O crack é uma mistura da
pasta-base de cocaína refinada com bicarbonato de sódio e água. Muitas vezes a
mistura é falsificada com o acréscimo de cimento, cal, querosene e acetona,
para aumentar o seu volume. Quando aquecida, a mistura separa as substâncias
líquidas das sólidas. As substâncias líquidas são então descartadas e as
sólidas são convertidas na “pedra de crack” que, com a utilização de um
cachimbo, é então fumada e absorvida pelo corpo em quase 100% do total
ingerido. A via inalatória confere à droga um tempo de ação e um poder viciante
extremamente rápido, o que tem tornado o crack um verdadeiro flagelo.
Vários fatores psicológicos
e sociais podem levar a pessoa a experimentar a droga pela primeira vez. Entre
eles: depressão, ansiedade, baixo nível intelectual, fenômeno social das
gangues, desagregação familiar, forte atuação dos traficantes, etc. A
dependência ao crack é a compulsão invencível de fumar a droga, que se
estabelece já a partir da primeira experiência. A duração da intoxicação, de apenas
dez minutos, leva à busca imediata por mais crack, fazendo com que o viciado
tenha quase sempre que viver na rua.
Para o consumo inalatório
da droga, são utilizados cachimbos elaborados pelos próprios usuários,
geralmente de alumínio e compartilhados entre o grupo de uso. Também
tem sido comum o consumo de cigarros ou de maconha com
fragmentos de pedras de crack. A forma injetável do crack não
teve sucesso e foi quase extinta no Brasil, substituído pelo crack que
provoca efeito semelhante e tão potente quanto a cocaína injetada.
Efeitos
em curto e longo prazo
Os efeitos do
crack são basicamente os mesmos da cocaína: sensação de poder, excitação,
hiperatividade, insônia, intensa euforia e prazer. A falta
de apetite comum nos usuários de cocaína é intensificada nos usuários
de crack. Um dependente de crack pode perder entre 8 e 10 kg em um único mês.
Por ser inalado, os crack
chega rapidamente ao cérebro, por isso seus efeitos são sentidos quase
imediatamente – em 10 a 15 segundos – no entanto, tais efeitos duram em média 5
minutos, o que leva o usuário a usar o crack muitas vezes em curtos períodos de
tempo, tornando-se dependente. Daí o grande poder de causar dependência do
crack. Após tornar-se dependente, sem a droga o usuário entra em depressão e
sente um grande cansaço, além de sentir a “fissura”, que é a compulsão para
usar a droga, que no caso do crack é avassaladora. O uso contínuo de grandes
quantidades de crack leva o usuário a tornar-se extremamente agressivo,
chegando a ficar paranoico, daí a gíria “nóia”, como referência ao usuário de
crack. Problemas mentais sérios, problemas respiratórios, derrames e infartos
são as consequências mais comuns do uso do crack.
Sinais
e Sintomas
O usuário de crack
apresenta mudanças evidentes de hábitos, comportamentos e aparência física. Um
dos sintomas físicos mais comuns que ajudam a identificar o uso da droga é a
redução drástica do apetite, que leva à perda de peso rápida e acentuada – em
um mês de uso contínuo, o usuário pode emagrecer até 10 quilos. Fraqueza,
desnutrição e aparência de cansaço físico também são sintomas relacionados à
perda de apetite.
É comum ainda que o usuário
tenha insônia enquanto está sob o efeito do crack, assim como sonolência nos
períodos sem a droga. “Os períodos utilizando a droga prolongam-se e os
usuários começam a ficar períodos maiores fora de casa, gastando, em média,
três dias e noites inteiros destinados ao consumo do crack. Neste contexto,
atividades como alimentação, higiene pessoal e sono são completamente abandonadas,
comprometendo gravemente o estado físico do usuário”, afirma o psiquiatra Felix
Kessler.
Sinais físicos como
queimaduras e bolhas no rosto, lábios, dedos e mãos podem ser sinais do uso da
droga, em função da alta temperatura que a queima da pedra requer.
Orientações
em três passos
Passo
1 –
Na consulta será definido o diagnóstico e condutas a serem tomadas.
Passo
2 – Em análise do caso será definido se o tratamento
seguirá de modo clínico ou não. Havendo a necessidade de internação, é
importante que a pessoa (juntamente com sua família) conheça os procedimentos
de intervenção que serão tomados, trazendo dessa maneira a responsabilidade de
tomada de decisões em sua vida.
Passo
3 –
Acompanhamento direto da família no desenvolvimento do tratamento.
Ressalto que a dependência
química é uma doença crônica, incurável e fatal. O controle é possível por meio
de tratamento que objetiva reestruturar a vida do dependente.
Edição
n.º 1001
Página 03
Nenhum comentário:
Postar um comentário