sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Papa Francisco e os escândalos envolvendo a Igreja



"Eu quero agito nas dioceses, que vocês saiam às ruas. Eu quero que a Igreja vá para as ruas, eu quero que nós nos defendamos de toda acomodação, imobilidade, clericalismo. Se a Igreja não sai às ruas, se converte em uma ONG. A igreja não pode ser uma ONG" (Papa Francisco, em espanhol, em discurso a argentinos na Catedral Metropolitana do Rio).


O papa Francisco assumiu o pontificado com vários desafios a enfrentar para tentar sanar os escândalos envolvendo a Igreja Católica Apostólica Romana: os desvios de recursos, pedofilia, padres príncipes que residem em palácios luxuosos e tiram férias caras demais ou jantam nos melhores restaurantes, com objetos de ouro pomposos sobre as vestes, que visitam continuamente pessoas poderosas, a conquista de fiéis e a aproximação da religião com os dias atuais.

Em meio às denúncias de pedofilia envolvendo padres, o papa modificou o Código Penal da Igreja Católica, introduzindo nas leis do Vaticano o crime de tortura e toda a categoria de crimes contra menores: venda de crianças e adolescentes, recrutamento e violência sexual, prostituição, pornografia infantil, posse de imagens de pornografia infantil e atos sexuais com menores de idade. Agrega ainda quatro convenções de Genebra: contra os crimes de guerra; a convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial; a convenção contra a tortura e tratamento desumano e degradante; e a convenção de 1989 sobre os direitos da criança. Essa legislação fixa penas mais duras para crimes praticados contra crianças e adolescentes, envolvendo a prostituição infantil, assim como para a lavagem de dinheiro. A nova legislação vaticana também prevê a possibilidade de que os tribunais da Santa Sé julguem "crimes cometidos contra a segurança, os interesses fundamentais e o patrimônio da Santa Sé". Dentre eles, lavagem de dinheiro e desvio de verbas, como no caso do Instituto de Obras Religiosas, o banco do Vaticano. O reforço dos dois tipos de delitos foram uma resposta a uma série de escândalos envolvendo padres e outros membros da Santa Sé nos últimos anos e que abalaram o papado de seu antecessor, Bento XVI. Dentre elas, as irregularidades no Banco do Vaticano e os casos de pedofilia de religiosos em todo o mundo.

Ainda nessa linha de conduta, o Pontífice suspendeu, por tempo indeterminado, o bispo de Limburg, no sudoeste da Alemanha, Franz-Peter Tebartz-van Elst, na origem de um escândalo no país, relacionado com os gastos excessivos da diocese. Conhecido como o "bispo do luxo" e o “mais caro servidor de Deus”, o clérigo foi o responsável pela construção da sede episcopal, com museu, sala de conferências, capela e apartamentos privados, onde só a sua banheira pessoal, sem falar de uma sala de jantar de 63 metros quadrados, custou quase 3 milhões de euros (cerca de R$ 8,9 milhões).

Com a preocupação crescente sobre a redução de católicos, inclusive no Brasil, Francisco apelou aos cardeais para que conquistem as pessoas usando “sabedoria” e “maturidade”. Mas também ressaltou que o exemplo em atitudes é que atrai. Para ele, a igreja deve ser para todos, inclusive, para os pobres. “Como eu gostaria de ter uma igreja pobre para os pobres”, disse ele, no seu primeiro encontro com jornalistas.

Francisco, com suas atitudes e gestos, está dizendo não ao luxo. Com relação à sua residência, Francisco trocou o Palácio Apostólico por uma modesta suíte na casa de hóspedes do Vaticano e procura se locomover em carros mais modestos. Essa sobriedade do papa está sendo contagiosa. Suas palavras e ações estão pesando mais que a vaidade de muitos. A aposta do Papa Francisco em "uma Igreja pobre e para os pobres", suas advertências contra a vaidade e a cobiça, bem como o seu estilo pessoal simples, estão fazendo que a sobriedade vire moda. Suas palavras e gestos estão ajudando a que muitos católicos se lembrem mais dos pobres, da solidariedade e das periferias. Com relação aos carros luxuosos, diz o papa: “reconheço que o carro seja necessário, pois nos ajuda a nos mover com facilidade. Mas comprem um carro mais simples. E se você gostou do carro bonito, pense nas muitas crianças que morrem de fome. Somente isso! A alegria não vem das coisas que possuímos!”. Depois de escutar Francisco, alguns optaram por trocar seus carros do ano por outros mais simples, ou ajustaram seus gastos.



Novos tempos! Tempos de mudança! Tempos de esperança!...










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