sexta-feira, 13 de junho de 2014

HÁ VIDA, ARTE E POESIA...


“Sou um homem de letras, nada mais. Não estou certo de ter pensado nada de original em minha vida. Sou um fazedor de sonhos.”
Jorge Luis Borges





Em 14 de junho de 1986 morreu Jorge Luis Borges – há 28 anos, o escritor, poeta e ensaísta argentino, por certo foi fazer sonhos noutro lugar... Aprendeu a ler em inglês, antes de aprender castelhano, por influência de sua avó materna, de origem inglesa. Aos 6 anos já queria ser escritor. Aos sete escreveu, em inglês, um resumo de literatura grega. Aos oito, inspirado num episódio de "Dom Quixote" de Cervantes, fez seu primeiro conto: "La Visera Fatal". Aos nove anos, traduziu do inglês "O Príncipe Feliz" de Oscar Wilde.
"Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção."
Duvido de quem diz não gostar de poesia, de arte. A vida é permeada de manifestações poéticas e artísticas. Não é coisa de final de semana – é do dia a dia. Penso que às vezes nos falta o olhar certo, o foco muda ou se perde em meio às chatices, que também fazem parte da vida. Só por isso. Basta apurar os sentidos e vemos que estão lá – arte e poesia. Numa música, num olhar, num desenho ou num sonho. Pode ser um desejo e até mesmo necessidade – mas estão lá!
Seus livros mais significativos apareceram somente no período da Segunda Guerra – Ficções (1944) e O Aleph (1949), ambos coleções de contos ligados à estética do realismo mágico, corrente cujo próprio Borges foi precursor. A partir da década de 50, afetado por uma cegueira progressiva, passou a se dedicar principalmente à poesia. Seu último trabalho foi “Os Conjurados”, em 1985.
Para homenagear os sentidos, um de seus poemas mais conhecidos...


A UM GATO
Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtiva a aurora aventureira;
Tu és, sob a lua, essa pantera
que divisam ao longe nossos olhos.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, buscamos-te inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
É tua a solidão, teu o segredo.
O teu dorso condescende à morosa
Carícia da minha mão. Sem um ruído
Da eternidade que ora é olvido.
Aceitaste o amor desta mão receosa.
Em outro tempo estás. Tu és o dono
de um espaço cerrado como um sonho.



Nenhum comentário:

Postar um comentário