domingo, 23 de agosto de 2015

DE SALTO ALTO

Editorial publicado na Edição n.º 15 de 28 de junho de 1996

“Uma coisa é por ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas matérias...
Tanta gente dá susto se saber e nenhuma se sossega: todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante, querendo chuva e negócios bons... de sorte que carece de se encolher: ou a gente vive no safado comum ou...”  Guimarães Rosa, em “Grande Sertão: Veredas”



É incrível a altura do salto usado por políticos ambiciosos e sem consciência. Entenda-se: falo do salto alto da ambição pelo poder, do orgulho, da prepotência, da infidelidade política, da falta de compromisso com a palavra empenhada.
Verdade, honra, justiça, humildade são palavras poderosas que estão ausentes do vocabulário desses homens.
Não há comprometimento nem com a ética, nem com a qualidade do vínculo político.parece que o que se combina, funciona antes como entretenimento ou como espetáculo encenado, em detrimento dos compromissos assumidos anteriormente.
O que fica claro é que as composições partidárias são muito mais uma brincadeira, em que o que importa menos são os acertos políticos do candidato com seus partidários, e o que importa, mais, é a capacidade de seus pares de gerar conchavos que massacrem suas (más) intenções.
É absolutamente necessário que nós, o povo, os que vamos votar, estejamos dispostos a cobrar, exigir e questionar os que pretendem ser eleitos.
É imprescindível que não haja superficialidade nos nossos objetivos de cobrança de propostas  serem cumpridas. E que a falta de memória não nos impeça de lembrar que foi injusto, mal feito, imposto, barganhando, surrupiado dos cofres públicos, prometido e não cumprido.
Nós, o povo, somos gente com muitos problemas mil-e-tantos e precisamos não esquecer do que já nos fizeram passar. Está na hora de nos transformar em seres pensantes, e não permitir que nos ponham idéias arranjadas na nossa cabeça.





Edição n.º 1000 – página 03

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