sexta-feira, 22 de março de 2013

“Habemus Papam Franciscum”



E assim, com esse anúncio, do balcão da basílica de São Pedro, o mundo soube que o sucessor de Bento XVI tinha sido escolhido para comandar os destinos da Igreja Católica Apostólica Romana. E surpresa maior, o novo pontífice é argentino, quando se esperava a eleição de um italiano, o cardeal Angelo Scola, favorito das casas de apostas, ou até mesmo de um brasileiro, o cardeal Odilo Pedro Scherer.

 Contudo, esquecemos que, já no conclave de 2005, que elegeu Bento XVI, Jorge Mario Bergoglio, foi o segundo mais votado entre os cardeais, atrás apenas de Joseph Ratzinger. E numa articulação do cardeal Óscar Maradiaga, de Honduras, o conclave rendeu-se à figura do arcebispo de Buenos Aires.

 E agora o trono de Pedro foi ocupado por Francisco — e não Francisco I — como teimam alguns, visto que não temos um sucessor com nome idêntico, como, aliás, o próprio papa faz questão de se autodenominar. Ele é Francisco — apenas Francisco —, numa clara alusão a São Francisco — “il poverello” (o pobrezinho) —, como os italianos chamam, carinhosamente, o santo de Assis. É o primeiro chefe da Igreja a adotar o nome Francisco.

 Contrariamente ao que se pensava, o papa não pertence à ordem franciscana, mas sim à ordem dos jesuítas. É egresso da Companhia de Jesus, corporação poderosa, cujo superior é conhecido como “Papa Negro”, em referência à cor da batina.

 Pela sua biografia e pela maneira como está se conduzindo à frente do papado, ganhou a simpatia do povo. “Como é doce, como é simples”, dizem. E como a voz do povo é também a voz de Deus, pegou... Francisco, o simples!

Mas o novo papa terá que enfrentar muitos desafios, para os quais o atual bispo emérito de Roma, seu antecessor Bento XVI, não teve forças. Afinal, não deve ser fácil lidar com a cúria romana e a burocracia pois, além de ser chefe da Igreja, é também chefe de Estado, visto que administra a Santa Sé, também chamada de Sé Apostólica que, do ponto de vista legal, é distinta do Vaticano.

Mas engana-se quem vê no atual papa diferenças do anterior. São diferentes sim na maneira de se conduzirem, pois Bento XVI, brilhante teólogo, é uma pessoa tímida, mais contida e intelectualizada, enquanto que o papa Francisco é extrovertido, simples, humilde, acostumado com o cheiro do povo. Mas convergem num ponto essencial: ambos defendem, com vigor, os dogmas da fé e da doutrina católicas.


O fato é que o novo pastor da Igreja me conquistou ao expor sua posição quando afirmou, sobre o ateísmo: “quando eu me encontro com pessoas ateias, compartilho com elas as questões humanas, mas não coloco logo de cara em discussão a questão de Deus, exceto se elas me incitam a isso. Quando isso ocorre eu explico a elas por que creio. (...) Não pretendo fazer proselitismo — eu as respeito e me mostro como sou. (...) Não tenho nenhum tipo de reticências. Não diria que um ateu está condenado porque estou convencido de que não tenho o direito de julgar sua honestidade — sobretudo se ele tiver virtudes, aquelas que engrandecem as pessoas. De toda forma, conheço mais gente agnóstica do que ateia. O agnóstico duvida; o ateu está convencido. Temos de ser coerentes com a mensagem que recebemos da Bíblia: todo homem é a imagem de Deus, seja ele crente ou não. Por essa única razão, tem uma série de virtudes, qualidades, grandezas. Caso tenha baixezas, como eu também as tenho, podemos compartilhá-las para nos ajudarmos mutuamente a superá-las.” Maior clareza impossível!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário