“Era líquido e certo que custaria caro ao Planalto
convencer a maioria governista no Congresso a salvar o Executivo de
transgressão à lei no manejo das contas públicas, tornando extinta a meta de
superávit fiscal para 2014.” (Dora Kramer, O Estado de S.Paulo, 3/12, A/6)
Na última quarta-feira e pela
terceira vez, o Congresso Nacional tentou votar o projeto que desobriga o
cumprimento da meta do superávit fiscal de 2014.
As tentativas anteriores da
votação acabaram em brigas, berros, bagunça, puxões, empurrões. As lamentáveis
cenas foram flagradas por fotógrafos de vários órgãos da imprensa, como se pode
verificar nas imagens de Pedro Ladeira/VEJA
(1) e de Givaldo Barbosa/Agência O Globo (2).
Dora Kramer continua, em seu artigo “De papel passado”, no Estadão:
“Quando da derrubada dos vetos presidenciais no
plenário, boa parte dos aliados se ausentou das sessões e o projeto-manobra não
pôde ser votado. Aí bateu o desespero e deu-se o inédito: o toma-lá-dá-cá por
decreto. Algo tão inusitado quanto a propina com recibo noticiada dias atrás no
bojo das investigações da Operação Lava Jato. O governo autorizou a liberação
de R$ 444,7 milhões em emendas dos parlamentares e condicionou o pagamento à
aprovação da alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que extingue a meta
fiscal de 2014”.
A presidente
parece se sentir como uma marionetista, que pretende manipular os congressistas
como se eles fossem bonecos cujos movimentos e ações pudessem ser determinados
puxando os fios ligados aos corpos deles. Não que a grande maioria de suas
excelências não se comporte como se aceitasse e fosse absolutamente conivente
com tal situação, ao passar recibo pelas propinas recebidas.
Os bonecos do
grupo Giramundo ilustram à
perfeição tal situação: a fisionomia zangada da Emília, o ar entediado do gato,
a pose arrogante de “dona da banda” decretam: o toma-lá-dá-cá começou, e quando
os fios forem puxados, as marionetes devem aprovar o crime de responsabilidade
fiscal.
Edição n.º 964 - página 01
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