... Continuação
Existem três pilares
fundamentais para um bom relacionamento entre o casal: a comunicação, a
capacidade de fazer plano juntos e a sexualidade. Quando algum desses pontos
entra em desacordo há um desequilíbrio na harmonia do casal, por esse motivo é
extremamente importante que o casal trabalhe esses pontos de sustentação da
relação.
É preciso compreender que a
traição tem sua função no relacionamento, ninguém trai sozinho. Geralmente
existem motivações de ambos os lados para que ela ocorra, uma traição não
ocorre apenas quando a relação já esgotou todas as suas possibilidades. Ela
pode ocorrer por vingança, por necessidade de autoafirmação, por carência.
Algumas pessoas traem por medo de estarem vivendo uma relação feliz e completa
e se autossabotam. E a traição ainda pode funcionar como um complemento para a
relação, através da qual o traidor se nutre daquilo que sente falta na relação,
visto que ama @ parceir@ e sente que não consegue modificar na relação atual aquilo
que o incomoda.
No entanto mesmo que ambas
as partes tenham participação no motivo por trás da traição, trair é sempre uma
escolha individual e é responsabilidade daquele que trai, existem muitos outros
caminhos para transformar aquilo que precisamos na relação sem que a traição
ocorra, portanto não é possível eximir a responsabilidade do traidor. É uma
escolha e assim como todas as escolhas trás consigo suas consequências.
Ao decidirmos entrar em um
relacionamento monogâmico, estamos nos comprometendo com o outro e isso
significa que será preciso partilhar com o ele nossa liberdade. É preciso
considerar que somos indivíduos antes de sermos casais, que cada parte dessa
relação tem sua individualidade que deve ser respeitada. Precisamos estar
completos de nós para partilharmos com o outro nossa existência. Algumas vezes
nas relações sentimos nossa individualidade sendo invadida. Temos o direito de
decidir e escolher sem precisar partilhar com quem está ao nosso lado, porém
quando somos parte em um casal, precisamos ter a sutileza de pensar e preservar
o outro nas nossas escolhas e decisões que dizem respeito unicamente a nós
mesmos.
Muitos casais sentem uma
dificuldade enorme em relação à comunicação, visto que o modelo de
relacionamento socialmente aceito na maioria das vezes não considera a
individualidade dos parceiros e passa a visualizá-los como um. Esse imaginário
coletivo pode bloquear a comunicação, e as partes no relacionamento podem se
sentir egoístas ao decidirem algo individualmente. Sabendo disso, podemos ficar
atentos as nossas necessidades individuais e partilhá-las com o parceiro de
maneira tranquila, sem imposições, mas estando abertos às novas possibilidades
de relacionamento a fim de evitar medidas extremas como a traição.
Por outro lado podemos
considerar que a traição não necessariamente é o fim do relacionamento, é
possível que seja uma experiência de crescimento e amadurecimento da relação,
tudo vai depender da maneira com que as partes envolvidas vão lidar com a
situação. Muitas vezes é preciso buscar auxilio de um profissional para essas
situações e a terapia de casal se torna então um espaço para que eles possam
falar a respeito do ocorrido, das angústias que a situação pode ter gerado, dos
possíveis traumas e dificuldades de relacionamento pós-traição, porém o foco da
terapia se dá em ajudá-los a compreender e corrigir as dificuldades do casal
para que através do fortalecimento da relação, do autoconhecimento e do
conhecimento do outro, novas falhas sejam barradas pelo próprio casal.
Edição n.ª 1017
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