sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O papel reservado aos pais na educação dos filhos



Qual é o espaço reservado aos pais na educação dos filhos? Sabe-se que a personalidade da criança e do adolescente se estrutura e se molda essencialmente no meio familiar. Os pais, responsáveis pela educação e orientação de seus filhos, devem assumir o seu papel e, além de oferecer amor, impor limites a seus descendentes. Tal tarefa, ainda que exigente, não pode deixar de ser exercida com autoridade, à medida que os filhos necessitam compreender a verdadeira figura dos seus responsáveis.

O promotor de justiça da infância e da juventude, Miguel Granato Velasquez, enfatiza que a ideia de limite na educação dos filhos — que não raras vezes é compreendida equivocadamente como imposição de castigo ou punição —, deve ser percebida como um processo de formação da personalidade da criança, um marco em sua socialização, que envolve, dentre outras condutas, a compreensão, o diálogo, o convívio e o respeito. É através de tais condutas, que são transmitidos valores éticos sólidos capazes de fazer com que a criança e o adolescente ajustem seus comportamentos às exigências da vida dentro da coletividade e obedeçam a regras básicas de convivência.
A imposição de fronteiras aos filhos, desde que apropriadas, ensina-os a compreender a posição dos pais, os quais, aliás, não devem se sentir culpados por estarem em grande parte do dia afastados do lar, ou pelo fato de dizerem “não” aos seus filhos. Nesses casos, muitos deles procuram compensar sua ausência com condutas permissivas, apelando à via ilusoriamente fácil das “compensações”, que vão desde a concessão de liberdade desmedida até a falta contínua de respeito e de cumprimento de qualquer dever. Pelo contrário. Sua ausência em razão de sua atividade profissional não significa falta de amor ou atenção, mas sim, dignidade para o seu sustento. 
A família é a base da sociedade. Nesse sentido cabe aos pais um papel fundamental na educação dos filhos. Os pais são os primeiros educadores e, desde o início, estão incumbidos do sustento material, cultural e espiritual das crianças. Este é um dever dos pais, que de modo algum pode ser delegado a terceiros ou substituído pelo Estado. Todas as vezes que regimes totalitários quiseram neutralizar ou mesmo usurpar este papel dos pais, as tentativas não foram bem sucedidas. Isto porque somente os pais é que devem cuidar da formação ética e moral dos filhos e prepará-los para a vida. Educação vem do berço!
É preocupante quando vemos a pressão da sociedade pós-industrial, em que jovens casais precisam trabalhar fora (tanto o homem quanto a mulher) e não sabem com quem deixar as crianças, as quais são, muitas vezes, colocadas em creches, quando possível. Nesses casos, desde a mais tenra idade, estas crianças ficam aos cuidados de instituições públicas, longe dos pais, recebendo influências externas num período em que deveriam receber atenção integral em casa, no seio da sua família. Mas não é esta a realidade que hoje vivemos, cuja situação deixa lacunas com desdobramentos imprevisíveis no futuro de cada criança vulnerável a esta forma canhestra de terceirização.

Mesmo assim, vemos muitos pais assumirem seu papel na educação dos filhos com dedicação e até heroísmo. Apesar das dificuldades apresentadas por uma realidade cada vez mais fragmentada e individualista, muitos pais se esforçam para dar a seus filhos o afeto e a atenção necessárias, transmitindo-lhes os conhecimentos que precisam para serem pessoas de bem, com princípios e valores que os fazem assumir os desafios da vida com responsabilidade. Tais valores devem levar os filhos, quando adultos, a serem pessoas participativas e solidárias, ajudando a sociedade a se desenvolver. Isto porque tiveram um bom desenvolvimento pessoal, com o apoio efetivo dos pais. E educar, frise-se, é colocar limites. Não é permitir a filosofia do “cada um pra si e Deus pra todos” e só alisar a cabecinha de crianças e adolescentes mimados. Isto tem dado resultados catastróficos. Educar é estar presente com amor, carinho e valorização, mas sem permitir que os filhos cruzem a “linha vermelha”, ignorando os limites preestabelecidos.













2 comentários:

  1. Bem, apenas para reiterar minha já tão famosa admiração pelo autor desta pérola, não poderia deixar de comentar, essa tão, necessária postagem...
    Confesso ser uma mãe que se sente culpada pela ausência na vida de meus filhos, mas procuro compensar, não com permissividade e sim com carinho e atenção ilimitados, no tempo que dispomos juntos. Procuro assistir com eles o programa de suas preferências para que possamos compartilhar ideias, ouço suas músicas preferidas, durmo tarde para poder estar com eles após o retorno da universidade e ouvir qualquer novidade, desabafo ou apenas um delicioso "Boa noite, mãe"... Com pequenas atitudes e usando meu grande amor (sem deixar de atender a razão), tento desempenhar meu papel de mãe na educação de meus filhos, cometendo muitos erros, sim, mas tentando acertar sempre, com a ajuda fundamental daquEle que me presenteou com as coisas mais preciosas de minha vida... Não posso fracassar na missão que, tão honrosamente, Deus me atribuiu!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. "Estimada Rosa Maria: realmente a sua vida é um exemplo a ser seguido. O seu depoimento é verdadeiro e mostra que ações não permissivas mas as que são praticadas com carinho e atenção ilimitados, atraem os filhos, estabelecem os limites necessários e permitem a união da família. Você é uma mãe que enfrenta os tempos atuais com altivez e, sobretudo, ética. Fique em paz. Com muito respeito, Vilela."

      Excluir