“Encontrar
a força interior é olhar além do visível e focalizar a busca da vida no
invisível.” - autor desconhecido
Há um bom tempo, acredito
que através da prática da minha fé, é possível fazer bom uso de tudo que me
acontece, seja bom ou ruim; prazeroso ou doloroso. Mas assim como há prazeres
que não me servem, também acontece com as dores – são os prazeres e as dores
que não cooperam. A alegria e a tristeza fazem parte da vida; são sentimentos
que devem e precisam ser vivenciados. Quando prolongados, além do necessário, se
transformam em tropeços. Cabe a mim, estar atenta e com a mente aberta. Toda a
teoria me pareceu bem piegas, até começar a praticar. Percebi, aos poucos, que
quando consigo, a gratidão cresce e se traduz em paz, não deixando espaço pra
mágoas ou revoltas.
Estive olhando meus
armários. “Coisas demais!” – foi meu primeiro pensamento. O segundo foi: “mas
talvez precise disso tudo. Mesmo que seja pra doar...” E por aí fui, de
pensamento em pensamento. E provavelmente foi assim que durante a vida, juntei
tudo que tenho, formando tudo que sou. Resolvi olhar tudo com mais atenção e
menos recriminação.
São coisas de todo gênero –
fotos, livros, revistas. Roupas, acessórios. Perfumes, cremes, batons, espelhos
e escovas. Bijouterias, caixas, bolsas e malas. Tentei traduzir o que via,
reconhecer a pessoa que possui tantas coisas... Curiosamente, nem sempre me
reconheci. Resolvi que será este o meu “filtro”, para decidir o que não me
serve mais. Ao menos por agora.
Mais um treino. Já me
conformei – é mesmo um aprendizado diário, esse tal desapego. Melhor aceitar,
mas será no meu tempo.
O falecimento de um
familiar nos coloca frente a frente com estas questões. Porque o corpo deixa de
estar, mas todo o resto fica. O que fica, depois de nós, é muito. Física,
espiritual e emocionalmente... Como lidar com esse muito, é pessoal,
indiscutível e intransferível.
Edição n.º 1000 – página 02
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