Mafalda, a garotinha
argentina
mais famosa no mundo, curiosa, sarcástica, reflexiva e politizada recebeu, além dos parabéns pelos seus 50 anos, um
coelhinho
azul de presente
da Mônica, sua amiga brasileira dentuça, sempre vestida de vermelho e também
cinquentona.
O encontro das duas foi no Centro Cultural
Brasil-Argentina, em Buenos Aires, pelas mãos de seus criadores, Quino (82
anos) e Maurício (72 anos), respectivamente. As duas meninas são parecidas: “As
crianças percebem as coisas muito facilmente. Os adultos é que estão cada vez
mais ignorantes”, diz o Mauricio.
As duas garotas (porque
personagens de quadrinhos não envelhecem!) têm características físicas
semelhantes, mas há uma grande diferença de postura delas em relação à situação
política, às aspirações de vida e, principalmente, aos seus posicionamentos
ideológicos. A Mafalda é mais mordaz, mais crítica, mais contestadora. A Mônica é
mais ingênua, e tem uma característica estereotipada como
masculina: ela é briguenta, tem muita
força e, sempre que se irrita, usa como arma seu coelhinho azul, o Sansão.
Enquanto a Mônica brinca e briga
com o seu mascote, a Mafalda se preocupa com
um globo terrestre, do qual cuida com todo zelo e carinho, do qual tira
a temperatura, no qual põe faixas e bandagens, ao qual dá remédios.
Inconformada com vários aspectos
que se apresentam em sua rotina diária (o papel de dona de casa da mãe; o fato
de ser obrigada a tomar sopa, que ela odeia; as crises de meia idade dos pais;
as enormes injustiças mundiais; os problemas políticos e econômicos do seu país
e do mundo), a Mafalda sempre coloca uma série de valores em xeque; às vezes,
tem vontade de gritar um “Basta!” a tudo isso que está aí; e não deve ter
entendido bem o que fazer com o presente da Mônica, já que não adianta bater
com o Sansão no globo para tornar mais éticos os “irresponsáveis trabalhando”
nele...
Edição n.º 984 - página 01
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