sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Fábula ou farsa?



A presidente Dilma, que anda em fase de paz e amor, não abre mão de fazer o diabo na pré-campanha eleitoral antecipada, aliás, por ela mesma. Na hora do expediente, reuniu-se com seu mentor e mais conselheiros políticos, como o ex-ministro Franklin Martins e o 40º ministro, o marqueteiro João Santana, para discutir a corrida presidencial. Não deveria ser assim, mas, no Brasil, nada que é impedido por lei deixa de ser feito, pois as sanções pecuniárias são ridículas, e as morais já há muito não fazem mais efeito em nossos políticos.” (Merval Pereira, O Globo, 11/10)

Em reportagem da última 4ª-feira na Folha de S.Paulo, os articulistas constataram que, neste ano pré-eleitoral, a presidente e pré-candidata à reeleição passou 51 dias em deslocamentos pelo país, com agendas repetidas e entrega de moradias.
O governo federal tem focado as cerimônias de viagens em ações de alcance local, priorizando moradias, formaturas de escolas técnicas (como as do Pronatec, programa de ensino profissionalizante do governo, vendido como "porta de saída" do Bolsa Família, por oferecer cursos aos beneficiários do programa) e distribuição de retroescavadeiras e outras máquinas a prefeitos.
Isso porque não tem obras de impacto para entregar, já que “vitrines” como ferrovias e transposição do rio São Francisco continuam muito longe das metas iniciais, segundo aquela reportagem.

Nesta semana, em Vitória da Conquista (BA), a presidente participou de um evento para entrega de 1.740 moradias (ainda que sem infraestrutura completa) do “Minha Casa Minha Vida”. De acordo com o governo baiano, dessas 1.740 unidades entregues, mesmo todas já com os novos moradores, apenas 378 têm energia elétrica e água encanada nas torneiras!
Os restantes 1.362 beneficiários passam as noites à luz de velas, usam baldes com água trazida de outros locais e contam com ajuda desses vizinhos que já têm água e luz em suas casas (portanto, nada tão colorido ou alegre como a ilustração anexa sugere).
A escritora, ensaísta e membro da Academia Brasileira de Letras  Rosiska Darcy de Oliveira comentou no jornal O Globo (12/10) que, “no nosso triste país das condenações embargadas, das candidaturas proibidas, da política desgastada, impõe-se uma interrogação: será a esperança, aqui, o fantasma que morre sempre ao amanhecer ou ainda encontrará encarnação no dia a dia das pessoas honestas e solidárias? E ressurge um velho enigma: no mundo de hoje, o que é, onde está, para que serve o poder?”
Sim, será que o poder só serve para essa fabulação, que tira moradias incompletas de uma caixinha de surpresas, como uma farsa de atendimento aos anseios da população?
Ou não será tudo isso uma enganação em tempo de paz e amor?




Nenhum comentário:

Postar um comentário