É tempo de montar o
presépio! Em cada lar, por mais humilde que seja, em cada igreja, em cada
templo, pobre, luxuoso, surge um presépio, preparando-nos para o Natal, data em
que os cristãos celebram o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Presépio
sem a figura do Deus-Menino, pois segundo o simbolismo adotado ele preencherá a
manjedoura somente no dia 25 de dezembro. É o advento!...
Ao olhar o presépio, não
posso deixar de pensar nas figuras simples, humildes, de Maria grávida e José aflito
e angustiado, a caminho de Belém, procurando na noite fria um lugar para
repousar da longa jornada. Uma porta, um pedido, uma recusa. Outra porta, outra
rejeição. E de recusa em recusa, eles muito caminharam noite adentro, batendo
em todas as portas, até, finalmente, obterem acolhida, em lugar onde não havia
portas. Um lugar que lhes deu guarida e pousada. Hospedeiros que não recusaram
dividir com eles sua morada: um boi e um burro, num pequeno estábulo de Belém.
Além da Virgem Santíssima e do seu fiel esposo José, estava apenas o boi. E o
burro. De recusa em recusa, o Menino Jesus encontrou leito apenas entre as
palhas do estábulo de Belém e na companhia desses dois animais. E foi somente
quando um Anjo anunciou a boa-nova aos pastores e a estrela guiou os reis, que
judeus e gentios, pastores e reis magos, acorreram ao estábulo onde um Menino
os esperava.
Era a noite da Natividade.
O boi e o burro foram, assim, testemunhas do maior mistério da história,
naquela noite que dividiria para sempre os tempos, acolhendo o Criador que
nascia de Maria Santíssima no escuro presépio.
Boi e burro tomaram o lugar
destinado aos homens, na recepção do Deus feito homem. Boi e burro, que sempre
serão lembrados em nossos presépios. Símbolos do povo eleito e dos pagãos. Mas
símbolos, igualmente, da frieza do coração humano, que recusou, em sua chegada
ao mundo, acolher o Menino Deus. O boi e o burro passaram a representar a
humanidade. O burro e o boi são elementos presentes em cada representação do
presépio; motivos tão obrigatórios que, quando a cena por razões de espaço ou
de sobriedade, se reduz aos elementos essenciais, o par de animais não é
tirado.
É certo que vivemos um
tempo cada vez mais descristianizado e mais paganizado, mas o Natal ainda
permanece uma festa que faz o apelo à confraternização, à reconciliação, ao
encontro e à família. Devemos, mais uma vez, nos preparar para esse tempo
festivo, de passagem para o novo ano que se aproxima. Tempo de reflexão e
melhor ordenamento de nossas atividades, buscando melhor organização e
otimização de nossas atividades e possibilidades. Tempo de recolhimento e
reabastecimento interior, para que possamos dar um sentido novo ao nosso viver,
a partir de princípios e valores que promovam a vida humana.
Em tempos de descrédito, de
crise moral, de ceticismo e indiferença, é preciso que redescubramos o sentido
do Natal, lembrando sempre que a mensagem de Jesus é eterna, ontem, hoje e
sempre. Mensagem de paz e harmonia, de amor e união, mensagem do bem. Por isso que
o tempo do advento — que é a preparação para o Natal —, constitui um período de
graça, para que possamos, em família, e com quem convivemos no dia-a-dia,
cultivar o calor humano que emerge dessa vivência.
Que o boi e o burro consigam
enternecer nossos corações e espalhar amor por este mundo, que tem rejeitado Deus
e se esquecido de Jesus!
Edição nº 965 - página 08
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