Quando vocês, meus estimados
leitores, estiverem lendo esta coluna, por certo, já teremos passado o Natal! E
já estamos a caminho do Ano Novo, preparando-nos para a sua chegada, com as
naturais expectativas que cercam a sua vinda.
Mas, fico pensando, essas expectativas são
boas? São desejáveis? Podemos mudar o curso dos acontecimentos? Em que barco
estamos? Navegamos em águas seguras, tranquilas? Será que vamos conseguir
colocar em prática os planos e as ideias que surgem todo final de ano? Quem é
que realmente cumpre esses planos? Ou, ainda, quem é que avalia o quanto
aprendeu e o que realizou de significativo ao longo do ano que chega ao fim? Penso
que vale a pena refletir sobre isso para perceber o quanto adiamos as decisões
importantes e também certas atitudes que realmente promovem mudanças no nosso cotidiano,
no nosso jeito de encarar a vida.
Na economia — que afeta a todos nós
indistintamente — a expectativa é pessimista, visto que no segundo trimestre, a
economia brasileira encolheu 0,6 por cento, entrando em recessão técnica pela
primeira vez desde a crise de 2008/09. Quanto à inflação oficial, as
expectativas também estão longe de serem otimistas, posto que o quadro seja de
inflação elevada e sem arrefecimento no médio prazo, mesmo após o recente ciclo
de aperto monetário, que elevou a taxa básica de juros a 11 por cento ao ano.
E quanto a nós e os nossos
propósitos? Quais foram os nossos maiores sucessos neste ano? Esses momentos
que, certamente, refletiram boas escolhas, nos trouxeram satisfação, amor,
sucesso, reconhecimento? É refletindo sobre esses sucessos que descobriremos se
somos capazes de realizar o que desejamos,
mesmo que algumas coisas necessitem de mais empenho ou de mais tempo para
acontecer.
Contudo,
não podemos esquecer de valorizar, também, os nossos fracassos. As
frustrações não são, como parecem, problemas a serem temidos. Pelo contrário,
elas são a chave para encontrarmos ainda mais força e descobrir o quanto podemos
ser assertivos para caminhar na direção daquilo que desejamos concretizar.
Pense também: o que seria de nós se todos os nossos desejos se realizassem? Nada
mais havendo a desejar, perderíamos as esperanças de que algo novo viesse a
acontecer ou surgir, levando-nos ao tédio.
Com relação às promessas que
fazemos a nós mesmos, principalmente as de sucesso e de empenho inabaláveis, estas
devem ser evitadas. Sim, evitadas porque às vezes as circunstâncias do dia a
dia acabam nos afastando daquilo que desejávamos fervorosamente, pois existem outras
prioridades sendo definidas ao longo do tempo. Em vez de pensarmos que as
coisas boas acontecem raramente, devemos apenas repensar os nossos desejos.
Avaliar se eles são realmente positivos como imaginamos e necessários ao nosso
bem-estar e ao dos que nos cercam.
É melhor começar o ano com a
mente e o coração livres de quaisquer promessas e expectativas. Assim sobra
mais espaço e ânimo para saborearmos cada momento em sua inteireza, mantendo o
foco especialmente nesse momento e no que ele nos oferece. Feliz 2015!
Edição n.º 967 - página 08
Nenhum comentário:
Postar um comentário