O cearense Antônio Chagas
disse que foi o Bispo que contou pra ele e pro Anésio, e que tem até a Matilde
de testemunha, na estória que se segue. Marco pasteleiro, o são paulino, também
confirma.
Macedo (vulgo Nenê ou
Careca), do Bom Retiro, jura de pés juntos que esta estória é verdadeira.
Estava ele pescando no rio
Atibaia, ali perto da ponte de Joaquim Egídio, quando foi abatido por um grande
desânimo. Já estava ali, com a vara de pesca dentro d’água há tanto tempo que a danada tinha até amolecido. Isca só
tinha mais três minhoquinhas. Só não ia logo embora, porque ainda lhe restava
um pouco de combustível (meio garrafão de pinga boa) que o seu Antônio
Pellegrine – grande pescador de tilápias – tinha dado pra ele.
Pois num é que o Macedo,
quando virou mais um gole do garrafão e deu aquela tremidinha, sentindo um
arrepio danado, viu em visagem!!! De repente, surgir na beira do rio, uma cobra
cascavel com uma rã na boca!!!
Animado e movido pelo
estímulo da “marvada”, o Macedo pega a cobra pela goela, tira-lhe a rã da boca
para usar como isca. Sem ter coragem de matar a cobra, enche a boca da
peçonhenta de cachaça e pincha-a pra longe.
Mas como não era o dia do
Macedo, não adiantou nada ele ter transformado a rã em isca.
Passado algum tempo, já sem
isca – nem minhoca , nem rã – e sem saber o que dizer quando voltasse pro Bom
Retiro, sem peixe, Macedo se surpreendeu com um som de campainha: a cascavel,
feliz com o presente pro seu benfeitor, balança seu guizo, deposita ao lado do
Macedo uma gorda rã e escancara a boca aguardando sua paga em boa pinga.
Nesse dia, enquanto durou a
cachaça, não faltou isca pro Macedo.
(publicado originalmente em 05 de abril de
1996 - edição n.º 3)
Edição n.º 1003
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