“Nelson Mandela é o exemplo de que política não é apenas
a tarefa suja e medíocre que tantos imaginam, da qual os malandros se valem para enriquecer e os
vagabundos para sobreviver sem fazer nada, mas uma atividade que também pode
melhorar a vida, substituir o fanatismo pela tolerância, o ódio pela
solidariedade, a injustiça pela justiça, o egoísmo pelo bem comum.” (Mario
Vargas Llosa, escritor peruano ganhador do
Prêmio Nobel de Literatura de 2010)
“Liberdade, igualdade, fraternidade” era o lema da
Revolução Francesa (1789) . O slogan sobreviveu à revolução e é o dístico da
bandeira francesa.
Esses mais altos valores parecem ter sido o objetivo motor
de vida do ser humano ímpar que foi Nelson Mandela.
Homem de ideias concretizadas em atitudes, mesmo após 27
anos preso, Mandela não se permitiu o ressentimento, uma vitória tão grande
quanto todas as suas demais superações. “Não é qualquer pessoa que tem a força
moral de, após sofrer por décadas sob um regime racista, promover o perdão e a
reconciliação não apenas no nível individual, mas também no nível coletivo”,
reconheceu o articulista Janio de Freitas (Folha de S.Paulo, 8/12).
As desigualdades entre brancos e negros ainda é enorme, na
África do Sul. Mas as ações de Mandela fizeram dele um exemplo de líder que
trabalhou incansavelmente pela paz e pela conciliação do seu país ferido pela
discriminação racial. Ele rejeitou o revanchismo, ou uma justiça unilateral, em
nome de um presente e um futuro em que todos trabalhassem tendo em vista o bem
comum.
Essas foram algumas das muitas qualidades desse grande
estadista, condutor de mudanças sociais e culturais pelas quais recebeu mais de 250 prêmios
humanitários, com destaque para o Prêmio Nobel da Paz de 1993.
A imagem que o espelho retornava, quando Mandela se olhava
(como na foto de Adrian Steirnap/AP), era a de
alguém impregnado de dignidade inquebrantável, superioridade moral e ética, austeridade, persistência, tenacidade, paciência, simplicidade, humildade, cordialidade, doçura, tolerância.
Um dos maiores
líderes do século 20, poucos políticos tiveram o seu prestígio. Ele tornou o seu país, a África do Sul, e o mundo, muito
melhores do que eram antes dele.
Profundamente
influenciado pelo pacifismo de Mahatma Gandhi, Mandela se tornou um símbolo global
de paz e reconciliação. Ele
dizia que “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua
origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e
se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
E salientava
que “a educação é a arma mais poderosa
que se pode usar para mudar o mundo”. Por isso,
talvez, nas cerimônias do seu funeral, crianças foram fotografadas imitando seu
gesto ou beijando sua estátua, num reconhecimento tácito, mas ao mesmo tempo
muito explícito, de que, através de educação, exemplos e ensinamentos, as
crianças são realmente a
esperança de um melhor futuro das nações.
Na edição de 4ª-feira da Folha de S.Paulo, o jornalista Fernando
Rodrigues comenta que “Dilma Rousseff acertou ao convidar os ex-presidentes
brasileiros para que fossem juntos ao funeral de Nelson Mandela, na África do
Sul. A imagem da petista junto com Luiz Inácio Lula da Silva (que já culpou “brancos de olhos
azuis” pelos males do Brasil), Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney nos
remete a um Brasil que talvez se torne realidade um dia – um país no qual os desiguais convivam com
urbanidade e os interesses da nação se sobreponham a divergências ideológicas
ou partidárias”.
“Só isso, quase. E os todos sacrifícios”,
ensinou Guimarães Rosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário