sexta-feira, 21 de julho de 2017

Traição tem solução?


... Continuação







Existem três pilares fundamentais para um bom relacionamento entre o casal: a comunicação, a capacidade de fazer plano juntos e a sexualidade. Quando algum desses pontos entra em desacordo há um desequilíbrio na harmonia do casal, por esse motivo é extremamente importante que o casal trabalhe esses pontos de sustentação da relação.
É preciso compreender que a traição tem sua função no relacionamento, ninguém trai sozinho. Geralmente existem motivações de ambos os lados para que ela ocorra, uma traição não ocorre apenas quando a relação já esgotou todas as suas possibilidades. Ela pode ocorrer por vingança, por necessidade de autoafirmação, por carência. Algumas pessoas traem por medo de estarem vivendo uma relação feliz e completa e se autossabotam. E a traição ainda pode funcionar como um complemento para a relação, através da qual o traidor se nutre daquilo que sente falta na relação, visto que ama @ parceir@ e sente que não consegue modificar na relação atual aquilo que o incomoda.
No entanto mesmo que ambas as partes tenham participação no motivo por trás da traição, trair é sempre uma escolha individual e é responsabilidade daquele que trai, existem muitos outros caminhos para transformar aquilo que precisamos na relação sem que a traição ocorra, portanto não é possível eximir a responsabilidade do traidor. É uma escolha e assim como todas as escolhas trás consigo suas consequências.
Ao decidirmos entrar em um relacionamento monogâmico, estamos nos comprometendo com o outro e isso significa que será preciso partilhar com o ele nossa liberdade. É preciso considerar que somos indivíduos antes de sermos casais, que cada parte dessa relação tem sua individualidade que deve ser respeitada. Precisamos estar completos de nós para partilharmos com o outro nossa existência. Algumas vezes nas relações sentimos nossa individualidade sendo invadida. Temos o direito de decidir e escolher sem precisar partilhar com quem está ao nosso lado, porém quando somos parte em um casal, precisamos ter a sutileza de pensar e preservar o outro nas nossas escolhas e decisões que dizem respeito unicamente a nós mesmos.
Muitos casais sentem uma dificuldade enorme em relação à comunicação, visto que o modelo de relacionamento socialmente aceito na maioria das vezes não considera a individualidade dos parceiros e passa a visualizá-los como um. Esse imaginário coletivo pode bloquear a comunicação, e as partes no relacionamento podem se sentir egoístas ao decidirem algo individualmente. Sabendo disso, podemos ficar atentos as nossas necessidades individuais e partilhá-las com o parceiro de maneira tranquila, sem imposições, mas estando abertos às novas possibilidades de relacionamento a fim de evitar medidas extremas como a traição.
Por outro lado podemos considerar que a traição não necessariamente é o fim do relacionamento, é possível que seja uma experiência de crescimento e amadurecimento da relação, tudo vai depender da maneira com que as partes envolvidas vão lidar com a situação. Muitas vezes é preciso buscar auxilio de um profissional para essas situações e a terapia de casal se torna então um espaço para que eles possam falar a respeito do ocorrido, das angústias que a situação pode ter gerado, dos possíveis traumas e dificuldades de relacionamento pós-traição, porém o foco da terapia se dá em ajudá-los a compreender e corrigir as dificuldades do casal para que através do fortalecimento da relação, do autoconhecimento e do conhecimento do outro, novas falhas sejam barradas pelo próprio casal.



































Edição n.ª 1017
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