sábado, 28 de dezembro de 2013

Tornar a começar no novo ano

                                                           

Um menino nasceu. O mundo tornou a começar.” (Guimarães Rosa, em “Grande Sertão, Veredas”)




A imagem é do óleo sobre tela “Jantar em Emaús”, pintado em 1618 por Velásquez. A obra está no Metropolitan Musuem of Art de Nova York. 
Por traduzir perfeitamente a ideia do reconhecimento pelo ato de repartir, o quadro foi escolhido para ilustrar o bonito texto “O anel que tu me deste”, de Martha Medeiros (jornal ZERO HORA, 22/12), transcrito em seguida.



“Aconteceu em 2005. Eu estava almoçando com uma amiga. De repente, olhei para sua mão e fiz um elogio ao anel lindíssimo que ela usava. Ato contínuo, ela retirou o anel e me deu. É seu. Fiquei superconstrangida, não era essa minha intenção, queria apenas elogiar, mas ela me convenceu a ficar com ele, dizendo que ela mesma fazia aqueles anéis e que poderia fazer outro igualzinho. De fato, fez. Acabaram virando nossas alianças: desde então nossa amizade só cresceu. Diante de tanto acúmulo e posse, gestos de desprendimento são raros e transformam um dia banal em um dia especial. Não é comum alguém retirar do próprio corpo algo de que gosta e dar de presente, numa reação espontânea de afeto. Pessoas fazem isso por inúmeras razões. Por gostarem realmente da pessoa com quem estão. Pelo senso de oportunidade. Pelo prazer de surpreender. Por saberem que certas atitudes falam mais do que palavras. E por terem a exata noção de que um anel, ou qualquer outro bem material, pode ser substituído, mas um momento de extasiar um amigo é coisa que não vale perder. Devo estar me transformando numa sentimentalóide, mas acredito que estes pequenos instantes de delicadeza merecem um holofote, já que andamos muito rudes e autofocados. Não se pode negar que um pouco de desapego torna qualquer relação mais fácil. E não falo só de bens materiais. Desapego das mágoas, desapego da inveja, desapego das próprias verdades para ouvir atentamente a dos outros. Não estaria aí a fórmula do tal “mundo melhor” que tanto perseguimos?”



NOTÍCIAS deseja a todos os leitores um ano novo em que sejam reconhecidos por esse espírito de compartilhamento, congraçamento, desprendimento e união nas fragilidades humanas.

Que a doação de uma gentileza ou a repartição de um dom ajude tudo a começar de novo em 2014.

A quem interessa?



José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, nas Ilhas Canárias, Espanha.
Em 1548, iniciou seus estudos em Coimbra, célebre centro universitário e intelectual de Portugal, onde ingressou na Companhia de Jesus, recém-fundada por Inácio de Loyola.
Chegou a Salvador, na Bahia, em 1553, como missionário.
Em 25 de janeiro de 1554, ainda noviço jesuíta, ajudou a fundar a Vila de Piratininga, berço de S.Paulo.
Em 1536, Anchieta foi negociar uma trégua com os índios Tupinambás em Ubatuba, onde permaneceu por cinco meses, refém dos indígenas. Escreveu, então, nas areias da praia de Iperoigue, seu famoso poema à Virgem Maria, com 5.732 versos latinos.
Durante 40 anos, o jesuíta viajou pelo Brasil, a pé ou de barco, para catequizar e evangelizar, tornando-se o responsável por grande parte do desenvolvimento do país.
Anchieta morreu no dia de 9 de junho de 1597, no Espírito Santo com 62 anos de idade e, para  homenageá-lo, essa data comemora o “Dia Nacional de Anchieta”.
Numa época em que no Brasil não havia nem imprensa, nem universidade ao contrário do restante da América espanhola , José de Anchieta trabalhou intensamente, escrevendo poemas e as primeiras peças teatrais do Brasil, sob a clara influência de Gil Vicente, visando a enriquecer a pobre vida intelectual brasileira.
Em 1617, a pedido dos jesuítas do Brasil, foram iniciados os processos de beatificação e canonização do Pe. José de Anchieta.
Em 1736, o papa Clemente XII declarou Pe. Anchieta “venerável”. Em 1773, os processos foram suspensos. Somente em 1980, o papa João Paulo II beatificou o Pe. José de Anchieta, chamado “Apóstolo do Brasil”.




Agora que a igreja católica tem o papa Francisco, contrário a pompas e circunstâncias, e que vem marcando seu pontificado com a luta contra a corrupção e a exigência de posturas exemplares por parte dos religiosos (como ficou claro em várias de suas atitudes: nas suas falas e discursos no Congresso da Juventude, no Rio de Janeiro; na suspensão e transferência do cardeal alemão para uma cidade pobre na África, por  ele ter gasto milhões na reforma da casa paroquial alemã; na convocação do bispo D. Fernando, de Crato (CE), para que ele dê explicações sobre acusação de irregularidades na venda de imóveis da igreja, segundo reportagem de Jamil Chade, em O Estado de S. Paulo, 15/12, A29), parece estranho que donativos arrecadados com a participação dos fiéis valinhenses tenham sido destinados à construção de uma torre de cinco andares na Paróquia Beato José de Anchieta.
Isso não destoa dos propósitos explícitos pelo papa Francisco (de “evitar o orgulho e o egoísmo”, como disse na missa de Natal) e, de todo modo, com o norma de vida de humildade e de aversão a qualquer pompa e circunstância na transmissão da mensagem da igreja católica que norteou a vida e a obra do jesuíta José de Anchieta?
Texto Tom Santos
A quem interessa ou a que (orgulho?, pompa?, circunstância?, exibicionismo?) serve essa torre de cinco andares?













SORRIR MAIS PARA VOCÊ MESMO!




Você já se elogiou hoje por alguma coisa?
É tão comum admirar ou ser admirado por outras pessoas que, às vezes, esquecemos de fazer isso para nós mesmos! Elogiar as próprias qualidades significa encorajar positivamente a si mesmo. O reconhecimento sincero enriquece a nossa convivência e traz satisfação. Precisamos espalhar elogios por aí!
O autor do livro “Antes que o dia acabe, seja feliz!”, Ajahn Brahm, conta que certo dia, seu professor perguntou qual era a primeira coisa que ele fazia ao acordar e, em seguida, sugeriu que, em todas as manhãs, antes mesmo de escovar os dentes, o autor se olhasse no espelho e desse um sorriso. “Se você não conseguir sorrir naturalmente, então levante seus dedos indicadores, coloque um em cada canto da boca e puxe-a para cima”.
Essa atitude pode até parecer engraçada, mas é bom tentar fazer isso. Muitas vezes, a preocupação do trabalho e a correria do dia a dia, nos tiram a oportunidade de aproveitar mais as pequenas coisas da vida, e por isso, reagimos de maneira negativa às situações. O dia precisa começar bem, e a ajuda dos dois “dedos para sorrir” pode nos incentivar a ter uma atitude diferente.
 “É um truque muito útil quando nos sentimos doentes, cansados ou meio deprimidos. Está comprovado que sorrir libera endorfina na corrente sanguínea, o que fortalece nosso sistema imunológico e nos faz sentir feliz”, completa Brahm.
É bom ter um momento só da gente, no qual se reflete sobre as qualidades pessoais, se procura desenvolve-las e se renova a confiança no próprio potencial.
E que Deus nosso Pai, nos ilumine e inspire na vivência do dia a dia, na direção do que é bom, no reconhecimento dos próprios valores e das pessoas com quem convivemos.
Precisamos nos lembrar sempre: Antes que o dia acabe queremos ser feliz!
Com esse sentimento e com essa atitude podemos transformar a vida e difundir nas diferentes direções as possibilidades da alegria, da paz, da concórdia, do entendimento, da harmonia...
Que tal assumir esse compromisso com o Ano Novo que se aproxima! Você concorda?
FELIZ ANO NOVO!








                

                                                                  

Sonho Ameaçado














FELIZ 2014!!






Prova de carinho

                                  
A leitora Edinez Scatena me enviou uma prova de carinho muito
especial pelo e-mail do NOTÍCIAS online


Maria Inês Otranto,

Muito me sensibilizou sua matéria “Criança No Lixo”(08/11/2013-Notícias). Como educadora num trabalho de Artes Visuais, trabalhei “O Lixo”, do artista plástico Vick Muniz.  Os alunos do EJA assistiram ao filme e notaram que aquelas pessoas da  cidade de Gramacho, RJ, embora vivessem do lixo para sobreviver, eram pessoas dignas.  Estavam lá porque não queriam roubar, vender drogas ou prostituir-se.
Ao ler sua matéria, mais especificamente o comentário do poema de Manuel Bandeira e a foto de Diego Nigro, complementaram minhas ideias.  E o desfecho sutil e direto, que refere-se ao bicho homem (em especial àqueles que detêm o poder) tem tudo a ver com as nossas crianças no lixo, os hospitais sem atendimento, nossos patrimônios históricos em ruínas e tantos outros descasos.
Um dos artigos que também me marcou foi aquele sobre o Clodovil. Na época, tive vontade de conversar com você, para usufruir da fonte mais comentários, pois tratava-se de preconceito e sabiamente colocado, diferente
de TV Globo, senso comum, mas que fazia olhar para o ser humano despido
de qualquer hipocrisia (não me recordo agora a data ou quando ocorreu essa notícia).
Último agora, foi “Sensibilidade à flor da pele: Lasar Segall e Flávio de Carvalho”, datado de 06/12/2013: “A Arte só vale se for compartilhada, dividida, com potencial para sensibilizar os seres humanos... Segall”.  Acrescentaria que o dom da palavra, o ato de escrever, e publicar, para que as pessoas tenham acesso ao conhecimento é uma obra incomensurável, não há valor que pague.    Refiro-me à sua escrita, pois você transita entre um Lasar Segall que retrata o leito de morte de seu pai e o artista Flávio de Carvalho (que esteve tão próximo de nós, aquí em Valinhos) que desenhou a mãe morrendo de câncer. É o patrimônio privado para a esfera pública. Oxalá, quem sabe, algum órgão público, após tomar conhecimento da maquete da Fazenda Capuava, em Valinhos, local onde Flávio de Carvalho morou até morrer, e que faz parte da exposição do significativo Museu Lasar Segall, em São Paulo, tome alguma providência para a conservação do local onde houve o tombamento do patrimônio histórico da casa do artista Flavio de Carvalho.
Parabéns, Maria Inês! Sempre que posso, leio suas matérias e a admiro muito.
É lamentável que em nosso país, as pessoas cultas não são valorizadas, e quando o são, a elas não é dado o devido valor, porém continue escrevendo, que do outro lado do mundo ressoam ecos, e milhares de pessoas pensam e agem como você, para transformar um mundo melhor ou quem sabe inibir um pouquinho esta desumanidade desenfreada.
Em tempo: Mesmo já tendo passado tanto tempo sobre tais notícias, queria tecer comentários sobre suas reportagens, mas  o maldoso tempo não me permitia interagir com a sua pessoa. 
Quero esclarecer que não sou assídua leitora de sua coluna, mas sempre que posso leio-as e me surpreendo. É uma leitura agradável, envolvente e o desfecho é sempre entrelaçado com situações atuais, opinião crítica que caracteriza a mulher forte e corajosa que você é. Eu até me identifico com você, com minhas lutas do cotidiano e a sensibilidade pela Arte, como você o faz tão bem.
Um ótimo final de Ano, continue escrevendo sempre.

Edinez Scatena Côcco

                     

Cara leitora Edinez

Agradeço muito sua "prova de carinho" tão gentil e elogiosa!
Você é uma pessoa muito especial e tem uma tarefa das mais dignas e merecedoras de respeito: educar jovens e adultos e introduzi-los ao maravilhoso mundo das artes (plásticas, literárias, musicais, e todas as outras) é dar-lhes uma oportunidade de deslumbramento e encantamento que torna o mundo do dia a dia mais completo e valorizado.
Fiquei tão emocionada por seu texto que me faltaram as palavras para responder da forma que gostaria. Por isso, cito as inspiradas palavras de Carlos Drummond de Andrade para desejar-lhe o que ele deseja melhor que ninguém:

"Para você, desejo o sonho realizado. O amor esperado. A esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir. Todas as músicas que puder emocionar. Desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida. Gostaria de lhe desejar tantas coisas. Mas nada seria suficiente... Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua felicidade."

Edinez, que cada minuto de 2014 possa movê-la rumo à felicidade possível!

Cordialmente,

Maria Inês




PROFISSIONAL X EMOCIONAL OU PROFISSIONAL + EMOCIONAL?



“Os melhores negócios equilibram razão e emoção e mantêm a perspectiva de longo prazo. São, portanto, ‘profissionalmente emocionais’. O ‘planejamento paralelo’, que trata tanto as demandas da família como dos negócios, evita conflitos.” – Randel Carlock, professor do INSEAD





INSEAD é uma das melhores escolas de negócios em todo o mundo, que se diferencia das demais, devido à sua perspectiva global e diversidade multicultural. Tem campi em Fontainebleau (França) e em Cingapura. Em 2006, abriu um centro de Educação Executiva em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Por todo este contexto, a afirmação de Randel Carlock tem muita credibilidade.
Não é à toa que os testemunhais são tão importantes em todos os setores da sociedade. A publicidade os utiliza com frequência e muito sucesso. É muito mais fácil vender um produto, serviço ou ideia que tenha o endosso de alguém em quem podemos confiar. Mas não é só isso.
A relevância do profissionalismo sem detrimento do emocional, ainda é um tema que tem muito a ser discutido, tratado, explorado e aplicado nas relações humanas.
Terminando o ano de 2013 penso que meu maior aprendizado deste ano foi em relação às relações humanas e profissionais. Somos seres humanos. Precisamos e queremos ser tratados como tais. Portanto, qualquer que seja nossa área de atuação, este deve ser o primeiro e mais importante pensamento. Tudo mais é secundário. 
Por minhas últimas experiências, constatei que ainda há muito a ser trabalhado, principalmente no setor da saúde. Os profissionais que atuam em hospitais, por exemplo, precisam lembrar que, por mais que a rotina deles tenha muita dor e doença, os seres humanos buscam alívio e cura. Nem vem ao caso se isso é possível, ou não.
Tanto pacientes, como familiares, merecem ser tratados como seres humanos que são e não como parte da rotina. Na maior parte do tempo, são mera ‘rotina’ – e isso é triste, muito triste. Assim é nos fóruns, nas lojas, nas escolas.
Meus votos são para que em 2014 mais profissionais despertem para a nossa condição de seres humanos, emocionais, únicos e insubstituíveis.











Ano novo, vida nova?



O tempo, esse danado, está ficando cada vez mais rápido. Não sei se passamos por ele ou se ele passa por nós. O certo, porém, é que quem mata o tempo não é assassino, é suicida, como diria Millôr Fernandes.

Mas de uma realidade não nos afastamos: o tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel. E pra vivê-lo com intensidade, o Pato Fú nos aconselha: tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei pra você correr macio como zune um novo sedã, tempo amigo seja legal, conto contigo pela madrugada, só me derrube no final...

E com a passagem célere do tempo acabamos de vivenciar o Advento, a maior festa da cristandade, onde, ao celebrarmos o Natal, celebramos a vida, a partilha, a alegria, tendo o Messias como presente, acolhendo os amigos e inimigos, seguindo um caminho diferente, crendo no poder sobrenatural que nasce da água e do espírito, compromissando-nos com o Altíssimo de todo coração.

Estas reflexões nos chamam a viver um ano com dimensão humana e fraternal. Um ano que se aproxima a galope. O ano novo promete: começa com o tradicional Carnaval, depois com a Copa do Mundo no Brasil, as eleições presidenciais, o centenário da eclosão da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Parece ser um ano bastante movimentado, talvez até turbulento. Os 100 anos da Primeira Grande Guerra nos darão a oportunidade de pensarmos o mundo em que vivemos hoje, na atual fase da globalização. O fato é que a vida no mundo globalizado ficou cada vez mais complexa, pelo avanço tecnológico. As manifestações de rua ocorridas no Brasil mostram o grau de efervescência social em que vivemos, e as ameaças de novos distúrbios principalmente no período da Copa, são motivos de apreensão, em vista da situação atual. De qualquer forma, é preciso começar o ano sob a égide da esperança, virtude teologal.

Cada dia, cada mês e cada ano são oportunidades de renovação, de crescimento, de aprendizado, de conversão. Por isso, precisamos do discernimento, a exemplo do que pede São Paulo: "examina tudo e retém o que é bom". Não podemos, em meio a tantos desafios da atualidade, ficarmos imobilizados, sem saber o que fazer. O fato é que, a partir de princípios e valores de promoção da vida humana, podemos fazer diferença nesse processo,  posicionando-nos por aquilo que é bom, na afirmação do bem.

Daí que temos de viver o ano novo que se inicia buscando nos informar sobre tudo o que está acontecendo, para fazer escolhas certas, e até nos proteger das ameaças que aí estão, sem matar o tempo, tendo-o ao nosso lado, como aliado constante e não como inimigo assustador. Desejo a todos um ano novo que permita a oportunidade de uma escolha cuja esperança esteja em redescobrir o valor e o sentido da vida, que faça prevalecer a dignidade da pessoa humana.



Feliz ano novo! 







sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Encarnação do filho de Deus




A imagem é um pequeno detalhe (Encarnação do filho de Deus) recortado do óleo sobre madeira “Retábulo de Issenheim”, pintado por Grünewald entre 1512 e 1516. A obra está no Museu de Unterlinden, na cidade de Colmar (França). 
Por ser tão humanamente encantador, o sorriso trocado por mãe e filho foi escolhido para ilustrar o bonito texto “Na manjedoura”, de Clarice Lispector, transcrito em seguida.


Na manjedoura estava calmo e bom. Era de tardinha, ainda não se via a estrela. Por enquanto, o nascimento era só de família. Os outros sentiam, mas ninguém via. Na tarde já escurecida, na palha cor de ouro, tenro como um cordeiro refulgia o menino, tenro como o nosso filho. Bem de perto, uma cara de boi e outra de jumento olhavam, e esquentavam o ar com o hálito do corpo. Era depois do parto e tudo úmido repousava, tudo úmido e morno respirava. Maria descansava o corpo cansado, sua tarefa no mundo seria a de cumprir o seu destino e ela agora repousava e olhava. José, de longas barbas, meditava; seu destino, que era o de entender, se realizara. O destino da criança era o de nascer. E o dos bichos ali se fazia e refazia: o de amar sem saber que amavam. A inocência dos meninos, esta a doçura dos brutos compreendia. E, antes dos reis, presenteavam o nascido com o que possuíam: o olhar grande que eles têm e a tepidez do ventre que eles são.
A humanidade é filha de Cristo homem, ele é seu pastor.
Os séculos repetem o instante do nascimento: a alegria dos homens.”

presépio está descrito nas palavras simples e poderosas da escritora.
Os sentimentos que traduzem as emoções e a magia desta época estão expressos na doçura e na meiguice do olhar sorridente entre o Cristo encarnado e sua mãe.
           
Que seja Natal em todos os corações!





Confraternização dos Muladeiros


Na sexta feira, dia 13, em encontro festivo e social, os muladeiros valinhenses se confraternizaram graças ao Celito (Célio Dêgelo), que cedeu o barracão de sua chácara para que todos estendessem abraços com os aniversariantes Márcio Fagnani, Wilson Anselmi e Moacir Giardeli.

Logo após o brinde dos aniversariantes e na presença do Secretário de Cultura Municipal, Wilson Ventura, e do Secretário de Obras, Abraão Michelon, o diretor de eventos da Associação dos Muladeiros de Valinhos, Márcio Fagnani, com apoio do patrono dos muladeiros, Adriano Maçaira, e a dedicação de seus  associados, promoveu uma reunião de trabalho definindo um megadesfile para 12 de janeiro de 2014, antes da abertura da Festa do Figo, com a participação de associados e a presença de muladeiros, cavaleiros e charreteiros de Valinhos, Vinhedo, Campinas, Itatiba, Jaguariuna, Louveira, São Paulo, Morungaba, Jundiaí, Itú, Sumaré...

O Secretário de Cultura saiu do encontro levando o entusiasmo dos muladeiros que reivindicaram o Espaço Redondel para as exibições dos muladeiros, dando às festividades da 65ª Festa do Figo e 19ª Expogoiaba um aspecto inovador e diferente, com shows de músicas sertanejas, além da instalação de lanchonetes, cujas rendas serão totalmente revertidas para entidades sociais.


Texto e foto
Tom Santos

AQUECER O FRIO INTERIOR!



“Cinco homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro.
Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam. Se o fogo se apagasse, eles sabiam que todos morreriam de frio antes que o dia clareasse. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de poderem sobreviver.
O primeiro homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu em torno do fogo, um homem da montanha, que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e enquanto mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou:
- Eu não vou dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso!
O segundo homem era o oprimido. Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela superioridade moral que o sofrimento ensinava. Seu pensamento era muito prático:
- É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem. E guardou suas lenhas com cuidado.
O terceiro homem era o pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou:
- Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha.
O quarto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões e ilusões para pensar em ser útil.
O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos, os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido:
- Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos meus gravetos.
Com estes pensamentos os cinco homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e finalmente apagou.
Ao alvorecer do dia, quando os homens do Socorro chegaram à caverna encontraram cinco homens congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para aquela triste cena, o chefe da equipe de Socorro disse:
- “O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro”.


Essa realidade anda muito próxima de nós! Existe muito egoísmo entre as pessoas. A humanidade ainda caminha com avareza, com ilusões, com opressão, com desrespeito aos valores espirituais e éticos...
Todos os sentimentos contraditórios que estão dentro de nós precisam ser revistos. Os sentimentos devem ser reavaliados, transformados e envolvidos pela solidariedade.
Esse período de Natal provoca em nós essa atitude de consideração e reconsideração das coisas que fazemos e gostamos de ter ou ser.
Só a partilha, a troca dos dons de cada um, a amizade e carinho com os outros trazem vida e entusiasmo... O bem comum precisa ser valorizado para que aconteça a realização dos ideais e do bem para todos.
O amor mostrado pelo Menino do Natal tem a força de aquecer a frieza e o desânimo do coração das pessoas. Só o clima de perdão, de abraços, de votos positivos de saúde e alegria pode mudar o coração sem esperança.
Se cada um se render à simplicidade, ao desprendimento e  à singeleza do Menino Jesus, alguma coisa maravilhosa pode acontecer na vida, pois só depende de nós tomar novas atitudes, ter novos gestos e olhares na convivência do cotidiano.
Nada é tão fácil!
A vida corre, os problemas são muitos, o trabalho é exigente, as crianças precisam de amor e educação, os preços sobem, o trânsito é difícil, o relacionamento com as pessoas exige tolerância...
Precisamos de ajuda, de força, de luz que vêm do Menino Jesus do Natal!
É preciso abrir o coração e a mente e pedir, agradecer e conversar com Ele sem constrangimento, sem medo... Com liberdade e vontade de quem quer ser melhor!
Vamos depositar na fogueira da vida o nosso “graveto”, para nos aquecer e aquecer quem está perto de nós.
FELIZ NATAL!













Mensagens de Natal












Feliz Natal!



Educar é libertar


Jesus é o educador maior, o mestre de nossas almas aprendizes. Em todos os seus ensinamentos podemos observar a proposta clara de educar os corações que o rodeavam. As imorredouras verdades, contidas em seus ensinamentos, estão vivas até hoje, a calar fundo em nossos corações.
Disse-nos ele que ao conhecer a verdade estaríamos libertos. Não falava ele da liberdade infantil e imatura que almejamos em fazer valer nossas vontades e desejos, muitas vezes egoístas e individualistas, desrespeitando leis humanas e Divinas, desacatando a hierarquia moral e organizacional da família e da sociedade.
Falava-nos Jesus da liberdade que alcançamos quando conhecemos as Leis Divinas e buscamos comedir nossas atitudes, educando nossos sentimentos e pensamentos dentro destas leis, que sintetizam o amor, que respeita, compreende e se doa, sem condições, e á partir daí, quando não infligimos mais estas leis criamos a liberdade de não estarmos mais presos às consequências de nossos enganos.
Jesus nos orienta sobre o poder da educação, que liberta as mentes da ignorância, do mal, que arranca o ser da inferioridade espiritual, promovendo o progresso individual e consequentemente o progresso coletivo.
Quando falava da educação, Jesus não se referia somente as aquisições intelectuais, mas também e principalmente ao desenvolvimento de valores morais, base sólida de todo ser que conquistou sua evolução.
Cabe a família a sagrada tarefa de favorecer a educação. É no seio familiar que reencarnamos esquecidos do passado, para estarmos mais acessíveis a novos aprendizados, a conquistarmos novas virtudes, corrigindo hábitos nocivos e, por meio da convivência aprendemos a ser melhores.
A família é à base da sociedade, a menor de suas células, todavia estas células que constituem o organismo social necessitam ser saudáveis, para que este, seja saudável também. Para tanto se faz urgente refletir sobre nossos valores.
Muitos pais se enganam em estar fazendo o melhor para seus pequenos, sacrificando-se em grande parte dos casos para ofertar uma educação primorosa. Os que possuem uma condição financeira mais favorável matriculam seus filhos em vários cursos, nas melhores escolas, mas se esquecem de ensinar á eles, através do próprio exemplo, à importância do respeito ao outro e a si mesmo, o valor da amizade desinteressada, e a realidade das leis de ação e reação.
Sem dúvida não desmerecemos os esforços empreendidos por muitos pais dedicados, mas é necessário rever nossas posturas frente à educação. Pedro Camargo, conhecido com Vinícius, grande trabalhador da Federação Espírita do Estado de São Paulo, falava com profundidade sobre a diferença entre instruir e educar. Instruímos quando ofertamos o conhecimento intelectual, necessário, mas que por si só não se basta. Educamos quando ensinamos os valores morais e éticos que promovem o crescimento e a evolução do ser.
Entretanto, para bem educar precisamos nos educar...
Muito presos ainda ao “ter”, não nos dedicamos de forma mais efetiva ao “ser”. Valorizando as posses, não valorizamos os sentimentos, que são nossos verdadeiros tesouros, junto com as amizades e conhecimento, perfazem a verdadeira fortuna que levaremos daqui quando partirmos para a pátria espiritual.
Para a transformação do planeta, precisamos favorecer a educação que fará com que a humanidade seja motivada a pensar, refletir, questionar e trabalhar para haja mais justiça social, paz, harmonia, tolerância para com as diferenças e profundo respeito para com toda a criação de Deus.
Encerramos com um trecho da bela lição trazida por Emmanuel, em sua obra intitulada Fonte Viva, lição de numero 30, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier:

"...Educa e transformarás a irracional idade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude.
Educa e edificarás o paraíso na Terra.
Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa
vida, a fim de manifestá-lo”.