Com pouco mais de 110 dias
de governo a presidente Dilma está isolada, parecendo que tem cada vez mais
governo e menos poder. Passou, por sugestão do seu mentor, o ex-presidente
Lula, a coordenação política do governo ao vice-presidente Michel Temer — que é
presidente nacional do PMDB, embora licenciado —, incumbindo-o de uma missão
muito difícil, senão impossível: controlar o próprio PMDB.
É que, no vácuo de poder
deixado pela presidente Dilma, onde se destaca a sua inércia, erros na condução
da Administração, falta de objetividade na avaliação do que o Brasil precisa e
o povo almeja, os escândalos de corrupção, aliados à falta de rumo, numa
situação que alguns políticos chamam de “renúncia branca”, Renan Calheiros,
presidente de Senado e Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, ambos
do PMDB, estão dando as cartas naquilo que alguns analistas convencionaram
apelidar de “parlamentarismo branco”.
Temer já foi três vezes
presidente da Câmara e é considerado um bom articulista, notadamente entre seus
antigos pares. Vamos ver como o vice-presidente se sairá da tarefa que lhe foi
atribuída por Dilma, porque até agora parece que não está sendo muito feliz.
Por outro lado, com a
prisão de André Vargas e agora a de João Vaccari Neto, ambos ícones do PT, o
partido de Dilma desabou, enfrentando o pior momento de seus 35 anos de
existência. Até o ex-presidente Lula não escapou. Pesquisas mostram que a sua popularidade
está no chão, fazendo com que Lula tenha receio de sair às ruas e ser
insultado, tendo sido objeto de recomendações de amigos próximos para que
desista de se empenhar em voltar ao poder em 2018, devendo, em contrapartida,
lutar para tentar “salvar a sua biografia” (cf. Veja, em “O partido que
derreteu”, edição 2421, ano 48, nº 15, 15/04/2015, pp. 54/55).
Hoje a cena está um pouco
diferente daquela que, nove anos atrás, mostrava a deputada petista Ângela
Guadagnin zombando dos brasileiros depois da absolvição de um mensaleiro na
Câmara.
E, quanto ao governo do
país, naquilo que está parecendo falta de apetite pelo exercício do poder, até
porque não tem outra saída, a presidente Dilma, que tanto lutou para conseguir
ser reeleita, mentindo descaradamente ao povo para atingir esse objetivo, deve
estar vivendo um inferno astral, assistindo do Palácio do Planalto — e sem
poder interferir — a disputa de Temer, Cunha e Renan, para ver quem manda, de
fato, no “parlamentarismo branco”!
Edição n.º 983 - página 08
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