sexta-feira, 10 de abril de 2015

Novas medidas para a Educação?




Depois da defenestração do ministro da Educação Cid Gomes por determinação do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que está se revelando um espinho no calcanhar da presidente Dilma, o novo ministro da Educação Renato Janine Ribeiro — que talvez preferisse o ministério da Cultura —, em seu discurso de posse enunciou algumas questões sobre a pátria educadora. Duas dessas questões estão a merecer a nossa reflexão.
Na primeira acena com a possibilidade de flexibilizar os currículos, na linha de controversas propostas pedagógicas, ainda discutíveis, pois, na prática, a experiência concreta apresenta grandes desafios. A flexibilização dos currículos, que torna o aprendizado prazeroso e com maior participação dos alunos, tem uma visão mais democrática e abrangente do processo pedagógico. Ocorre que tal flexibilização curricular foi colocada em prática em países desenvolvidos que fizeram experimentos radicais nesse sentido, mas que trouxeram outros problemas ainda não solucionados. O fato é que tal experiência — porque não passa disso — é um campo em aberto, e o Brasil precisa garantir uma boa formação de base no Ensino Fundamental e Médio, para que o aluno não chegue ao ensino superior sem os requisitos essenciais e necessários para enfrentar o curso que escolheu. Ao mesmo tempo, é necessário que haja terminalidade profissional, pelo menos no fim do Ensino Médio, sobretudo para que jovens que não pretendam cursar uma faculdade possam se integrar ao mercado de trabalho.
Quanto à segunda questão levantada pelo novo ministro é a de que é preciso haver mais formação política nas escolas. Opa! Esse tema é delicado, tendo em vista a preocupação de muitos, inclusive a deste articulista, que acabe prevalecendo determinada doutrinação ideológica no contexto de uma sociedade plural, o que foi objeto de audiência pública recente na Câmara dos Deputados. Não podemos esquecer que a educação visa a formação geral da pessoa, e a experiência histórica mostra que a doutrinação política em escolas pode favorecer determinadas concepções, especialmente aquelas dos que estão no poder. O que é necessário é uma formação cidadã para que o jovem possa exercer suas opções políticas na sociedade com independência e espírito crítico. Educação política não significa “fazer a cabeça” dos jovens e sim dar-lhes ferramentas para que possam pensar por si.
O que o ministro propõe certamente deveria ser objeto de ampla discussão com a sociedade, com os especialistas em Educação, antes que qualquer medida seja tomada nesse sentido. O fato é que precisamos estar sempre dispostos a novas possibilidades diante dos desafios existentes a cada época histórica. Mas precisamos estar vigilantes para que o discurso ministerial não fique apenas no enunciado de teorias e ideias. Afinal de contas, somos a “pátria educadora”!














Edição n.º 982- página 08



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