"Não é a consciência do homem que lhe determina
o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a
consciência." (Karl Marx)
O
tráfico de pessoas — uma expressão da violência que assume dimensões cada vez
maiores numa sociedade já marcada por outras formas de violências cotidianas —
é hoje no Brasil fonte de renda que supera o tráfico de drogas e o
tráfico de armas, movimentando, aproximadamente, 32 bilhões de dólares por ano,
segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
Traficar
pessoas implica em recrutar, transportar, transferir, alojar ou acolher pessoas,
recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, como o rapto,
a fraude, o engano, o abuso de autoridade ou de situação de vulnerabilidade ou também
entregar ou aceitar pagamento ou benefícios para obter o consentimento de uma
pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de explorá-la.
Na
maioria das vezes mulheres e crianças, são levadas para fora do país, onde são
prostituídas, violentadas e vendidas por preços altos. A face mais visível do
problema é o turismo sexual e o embarque de mulheres dos países de origem para
os países receptores em busca de oportunidades de trabalho em casas noturnas e
boates. E também, a venda de órgãos, adoção ilegal, pornografia infantil, as
formas ilegais de imigração com vistas à exploração do trabalho em condições
análogas à escravidão, ao contrabando de mercadorias.
Este
ano a Campanha da Fraternidade, promovida pela CNBB, busca uma reflexão sobre a
questão do tráfico humano, destacando que "o tráfico de pessoas com o
objetivo de exploração sexual encontra eco numa sociedade por causa da cultura
de busca desenfreada do prazer". E ressalta que "a cultura atual como
cúmplice indireto do tráfico humano, faz da sociedade consumidora de
pornografia desenfreada".
No
contexto da sociedade individualista e consumista do nosso tempo, que aplaude a
cultura hedonista e mercantil que promove a exploração sistemática da sexualidade,
onde o sexo é apresentado como mercadoria e a pessoa como objeto, onde o corpo
aparece como alvo de agressões à dignidade humana, essa nova forma de escravidão
do século XXI, cresce e se agiganta. Não importa se são crianças, meninas,
mulheres ou homens, qualquer um pode se tornar uma vítima.
Esta
chaga social tem que ser estancada. Há que se respeitar as pessoas como seres
humanos que têm dignidade e que não podem ser tratados como mercadorias e
objetos. A vida humana vale todo o empenho da sociedade para que tenha
realmente a dimensão sagrada que possui, daí porque não podemos e não devemos aceitar
o tráfico humano e outras formas de violência. Não há como conviver, em sã
consciência, com os crimes de tráfico humano atual (venda de bebês, venda de mocinhas
para magnatas — em procedimento às vezes “legitimado” por certas seitas
intituladas como “religiões” —, venda para a exploração da prostituição etc.).
É preciso acordar e agir. É necessário que todos nós nos unamos para dar um
basta a essa situação e nos resguardemos.
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