A traição é um assunto de
extrema importância para se tratar na relação do casal, e se não for bem
trabalhada, mesmo que ambas as partes desejem reconstruir uma relação
pós-traição, haverá grandes dificuldades de superação. Quantas pessoas não
carregam grandes “traumas” de traição, às vezes por uma vida toda, e sentem
dificuldade de se relacionar e confiar outra vez?
Sentir-se traído aciona
vários botões internos nas pessoas: “não sou boa o suficiente”, “o que eu fiz
de errado?”, “o outro não me ama mais”, ” o outro não sente mais atração por
mim”, “eu não conhecia a pessoa que estava ao meu lado esse tempo todo”, “o
outro é mal”. Confiamos no parceiro e ele nos decepcionou; nos
vemos obrigados a dividir o companheiro com uma terceira pessoa sem que
possamos fazer nada em relação a isso; nos sentimos impotentes diante da
decisão do outro.
Esse processo é
extremamente dolorido por diversos motivos:
Confiança: com
a mesma confiança da criança em seu pai quando se joga de algum lugar alto na certeza
de que ele não vai deixá-la cair, nós nos jogamos em um relacionamento, porém
esquecemos que relacionamento é brincadeira de adulto, brincadeira entre dois
adultos. Somos responsáveis por nossas atitudes e por nossas escolhas assim
como o outro é pelas dele.
A maneira que as pessoas
lidam com a traição tem a ver com a maneira com que elas sentem as
relações. Para muitas pessoas, uma das bases do relacionamento é a
confiança e a traição representa então a quebra dessa confiança. Quando
quebramos a confiança de alguém estamos desconstruindo algo maior do que isso,
estamos modificando os sonhos e as expectativas, estamos quebrando aquilo
que a pessoa esperava de uma relação.
Acordos: Quando
nos relacionamos em uma dinâmica monogâmica existem alguns acordos entre o
casal, sejam eles explícitos ou implícitos. Antes de qualquer coisa para
que um relacionamento tenha sucesso é preciso que os acordos e contratos
estejam às claras, não é possível que o outro siga as regras se elas são
implícitas. Dessa maneira, cada parte envolvida terá a sua expectativa, que
pode ou não ser divergente da do parceiro. Só é possível ao casal sair do
“achismo” se eles conversarem abertamente sobre isso.
Esse assunto acaba sendo um
tabu entre os casais, não se fala o que se espera do outro, espera-se que o
outro sinta a mesma necessidade que a nossa. Muitas vezes esses acordos
implícitos são explicitados em brincadeiras, mas não se fala abertamente ao
outro os significados de estar em um relacionamento sério para si, tampouco o
que se espera dele. Vivemos a relação acreditando que o outro sabe o que se
passa na nossa cabeça ou no mínimo deveria saber!
Sem diálogo não há
relacionamento, sem comunicação não há verdade às claras. Sem conversa não é
possível ao casal entrar em acordos e, portanto, a relação torna-se frágil,
qualquer vento balança, visto que não há pilares estabelecidos!
Continua...
Edição n.º 1016
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