“Em
vez de transformar a eleição num "ringue", os candidatos deveriam
discutir os principais problemas, como o fiasco do turismo num país tão "abençoado
por Deus e bonito por natureza." (Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo, 17/10)
O
número de turistas estrangeiros que viajam pelo Brasil gira em torno de 5
milhões por ano, com um "crescimento monótono", segundo o ministro do
Turismo.
Isso
é uma vergonha para um país com 200 milhões de habitantes, litoral de fazer
inveja − com
suas praias de areias brancas e macias −, sol o ano inteiro, Cidade Maravilhosa (1), Nordeste, Itaipu (2),
Amazônia, Pantanal (3), e inúmeros outros pontos turísticos de grande
beleza.
A
explicação recorrente para esse medíocre número de visitantes é a distância.
"Mas por que um milhão de russos vão a Cuba a cada ano e não tem russo
desembarcando aqui?", pergunta-se o próprio ministro. Porque o Brasil é
caríssimo, com impostos de amargar, infraestrutura (hoteleira, aeroviária,
rodoviária e de serviços) péssima e constrangedora falta de segurança e/ou de
investimento na melhoria dos aeroportos (tem sentido esperar 40 minutos por uma
mala?).
Além
disso tudo, as passagens aéreas já estão custando dez vezes mais por conta da
Copa, o que afugenta de vez os turistas.
Os
aviões para os EUA, a Europa, e a Ásia estão sempre lotados porque brasileiros
vão para esses lugares, mas os estrangeiros estão vindo muito pouco para cá. E
os brasileiros preferem ir para fora do país, em vez de viajar por aqui, por
causa dos preços e das condições. A articulista da Folha conta que “o
embaixador de um grande país queria levar a família a Salvador, mas, ao ver os
preços, ficou em Brasília mesmo. Vai acabar no Caribe...”
Talvez
fosse o caso de se instituir, no Brasil, um “tour da corrupção” como atrativo
turístico, nos moldes do que já existe
em Praga, capital da República Tcheca: um passeio pela cidade expondo os escândalos da corrupção institucional
tcheca (hospitais superfaturados; canteiros de obras inacabadas; mansões de políticos e empresários acusados
de desvios de verba; e ministérios e outros órgãos públicos onde “trabalham” os
tais).
Criada
há pouco mais de um ano, a agência “Corrupt Tour” afirma com orgulho ser a
única empresa no mundo especializada em passeios temáticos focados nesse
“nicho”, e tem o objetivo, segundo o site da agência, de dar concretude a um
fenômeno mundial “que muita gente não sabe que cara tem”.
Entretanto, às vezes, a face “corrupta” de
pessoas públicas notórias é revelada e punida. Nesta quarta-feira, por exemplo,
o papa Francisco anunciou que o bispo de Limburg, na Alemanha, deveria ser
mantido fora de atividade, depois que o tal bispo gastou 31 milhões de euros
(aproximadamente R$ 93 milhões) para renovar sua residência oficial! Com essa
suspensão, o Vaticano deu um exemplo ao mundo e mandou uma mensagem ao clero:
não vai tolerar ostentação!
E
neste país abençoado por Deus e bonito por natureza, quando os candidatos às
eleições de 2014 irão dar importância ao tema do Turismo e discutir como e o
que investir na área, para que o Brasil possa mostrar a sua melhor cara na
Copa, nos Jogos Olímpicos e no resto do tempo?
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