sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Natal para sempre





Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de dez meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: dez  meses de Natal e dois meses de ano vulgarmente dito. Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro. E será Natal para sempre.” (Carlos Drummond de Andrade Texto extraído do livro "Cadeira de Balanço", Livraria José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 52)




Que as tintas do sol tropical na Baía da Guanabara e as cores mutantes da aurora boreal nos confins norte da terra, abertas à maneira de um livro celestial, comemorem um Natal que se prolongue para sempre...
São os votos de NOTÍCIAS: a fraternidade pregada por Jesus, de manhã à noite, de uma rua a outra, de um quarteirão a outro, de uma cidade a outra; e perfume de moita antes do amanhecer, o maior tempo possível.

















Edição n.º 966 - página 01

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