O tempo, esse danado, está ficando
cada vez mais rápido. Não sei se passamos por ele ou se ele passa por nós. O
certo, porém, é que quem mata o tempo não é assassino, é suicida, como diria
Millôr Fernandes.
Mas de uma realidade não nos
afastamos: o tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel. E pra vivê-lo com
intensidade, o Pato Fú nos aconselha: tempo, tempo mano velho, falta um tanto
ainda eu sei pra você correr macio como zune um novo sedã, tempo amigo seja
legal, conto contigo pela madrugada, só me derrube no final...
E com a passagem célere do tempo
acabamos de vivenciar o Advento, a maior festa da cristandade, onde, ao
celebrarmos o Natal, celebramos a vida, a partilha, a
alegria, tendo o Messias como presente, acolhendo os amigos e inimigos,
seguindo um caminho diferente, crendo no poder sobrenatural que nasce da água e
do espírito, compromissando-nos com o Altíssimo de todo coração.
Estas reflexões nos chamam a viver
um ano com dimensão humana e fraternal. Um ano que se aproxima a galope. O ano
novo promete: começa com o tradicional Carnaval, depois com a Copa do Mundo no
Brasil, as eleições presidenciais, o centenário da eclosão da 1ª Guerra Mundial
(1914-1918). Parece ser um ano bastante movimentado, talvez até turbulento. Os
100 anos da Primeira Grande Guerra nos darão a oportunidade de pensarmos o mundo
em que vivemos hoje, na atual fase da globalização. O fato é que a vida no
mundo globalizado ficou cada vez mais complexa, pelo avanço tecnológico. As
manifestações de rua ocorridas no Brasil mostram o grau de efervescência social
em que vivemos, e as ameaças de novos distúrbios principalmente no período da
Copa, são motivos de apreensão, em vista da situação atual. De qualquer forma,
é preciso começar o ano sob a égide da esperança, virtude teologal.
Cada dia, cada mês e cada ano são
oportunidades de renovação, de crescimento, de aprendizado, de conversão. Por
isso, precisamos do discernimento, a exemplo do que pede São Paulo:
"examina tudo e retém o que é bom". Não podemos, em meio a tantos
desafios da atualidade, ficarmos imobilizados, sem saber o que fazer. O fato é
que, a partir de princípios e valores de promoção da vida humana, podemos fazer
diferença nesse processo, posicionando-nos por aquilo que é bom, na
afirmação do bem.
Daí que temos de viver o ano novo
que se inicia buscando nos informar sobre tudo o que está acontecendo,
para fazer escolhas certas, e até nos proteger das ameaças que aí estão,
sem matar o tempo, tendo-o ao nosso lado, como aliado constante e não como
inimigo assustador. Desejo a todos um ano novo que permita a oportunidade de
uma escolha cuja esperança esteja em redescobrir o valor e o sentido da vida, que
faça prevalecer a dignidade da pessoa humana.
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