Sou nascido aqui nesse
país.
Tão gigante, tão franzino,
seu
destino ao deus-dará. Tudo aqui é mesmo tão lindo!
Sou do país do futuro:
futuro
que insiste em não vir por aqui.
Quem sabe ainda veremos
o
que o Poetinha um dia sonhou mas não viu:
Pátria, minha
patriazinha, tadinha,
lindo e triste Brasil.
Depois de tantos dias visitando e
apreciando lugares tão bonitos de diferentes países europeus, esses versos da
música de Toquinho vêm a calhar, por traduzirem perfeitamente o sentimento de
quem retorna, cheia de saudades, à pátria amada.
No entanto, o país continua a ser do
futuro (1).
A esperança de que, afinal, a impunidade
tivesse chegado ao fim foi embora e acabou-se.
A violência policial, a destruição do
patrimônio público nas manifestações populares, a ocupação da reitoria da USP
pelos estudantes, tudo mostra que não houve mudança, que não está havendo a
desejada ordem que promove o progresso (2).
O desastrado discurso da presidente na
Assembleia Geral da ONU provocou reações não muito favoráveis, tanto aqui como
no exterior. Até um texto da revista inglesa The
Economist desta semana comentou o fato (“Uma economia estagnada, um
governo inchado e protestos das massas significam que Dilma Rousseff precisa
mudar o rumo”), e ilustrou a matéria com uma imagem do Cristo Redentor sendo
ejetado do seu pedestal (3), em contraste com a imagem de capa (4) da mesma
revista, há três anos (14/11/2009): “O Brasil decola”.
Na semana decisiva para a filiação de deputados, os
recém-criados PROS (Partido Republicano da Ordem Social) e Solidariedade (de
Paulinho da Força Sindical) medem força para ver quem atrai mais parlamentares
e esperam contar, ainda, com a possibilidade de a Rede Sustentabilidade, de
Marina Silva, não vingar.
De maneira que continua tudo igual: o lindo e
gigantesco Brasil sonhado e não visto pelo Poetinha ainda é (até quando, meu
Deus?) o país do futuro, o qual insiste em não chegar por aqui.
De modo que esta patriazinha, tadinha, é ainda um
triste Brasil franzino, de muita corrupção, cujo destino permanece ao
deus-dará.
Mas quem sabe veremos surgir um novo país ‒ aquele com o qual sonhamos desde sempre ‒ votando limpo nas próximas eleições?
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