sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Liberdade, igualdade, fraternidade



Nelson Mandela é o exemplo de que política não é apenas a tarefa suja e medíocre que tantos imaginam, da qual os malandros se valem para enriquecer e os vagabundos para sobreviver sem fazer nada, mas uma atividade que também pode melhorar a vida, substituir o fanatismo pela tolerância, o ódio pela solidariedade, a injustiça pela justiça, o egoísmo pelo bem comum.” (Mario Vargas Llosa, escritor peruano ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2010)




“Liberdade, igualdade, fraternidade” era o lema da Revolução Francesa (1789) . O slogan sobreviveu à revolução e é o dístico da bandeira francesa.
Esses mais altos valores parecem ter sido o objetivo motor de vida do ser humano ímpar que foi Nelson Mandela.
Homem de ideias concretizadas em atitudes, mesmo após 27 anos preso, Mandela não se permitiu o ressentimento, uma vitória tão grande quanto todas as suas demais superações. “Não é qualquer pessoa que tem a força moral de, após sofrer por décadas sob um regime racista, promover o perdão e a reconciliação não apenas no nível individual, mas também no nível coletivo”, reconheceu o articulista Janio de Freitas (Folha de S.Paulo, 8/12).
As desigualdades entre brancos e negros ainda é enorme, na África do Sul. Mas as ações de Mandela fizeram dele um exemplo de líder que trabalhou incansavelmente pela paz e pela conciliação do seu país ferido pela discriminação racial. Ele rejeitou o revanchismo, ou uma justiça unilateral, em nome de um presente e um futuro em que todos trabalhassem tendo em vista o bem comum.
Essas foram algumas das muitas qualidades desse grande estadista, condutor de mudanças sociais e culturais pelas quais recebeu mais de 250 prêmios humanitários, com destaque para o Prêmio Nobel da Paz de 1993.
A imagem que o espelho retornava, quando Mandela se olhava (como na foto de  Adrian Steirnap/AP), era a de alguém impregnado de dignidade inquebrantável, superioridade moral e ética, austeridade, persistência, tenacidade, paciência, simplicidade, humildade, cordialidade, doçura, tolerância.
Um dos maiores líderes do século 20, poucos políticos tiveram o seu prestígio. Ele tornou o seu país, a África do Sul, e o mundo, muito melhores do que eram antes dele.
Profundamente influenciado pelo pacifismo de Mahatma Gandhi, Mandela se tornou um símbolo global de paz e reconciliação. Ele dizia que “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
E salientava que “a educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo”. Por isso, talvez, nas cerimônias do seu funeral, crianças foram fotografadas imitando seu gesto ou beijando sua estátua, num reconhecimento tácito, mas ao mesmo tempo muito explícito, de que, através de educação, exemplos e ensinamentos, as crianças são realmente a esperança de um melhor futuro das nações.
             
                             




Na edição de 4ª-feira da Folha de S.Paulo, o jornalista Fernando Rodrigues comenta que “Dilma Rousseff acertou ao convidar os ex-presidentes brasileiros para que fossem juntos ao funeral de Nelson Mandela, na África do Sul. A imagem da petista junto com Luiz Inácio Lula da Silva (que já culpou “brancos de olhos azuis” pelos males do Brasil), Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney nos remete a um Brasil que talvez se torne realidade um dia um país no qual os desiguais convivam com urbanidade e os interesses da nação se sobreponham a divergências ideológicas ou partidárias”.

“Só isso, quase. E os todos sacrifícios”, ensinou Guimarães Rosa.

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