sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Enfim, o Carnaval



A comemoração para o carnaval, tradicional festa popular brasileira (ao lado do futebol) está próxima. O Carnaval é a festa da alegria do povo brasileiro, marcada pela criatividade, tendo se tornando uma expressão da arte popular, da cultura nacional. E quando se fala em carnaval, pensa-se automaticamente no Rio de Janeiro. No mundialmente famoso carnaval do Rio. É como pedir refrigerante. Quando perguntam qual o refrigerante que você quer tomar, a resposta, invariavelmente, é coca-cola. Parece que virou sinônimo. Mas, a respeito do carnaval, há uma questão que não me sai da cabeça. Tá martelando!... Ainda existe no Rio carnaval feito pelo povo e para o povo, assim como a praça é do povo, nos versos de Castro Alves?

A propósito, em 1959, Manuel Bandeira, poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor, integrante da geração de 22 da literatura moderna, que produziu a famosa Semana de Arte Moderna de 1922, escreveu ao Jornal do Brasil que o carnaval Está morrendo mesmo. Bandeira dizia, naquela oportunidade: “(...) Carnaval no Rio houve, mas foi no tempo que ainda existia a Rua do Ouvidor. (...) A abertura da Avenida Rio Branco foi o primeiro golpe sério no carnaval. A festa diluiu-se, perdeu o calor que lhe vinha do aperto. Mas durante alguns anos houve o corso que era realmente lindo com o seu espetáculo de serpentinas multicores. Os automóveis fechados vieram a acabar com ele. Junte-se a isso a comercialização das músicas, a intromissão do elemento oficial premiando uma coisa cujo maior sabor estava em sua gratuidade... Vale a pena lamentar? Acho que não. (...) A vida é renovação. (...) Quem não estiver contente com o presente, viva, como eu, das saudades do passado.”. Sábio Bandeira!...



O tempo hoje é outro, mas os argumentos de Bandeira continuam incrivelmente atuais. Tenho pensado muito nisso. É válido um espetáculo que se diz popular, que nasce do seio do povo, pago? Isto é, que para dele usufruir você tenha que pagar e ficar apenas assistindo, sem poder participar? Um espetáculo que é produzido por “bicheiros” e políticos, com base na competição e no lucro? Para gringos? Para a TV Globo? Para ser comercializado lá fora?

Felizmente o carnaval do Nordeste com os frevos, os trios elétricos etc., proporcionam dias de folia e descontração, onde as ruas são tomadas por todas as cores, e os foliões vão para ruas e as avenidas, em desfiles que se estendem por toda a madrugada, até a manhã do dia seguinte, de graça, sem pagar nada, revivendo, dentro do possível, a tradição carnavalesca. Assim como em cidades do interior deste imenso país-continente que insistem em manter o calor dessa tradição com a verdadeira participação do povo numa festa que busca o congraçamento daqueles que querem uma diversão sadia.

De qualquer forma, o que não se pode deixar acontecer é que o Carnaval perca este desejado espírito de confraternização, e que os brasileiros temam ir às ruas por causa da violência, principalmente depois das manifestações que tomaram conta do país desde junho do ano passado. Que o Carnaval seja, afinal, um momento de alegria para todos, sem abusos, para que possa haver dias de descontração, com menos violência.















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