Esta estória veio lá de
Junqueiro, Alagoas, e foi contada pelo “seu” Joaquim. Ele é o que está sempre
ali pela esquina da rua 7 de setembro, e até pouco tempo atrás, tomava conta do
estacionamento do Supermercado Ferraro.
“Escuta essa Tom Santos:
Lá pelos idos de 1930,
época em que, em Alagoas, imperava o “cabra macho”, existia no vilarejo de
Junqueiro, um cidadão conhecido pela alcunha de “Zé do Norte”. Era sujeito
arruaceiro, daqueles de quem nenhum botequeiro tinha coragem de cobrar as
pingas que ele bebia. O valentão dava pega em crianças, bulia com as moças,
punha gato e cachorro pra correr, torcia pescoço de canção de fogo cantador. O
peste fazia tudo isso e muito mais...
Foi num dia de sábado de
aleluia, que o valentão tomou lição das boas. Na hora em que a molecada estava
malhando o Judas, o Zé do Norte, que não podia ver uma pancadaria, resolveu
aderir à farra. Foi nessa hora que levou uma porretada, mas devido ao “malha
que malha” desorganizado, ninguém soube dizer direito de onde veio, ou quem foi
que acertou o cocuruto do Zé, que apagou de vez.
Como socorro ali sempre foi
prestado pela benzedeira, lá se foi o moleque Ditinho , correndo, chamar a dona
Quitéria. Diagnóstico rápido e sumário da especialista : partiu para outro
mundo...”
Mais que depressa, o
pessoal tratou de arrumar uma rede (como é costume no Nordeste), e embrulhou o
valentão apagado, rumando rapidinho para o cemitério mais próximo que distava
30 km dali.
A alegria no povoado
recomeçou redobrada, porque o povo, sem maldade, se livrara de dois pecadores:
um Judas e um baderneiro.
Depois que o cortejo
fúnebre tinha percorrido uns 8 km, sendo já noite fechada e escuríssima, os
tropeções eram muitos e a rede balançava tanto que acordou o Zé (que não tinha
morrido, contrariando todas as previsões). Ele estava era desmaiado, pela ação
conjunta da pinga e da pancada fortíssima.
Quando o Zé do Norte se deu
conta que estava sendo levado como defunto, na rede, soltou um urro, fazendo
todo mundo se borrar de susto, e sair correndo”
O seu Joaquim garantiu que,
até hoje, tem gente correndo de medo do “Judas ressuscitado”!
Publicado originalmente na
Edição n.º18 de 19 de julho de 1996
Edição nº 1018
Página 02
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