveis: de ouro, amor, liberdade e traição”: “De seu calmo esconderijo, / o ouro vem, dócil e ingênuo / torna-se pó, folha, barra, / prestígio, poder , engenho... / É tão claro! e turva tudo: / honra, amor e pensamento .”
Heráclio Camargo, procurador da Fazenda Nacional, “entrega o ouro” na capa do caderno Aliás (O Estado de S.Paulo, 12/04): “a Operação Zelotes desbaratou um golpe de R$ 19 bilhões na arrecadação de impostos no Brasil. Ela não é simplesmente alta; é alta porque injusta e porque as contrapartidas em políticas públicas são baixas. Isso vem do Brasil Colônia e de sua tradição oligárquica de beneficiar os poucos de sempre”.
Sobre o tempo vem mais tempo. / Mandam sempre os que são grandes; / e é grandeza de ministros, / roubar hoje como dantes. / E a vida, em severos lances, / empobrece a quem trabalha / e enriquece os arrogantes / fidalgos e flibusteiros.”
Assim, hoje como no Brasil Colônia, os arrogantes e enganadores poderosos da vez tiveram suas décadas de glórias, subiram a rampa do Planalto, foram alçados à alturas que os inebriaram. Entretanto, “Já vem o peso da vida, / já vem o peso do tempo: / pergunta pelos culpados / e pelos nomes ocultos / dos que nunca foram presos.”
A sede com que foram ao pote de ouro do poder os fez meterem os pés pelas mãos ao lambuzarem-se nos palácios, nas estatais, em mamatas e boquinhas. Perderam totalmente a compostura, e ainda não se fartaram.
“Mas a história tem seu tempo. Hoje, no calor de tantas emoções e tantas crises, o sentimento é de “fora Dilma, fora PT”, o que, na essência, significa “fora Lula”. Na narrativa cotidiana atual, ele é o santo de pés de barro, derretendo com o insaciável PT e com os desastres de Dilma – decisiva para apagar do horizonte o “Lula 2018”, conclui Eliane Cantanhêde o seu artigo no Estadão.
Quem viver, verá...














Edição n.º 983 – página 01

Nenhum comentário:

Postar um comentário