O japonês Daduro no Chão
comprou uma velha caminhoneta para transportar os produtos que colhia lá no
Sítio Sugiro Querracha, que fica perto do Sítio Lageado, onde o Anésio e a
Matilde vendem verduras sem agrotóxicos. Bem cedinho, lá ia o japonês, com sua
vagarosa e tremulante condução. Sempre que passava num determinado ponto do
caminho, encontrava o comando a pedir documentação dos motoristas. Daduro sempre
diminuía a marcha do seu possante, e ao cumprimentar elegantemente os
policiais, estendia a mão generosa oferecendo uma bela cesta de verduras que
adquirira no Sítio Lageado (Daduro só levava para o Ceasa as frutas que
cultivava) , pois Daduro não plantava verduras. Os policiais recebiam o
presente e mandavam o japonês passar com seu caminhãozinho carregado.
Durante uns bons oito meses,
o ritual se repetia pelo mesmo duas vezes por semana.
De repente, não mais que de
repente, Daduro começou a passar pelos policiais e não mais oferecia a cesta de
verduras. O máximo que fazia era dar um sinal de mão ok e passar direto. Os policiais,
estranhando a frieza do Daduro resolveram parar e perguntar o que estava
acontecendo porque ele não estava trazendo aquelas verduras maravilhosas?
O japonês, na maior
simplicidade, respondeu:
- Agora não precisa mais
parar né?! Daduro no Chão já “concheguiu”
tirar a carta de motorista!
(publicado originalmente na edição n.º 14 de
21 de junho de 1996)
Edição n.º 1004
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