Na adolescência, começamos
a nos sentir e a nos perceber no mundo de maneira diferente da que ocorria
enquanto éramos crianças. Neste período da vida, as regras impostas pelos
adultos são questionadas e contestadas, a família começa a se preocupar, pois
por um lado há uma necessidade de independência e por outro uma ideia de que o
adolescente não tem capacidade de se proteger dos riscos que o mundo oferece. Surgem
neste momento intensos conflitos entre famílias, filhos e filhas, em que, de um
lado se enxerga uma necessidade de proteção e de outro uma capacidade em lidar
com a própria vida e poder decidir o que fazer com ela.
Junto a esse conflito em
relação a independência, surgem a necessidade de se aproximar daqueles que tem
a mesma idade e também os interesses afetivos e sexuais, o que não acontecia na
infância.
Quanta novidade, não é
mesmo?
Diante deste cenário,
famílias e educadores podem se perguntar: Por quem então eles irão se
interessar?
Possivelmente, esta é uma
pergunta que eles também se farão, afinal é nesta fase da vida que a orientação
sexual começa a ser expressa. Orientação sexual é para onde nós orientamos o
nosso desejo, com quem queremos estar e nos relacionar afetiva e sexualmente,
se com homens, com mulheres ou com ambos. De maneira geral, a orientação sexual
é dividida em três categorias, os heterossexuais (que se atraem por pessoas do
gênero oposto), os homossexuais (que se atraem por pessoas do mesmo gênero) e
os bissexuais (que se atraem por pessoas de ambos os gêneros).
Em relação a orientação
sexual, o mais importante não é exigir que o adolescente se enquadre em
determinado padrão ou que ele se “decida” logo, é importante que ele próprio
tenha liberdade para exercer sua sexualidade da forma como deseja, desde que
essa seja realizada de maneira saudável e protetiva, ou seja, sempre com o uso
de preservativos.
A orientação sexual é uma
área da vida que diz respeito somente ao indivíduo. Adolescentes homossexuais
sofrem de maneira significativa quando se veem fora do padrão dito “normal”, esse
sofrimento interno, de não se enxergar dentro da norma aumenta cada vez mais
quando ocorre a rejeição social, ou seja, pela escola e pela família, afinal
são nesses dois grupos que o adolescente precisa encontrar o acolhimento e
apoio necessários para lidar com seus conflitos e com sua orientação sexual.
Como dito anteriormente, a
orientação sexual vai se estabelecendo na medida em que o adolescente vai se
conhecendo e se descobrindo, quando têm o apoio da família e da escola, eles
passaram por essa fase, que poderia ser bastante conturbada, de maneira muito
mais tranquila. Deste modo, o adolescente terá maiores chances de exercer sua
vida sexual com maior satisfação e qualidade, além do que, quando há uma
satisfação na vida afetiva e sexual, outras áreas da vida também ficam mais
satisfatórias.
O adolescente pode e deve
aprender com suas próprias experiências, e a partir delas ir escolhendo o que
lhe faz mais sentido. Quanto as famílias e aos educadores, cabem orientar e
deixar o caminho aberto para o diálogo e para as dúvidas que forem surgindo, e
caso seja necessário os familiares e o próprio adolescente, podem procurar
ajuda profissional, para que todos possam passar por esta fase de maneira mais
tranquila e harmoniosa.
Edição n.º 1005
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