sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sobre o filme "Entre abelhas”


Diferente dos outros filmes em que Fábio Porchat atua, que nos entrega significados e sentidos prontos, "Entre Abelhas" é um tipo de filme que todos ficam esperando a cena extra após os créditos, mas não há (desculpa, já contei! rs).
O filme começa com a "despedida de casado" de Bruno, que está em processo de separação. Porém, quando questionado não sabe dizer o que houve e nem o que fez para impedir a separação, já que ele não queria que acontecesse.
Em meio a esse conflito (de separação), Bruno passa, a cada vez menos, enxergar as pessoas - nem o motorista do táxi em que está, as pessoas no ônibus, a pessoa que passa de skate... E aos poucos ele enxerga cada vez menos pessoas.
É possível levantar diversas questões que surgem ao longo do filme, a primeira acerca da separação. Recorrente hoje em dia, mas no filme aparece claramente a não vontade de separação por parte dele, ao mesmo tempo que não há ação / atitude / tentativa para reverter a situação, parece não haver posse da relação, como se não assumisse o casamento como seu. Outro ponto é o que isso pode causar - depressão. Passa a faltar sentido, causa-lhe desanimo e, ele passa a correr atrás da tal poltrona vermelha que a esposa quis; talvez tentando reparar e, como ponta de esperança de resgate, ou, algo que restou do relacionamento, que talvez recuperado preenchesse o vazio da separação. Ou ainda, pensar na poltrona como lugar, e a "corrida" de Bruno durante todo o filme pela busca do lugar que tinha / ocupava, ou já não ocupava mais na vida da esposa.
Diante do vazio desse momento de tristeza, Bruno aos poucos deixa de ver as pessoas, o que em um sentido mais "figurado", não é muito difícil de ocorrer hoje em dia; não das pessoas desaparecerem, claro! Mas, no sentido de ser invisível na multidão de se sentir sozinho, sem apoio ou alguém com quem se possa falar de si (Bruno com o tempo não consegue mais enxergar o "amigo", este que nunca o ouviu)... Aí, pessoas e coisas vão perdendo sentido e lugar em nossas vidas, e desaparecem.
Outra questão que chama a atenção no filme, é que as pessoas nas fotos também desaparecem e, não ficam buracos, é possível ver o que havia por trás delas, ver além. O que leva a pensar nas coisas que estão por trás do supérfluo, que por vezes, ofuscam coisas sinceras e verdadeiras (não vou contar, mas isso é possível ver na última cena do filme). tão simples, mas que já não vemos mais como são, se perdeu na correria do dia-a-dia; aí todos se olham com cara de "ué! o filme acabou?" E eu te respondo: Sim! Simples não é? Vamos tirar os cabrestos e enxergar as pessoas, o mundo, e o que há de bom? Mesmo que algumas pessoas e a mídia tente nos mostrar outras coisas?
Vamos sair do piloto automático?














Edição n.º 1016

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