A
democracia, dentre os regimes existentes e conhecidos, é o maior valor de uma
sociedade livre e humanizada. Apesar da sua imperfeição, entre o ir e vir de experiências
totalitárias e democráticas, ainda não se descobriu nada melhor desde os
antigos gregos.
O
tema parece oportuno, pois estamos a 50 anos do regime militar implantado no
Brasil. Foram vinte anos de ditadura militar, e outros tantos anos para
conseguir afirmar e consolidar a redemocratização no país. Por isso, não
podemos ser reducionistas e achar que as soluções para os velhos problemas de
corrupção e imoralidade devam ser resolvidos com o autoritarismo. Nesse
sentido, toda vigilância se faz necessária para evitar retrocessos.
O
que os brasileiros querem é uma democracia vigorosa, em que todos tenham garantidos
as suas liberdades individuais e de associação, mas que também sejam cumpridas
as leis e a ordem constitucional, pois democracia não é permissividade e
anarquia, mas é liberdade com responsabilidade. E mais: democracia autêntica é cumprimento
da lei, onde governantes e governados a ela se submetam. A democracia que
vivenciamos necessita ser aprimorada para que o Brasil se torne próspero, ético
e ofereça segurança para nele se viver.
É
preciso que os brasileiros tomem consciência de como estão sendo governados e
exijam satisfação e, sobretudo, respeito. É preciso que os governantes
entendam, de uma vez por todas, que não têm vontade pessoal no exercício das
suas funções públicas. Têm sim compromisso para com o povo que os elegeu. É
preciso que os parlamentares integrantes do Congresso Nacional, das Assembleias
Legislativas, das Câmaras Municipais, se posicionem, questionem, cumpram o
papel para o qual foram eleitos, para o qual receberam o voto do povo para
representá-lo.
É preciso, numa democracia pra valer, que sejam
explicados todos os meandros dos empréstimos de financiamento de obras no
exterior, em especial em Cuba, Venezuela e Angola. É preciso saber a extensão desses
empréstimos e qual a razão deles serem aplicados nesses países. Muitos, senão a
significativa maioria dos cidadãos brasileiros ficou sabendo somente agora que
não foi apenas para se construir o Porto de Mariel, em Cuba, que o nosso suado
dinheirinho foi empregado. Enquanto São Paulo e, principalmente, Salvador, sofrem
com a falta de transporte via metrô, o BNDES financia completamente o metrô de
Caracas.
Um parlamentar que não se cala e incomoda o governo
(um dos poucos senão o único), o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), assim se
pronunciou sobre essas questões: "Não se pode admitir que o governo faça
empréstimos vultosos sem que aqueles que pagam impostos saibam de informações
como o valor dos empréstimos, o prazo de carência para o seu resgate, taxas de
juros. Não vejo outro assunto que revolte tanto a população como saber que o
governo empresta dinheiro dos brasileiros para a construção de um porto em
Cuba, para o metrô de Caracas, para a construção de uma hidrelétrica na
Venezuela, entre outras tantas obras em países controlados por ditadores
sanguinários".
O senador Álvaro Dias ingressou no Supremo Tribunal
Federal (STF) com ação direta contra a presidente Dilma Rousseff, o ministro
Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e o presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, para obter essas informações com base na Lei nº 12.527, de
2011 (Lei de Acesso à Informação) que, conforme preceitua em seu artigo 1º, tem
a finalidade de “garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição
Federal”.
Caso o STF acate o pedido do senador Álvaro Dias, muita
coisa deverá ser esclarecida, pois se calcula que o desvio de dinheiro público
por intermédio desses “empréstimos” é tão grande que o Mensalão será
completamente esquecido por ter sido apenas um “roubozinho” sem a “menor
importância”. Não se pode esquecer que os empréstimos foram feitos em moeda
estrangeira, dólares, bilhões deles! Se o Brasil tiver a sorte de ter como
relator da matéria um ministro como Luiz Fux ou um Gilmar Mendes, os nossos
atuais e ex-dirigentes (leia-se aqui presidente Dilma Rousseff e ex-presidente
Lula da Silva) e o PT vão ter que explicar muita coisa.
Isto é democracia. Saber onde o dinheiro do povo é
empregado e como. O dinheiro não é dos governantes; não é de quem governa; é do
povo. O resto é ilusionismo, falcatrua (artifício que se usa para iludir
pessoas ou fraudar alguma coisa)...
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