sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fato novo: o ponto fora da curva



A política nunca será uma miséria enquanto sua capacidade de inverter expectativas for superior à mesmice; enquanto dobrar espinhas diante da majestade do “fato novo”. A adesão de Marina Silva ao PSB de Eduardo Campos é um desses momentos que balançam certezas enrijecidas e reintroduzem o imperativo da política sobre a resignação e o marketing.” (Carlos Melo, O Estado de S.Paulo, 7/10, A4)

         O quadro eleitoral desenhado para 2014 se altera significativamente com a aliança  entre Marina Silva e o PSB: mostra uma terceira via que desestabiliza a briga de gente grande entre PT e PSDB, presente no cenário político brasileiro em todas as disputas presidenciais desde 1994.
         As charges feitas por Jotapê (1), Clayton (2) e Nani (3) para diferentes órgãos de imprensa ilustram o fato novo à perfeição.
         “A tentativa de criar um partido a tempo de concorrer por ele à eleição de 2014 foi uma boa ideia da cabeça, embora a vida real não necessariamente obedeça aos preceitos do sonho, da fé, da esperança e das boas intenções. Mas o desfecho ante a adversidade da recusa do registro da Rede foi um lance político admirável, como há muito não se via. Inesperado, surpreendente, competente e feito em termos decentes. Nesse sentido, o acordo fechado é um ponto fora da curva no padrão lamacento em vigor. É cedo para dizer se de fato muda o cenário da eleição, mas o quadro de acordos e a correlação de forças nesse período pré-eleitoral se altera: movimento taticamente irrepreensível, subverte o previsível e define um objetivo claro: derrotar os atuais condôminos do poder”, comentou a articulista Dora Kramer (O Estado de S.Paulo, 8/10, A6)

        “Há dois planos nessa disputa: de um lado, a arrogância dos mais fortes; do outro, a astúcia da sabedoria, o marketing político contra a política com P maiúsculo, que transforma a realidade, enquanto o marketing a distorce para vender uma imagem, que quase nunca corresponde à vida real”, afirmou Merval Pereira (O Globo, 8/10).
         O objetivo da escolha da ex-senadora é permanecer no cenário de 2014, sem perder de vista 2018, ainda que, tendo sido “Lampião”, como candidata à presidência pela Rede, se submeta (neste primeiro momento do acordo firmado) a ser apenas “Maria Bonita” um papel de menor relevância, aparentemente.

        E, para dar um último ponto nesta colcha de retalhos comentadores, o cientista político e professor do INSPER José Roberto de Toledo escreveu em O Estado de S.Paulo (7/10, A6) que, na arte da política, observam-se os detalhes da cena, compreendendo e percebendo suas fragilidades; prevendo e aproveitando suas brechas,  aguardando, em silêncio, que as feras se enredem, por si mesmas, no emaranhado de cordas do desenrolar da História. Quem dá tempo ao tempo torna-se o seu senhor.
  
       Agora, é aguardar para conferir, em vista do fato novo e do ponto fora da curva, quem será senhor dos anéis da candidatura à presidência.



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