“Depois que o Tribunal
Superior Eleitoral concedeu registro a duas novas siglas e o negou a uma outra,
houve intensa troca de partidos na Câmara com vistas à eleição de 2014. Dos 513
deputados federais, 59 já não pedirão voto pelo partido pelo qual concorreram
em 2010, aproveitando a brecha da lei eleitoral que permite mudar a filiação
sem risco de perder a cadeira, e entraram nos dois partidos que acabaram de ser
fundados.”
(O Estado
de S.Paulo, 9/10)
A
dança das cadeiras é uma brincadeira infantil em que um determinado número de
cadeiras (sempre uma a menos do que o número dos participantes) é encostado de
costas umas para as outras, com os assentos virados para fora (1). Uma música é
colocada para tocar, enquanto todos os jogadores dançam em volta das cadeiras.
Quando a música para, cada um deve tentar ocupar um lugar. A criança que não
conseguir sentar sai do jogo e leva consigo mais uma cadeira (2). O vencedor
será aquele que conseguir sentar na última cadeira.
Na
semana passada, a articulista Eliane Cantanhêde (Folha de S.Paulo,
18/10) constatou que tudo indica que os candidatos de 2014 serão Dilma
Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos, mas as suas "sombras" não
apenas se mexem como falam cada vez mais.
Lula,
o instintivo, insiste em bater na imprensa, para desqualificar as críticas, e
provoca: "Falem mal, mas falem de mim".
Serra,
o persistente, aproveitou uma passadinha por Brasília para deitar falação de
candidato e criticar o PSDB pela antecipação do debate eleitoral, e mandou
recado para o partido: "Estou disponível para o que der e vier".
E
Marina, a dissidente, conseguiu o maior feito político: bater boca com Dilma,
presidente da República e líder nas pesquisas.
A “sombra-mor”
parece concordar com a colunista da Folha. Em encontro com aliados, esta semana em Brasília, o ex-presidente
Lula disse (com a fineza e o tato indiscutível que lhe são peculiares): “Eu já
fui “sombra” (da presidente Dilma Rousseff), mas não sou mais. E, se encherem
muito o meu saco, vou voltar em 2018”.
Na disputa pelo Palácio do Planalto, a nova coligação Campos/Marina, que
fala em "terceira via" e em "despolarizar" o ambiente,
obrigou todos a retocarem a maquiagem e a se preocupar com o que falarão daqui
para a frente, notou Marco Aurélio Nogueira (O Estado de S.Paulo,
26/10): “Esse é o principal efeito,
que se afirmará mesmo que Eduardo e Marina não digam nada de especial e venham
a naufragar amanhã. Se antes ambos surgiam como coadjuvantes de uma nova
corrida entre PT e PSDB, agora, unidos, invertem a situação: tornam-se
protagonistas com razoável poder de fogo, quer para incomodar, forçar um
distinto desfecho para o embate ou oferecer aos eleitores uma perspectiva de
futuro”.
Essas
novas coligações de presidenciáveis e/ou a mudança de partidos de congressistas
e candidatos a candidatos ─ desinteressados, todos, de encontrar novos recursos para a
melhoria do bem comum dos cidadãos, acomodados que estão na mesmice, no
artificialismo e na inoperância de um discurso político saturado ─, parecem estar brincando, de salto alto (como mostra a charge
(3) de Cícero), a tradicional dança das cadeiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário