O Juninho, filho do seu
Antônio mecânico, me contou que, numa sexta feira, saiu do trabalho com amigos
e amigas, para tomar umas e outras. Divertiram-se pra valer, mas o Juninho
bebeu demais e teve que ser “rebocado” pra casa.
Os amigos tocaram a
campainha, e o deixaram, dormindo, bêbado, no carro. E foram embora a pé, para
não enfrentar a ira de Dona Valéria.
Dona Valeria guinchou-o
para dentro, e ensaiou um sermão. Mas , vendo que nada iria adiantar, deitou-o
no sofá , onde ele dormiu até o dia seguinte.
À tarde, Dona Valéria
acordou o Juninho, mas deixou a bronca pra mais tarde , já que tinham que ir ao
Supermercado Avenida para fazer as compras da semana. Juninho ia ao volante,
cabeça estourando, estômago em pandarecos, curtindo uma belíssima ressaca. A seu
lado a esposa estava com cara de poucos amigos, e no banco de trás do fusca, ia
a sogra, sempre pronta a instigar a filha contra o genro...
No meio do caminho, Juninho
olhou para o chão do carro e viu um sapato de mulher. Ele pensou: ‘se a
Valéria enxergar esse sapato, ela me mata!’ Então ele chamou a atenção das duas
para uma árvore florida do outro lado da rua, e quando elas olharam, ele
apanhou o sapato e jogou pela janela. Depois, olhou de novo para baixo , para
certificar-se de que “tava limpo” e qual não foi a sua surpresa ao verificar
que lá estava o outro pé do sapato de mulher.
Juninho maldisse a
companhia da noitada, chamou a atenção e da sogra para qualquer outra coisa, e
atirou para fora do carro a prova do crime.
Tranquilo, chegou ao
supermercado, e desceu do carro, bem como sua esposa. Mas a sogra continuava no
carro, vasculhando por baixo dos bancos.
Questionada porque não
descia, e o que estava fazendo, ela comentou: “Juro que, quando saí de casa,
estava de sapatos”....
Publicada originalmente na edição n.º
13, de 14 de junho de 1996
Edição n.º 1014
Página 02
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