O
jornalista José Laurentino Gomes, autor de “1808” e “1822”, volta agora com
novo best-seller: “1889”. Essa recente
obra do conceituado escritor, trata da proclamação da República,
ocorrida naquele ano de 1889, mais exatamente em 15 de novembro, e remete o
leitor a uma reflexão sobre os tempos eticamente questionáveis que vivemos no
mundo político, econômico e social.
O tema abordado por Laurentino Gomes já
mereceu estudos de muitos especialistas. O interessante sempre a ressaltar é a
velha constatação de Aristides Lobo em relação ao golpe dado para derrubar a
monarquia no Brasil e exilar a família real, dizendo que o povo brasileiro
assistiu a tudo bestializado. Isso significa dizer que o povo ficou alheio a
tudo o que aconteceu, inclusive quanto à humilhação do prazo de apenas 24 horas
para a família real deixar o país, visto que os golpistas republicanos tinham medo
de uma reação popular em favor da permanência da Monarquia no Brasil.
Hoje, mesmo em meio a um tão grande número de
autores esquerdistas que grassam no mercado editorial brasileiro, parece importante
notar que quase todos reconhecem na pessoa do Imperador Dom Pedro II uma das
mais notáveis figuras da nossa História, cuja referência ética na gestão
pública é bem conhecida e destacada por quem estuda o período em que o ilustre
monarca governou o Brasil. E também não se pode deixar de registrar o modo
digno como viveu em seu exílio, falecendo dois anos após a proclamação da
República, num singelo hotel em Paris. Tanto Dom Pedro II quanto a Princesa
Isabel se recusaram a recorrer às armas para retornar ao poder. Foram
governantes de admirável e inquestionável espírito público, realmente voltados
para o bem comum, dedicados a servir o seu povo.
Leandro Narloch, em seu "Guia politicamente
incorreto da história do Brasil", ressalta que "em 16 de novembro de
1889, horas depois de ser destituído do trono pelos republicanos, dom Pedro II
foi embora do Brasil levando consigo um travesseiro cheio de terra brasileira.
A liberdade política que o Império possibilitou foi embora com ele".
Hoje sabemos que 1889 marcou uma ruptura no processo
histórico brasileiro. O Brasil tinha um projeto que foi interrompido
bruscamente, e daí por diante tivemos os sobressaltos da República, com outros
golpes de Estado, o longo período de ditadura militar e a atual fase da
República.
Mas, agora, ao final destas considerações, vem
a pergunta que não quer calar: será que o comportamento e a altivez ética de
Dom Pedro II e da Princesa Regente Dona Isabel, a Redentora, não serviriam de
exemplo para estes nossos “tempos bicudos”? O que temos a comemorar hoje com
este feriado que marca a proclamação da República? ...Talvez o fato de que o
tempo está bom pra gente ir pra praia!
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