A República Federativa do Brasil ao se formar
escolheu como divisa nacional a expressão “Ordem e Progresso”, forma abreviada do
lema de autoria do positivista francês Auguste Comte: “O Amor por
princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. Seu sentido é a realização dos ideais republicanos: a busca de
condições sociais básicas (respeito aos seres humanos, salários dignos etc.) e
o melhoramento do país (em termos materiais, intelectuais e, principalmente,
morais).
O que
vemos hoje? A República está desgovernada. Sim, porque governar é administrar,
dirigir, conduzir. O dicionário exemplifica: governa o país com firmeza e
sabedoria, conduz bem o barco. O país está sendo governado com firmeza e
sabedoria? O barco está sendo bem conduzido? A nau ruma a porto seguro?
Quem
tem olhos de ver e quer ver, sabe que não! Pobre Brasil, triste mulato
inzoneiro, não vejo porque cantar-te...
A
população já está fazendo “justiça” com as próprias mãos. No Rio de Janeiro,
adolescente de 15 anos acusado de roubo foi preso nu e acorrentado com trava de
bicicleta a um poste na orla carioca por pseudos “justiceiros”, à semelhança
das cenas repugnantes e brutais dos escravos acorrentados e sendo açoitados no
Pelourinho, no século 19. Outro, em Belford Roxo , na Baixada Fluminense, acusado de
roubo, foi imobilizado por dois homens no meio da rua e executado sumariamente
por um motoqueiro com três tiros à queima-roupa, tendo os seus miolos
estourados. Em tudo essas cenas, ocorridas em plena luz do dia, lembram os
linchamentos ocorridos na República Centro-Africana, um dos países mais pobres
do mundo. E os transeuntes nem se incomodaram. A rotina de quem passava pela
rua sequer foi abalada. As imagens divulgadas tampouco geraram comoção.
Um
bando de torcedores de um time de futebol invade a sede e quase consegue surrar
os jogadores que, por pouco, escapam.
As
manifestações de rua têm provocado danos a bens públicos e particulares, com
significativos prejuízos de ordem material. Pessoas são feridas, a última
delas, o repórter fotográfico fatalmente vitimado por uma explosão. Quadrilhas
de bandidos comandam as cidades. As favelas pacificadas já voltaram à sua
condição anterior e agora com maior agressividade.
Esses
vândalos, autores dessa barbárie, são presos, são punidos? Ao contrário, são
tratados como vítimas, numa cruel inversão de valores. São pobres coitados,
marginalizados pela sociedade. Os menores quase são pegos no colo, os
criminosos são logo soltos (isto quando são apreendidos) e os policiais são
crucificados.
A população
está desamparada (o que não a autoriza a agir com as próprias mãos). Por que as
autoridades não agem, não cuidam da segurança pública? A quem interessa esse
estado de coisas? A propósito, o povo está desarmado e os bandidos estão
armados! Sintomático não?!...
A
única obra acabada deste “governo” foi feita na ilha dos irmãos Castro, em
Cuba, o porto de Muriel, a um custo de 900 milhões de dólares.
Na
verdade, o desgoverno é tanto que quem está cansado de esperar que o Brasil dê
certo, se encontra no limite da desesperança — e tem condições —, abandona essa
nau sem rumo e vai se refugiar em
Miami. Mas não é este o caminho. Nós somos a sociedade. Nós
somos culpados se permitirmos que este desgoverno continue. Nós temos que mudar
este estado de coisas. E quero acreditar que só faremos isso nas urnas,
escolhendo bem os que irão governar, excluindo aqueles que desgovernam com a
única preocupação de se beneficiarem dos cargos onde nós os colocamos.
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