sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

"NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS"


                                       

Esta expressão popular é muito usada em Portugal e na Espanha (“No hay dos sin tres”) e tem até uma correspondente em inglês: “misfortune always comes in threes” (azares sempre vêm em três). O dito incorpora o número cabalístico "três", relacionando uma certa constância entre a cifra e os acontecimentos, como se um fato acontecido duas vezes, pudesse fazer supor a invariável ocorrência de uma terceira vez para o mesmo tipo de infortúnio, má sorte ou azar.






        No dia 11, não apenas os principais jornais brasileiros noticiaram o desfecho trágico  provocado pela atual mobilização de grupos radicais nas manifestações de rua. Também na Europa (o Le Monde, na França; o Il Messaggero, na Itália; a BBC de Londres, na Inglaterra) e nos Estados Unidos (The Wall Street Journal; Associated Press), a imprensa internacional destacou que a morte do jornalista levanta preocupações sobre a segurança na Copa do Mundo deste ano.
        No entanto, “não havia brasileiro razoavelmente informado que já não soubesse que os black blocs sempre fizeram o possível e mais do que o razoável para que os policiais encarregados de reprimir seu vandalismo nas ruas das cidades brasileiras produzissem um mártir. O cinegrafista da Band Santiago Andrade morreu em consequência de ferimentos na cabeça, vítima da explosão de um rojão disparado no centro do Rio num protesto violento contra o reajuste da tarifa de transportes públicos. Eis o mártir! O buscapé disparado da calçada a poucos metros de onde a vítima estava foi criminosamente preparado por vândalos cujas feições estavam escondidas por máscaras e panos com os quais encobriam o rosto", escreveu José Nêumanne (O Estado de S.Paulo, 12/2, A2).
        Em uma longa entrevista concedida à TV Globo, quando o segundo acusado da morte de Santiago foi preso na Bahia, na 4ª-feira, o advogado de defesa dos dois indiciados disse que “tudo foi uma fatalidade; que não houve intenção de matar ninguém; que esses jovens são tão vítimas quanto o cinegrafista e a família dele; que há aliciamento de jovens para as manifestações de rua, comprados a R$ 150,00 (necessários para complementar a pouca renda dos aliciados!, segundo o advogado); e que a polícia é quem deve investigar quem são os aliciadores”.
        A colunista Martha Medeiros (Zero Hora, 12/2) tem a opinião de que não foi nem azar, nem fatalidade: “Quem viu as imagens do rojão que atingiu o cinegrafista Santiago Andrade durante um protesto no Rio considerou a tragédia um azarão. Não foi azar de quem soltou o artefato, nem azar de quem estava no caminho. Houve, mais uma vez, a falta absoluta de conexão entre causa e consequência, uma relação lógica que entrou em desuso. Quem lida com material explosivo no meio da rua (ou dentro de um estádio, como aconteceu no ano passado num jogo do Corinthians, na Bolívia) tem de estar ciente de que pode ferir e até matar outros”.
        Neste sentido, a morte do jovem boliviano de 14 anos (atingido no rosto por um sinalizador naval que partiu da torcida do Corinthians, no jogo entre San José e Corinthians, pela Libertadores da América) foi a primeira vez.
        A morte do cinegrafista brasileiro de 49 anos, vítima da explosão de um rojão disparado no protesto contra o reajuste da tarifa de transportes públicos no Rio foi a segunda vez.
        Para evitar que haja uma outra morte, na terceira vez que confirmaria o dito popular, o único antídoto contra a atuação da ignorância assassina de grupos sem identidade, sem mensagem, proposta ou ideologia definidas é a educação.

        Não o aliciamento, não as esmolas governamentais, não a manutenção do status quo da miséria do analfabetismo e da pouca instrução, mas a educação de qualidade.

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