sexta-feira, 21 de março de 2014

O que vale pra um não vale pra outro...






Peço desculpas aos leitores, pois não pretendia ser recorrente. Contudo, me move inafastável sentimento de indignação. Ainda me remeto ao pronunciamento feito no dia 24 de fevereiro pela presidente Dilma Rousseff na VII Cúpula Brasil-Europa, em Bruxelas, capital da Bélgica e também da União Europeia e que abordei no artigo intitulado “dá pra entender?!...”.

Nessa reunião diplomática a presidente, além das frases incompreensíveis e sem nexo que produziu, fez algumas reflexões sobre a Venezuela e a Ucrânia. Pra variar falou bobagem. Dilma sugeriu que, em certas circunstâncias, a ditadura pode ser até tolerável; tentou omitir o óbvio apoio que o seu governo dá à Venezuela e evidenciou porque a liderança regional do Brasil é insignificante, reduzindo-se a uma tiete de Nicolás Maduro, o clone de Hugo Chávez e que “preside” aquele país, perdendo a oportunidade de se posicionar como líder da maior economia da América Latina.

Em defesa de Maduro e sob a orientação do governo de Dilma Roussef, o Brasil, durante reunião extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA), realizada ainda neste mês nos Estados Unidos, votou pelo não envio de observadores dessa organização para analisar a situação na Venezuela.

O fato é que não se pode desconhecer o crescimento da violência oficial imposto ao povo venezuelano. À exceção da Colômbia, todos os demais países vizinhos estão silenciosos.

A atitude da política externa determinada pela presidente é, no mínimo, constrangedora. A presidente Dilma sofreu na própria pele a angústia e as agruras de, quando jovem e idealista, ser opositora de uma ditadura. Companheiros seus foram mortos. Ela sobreviveu e hoje ocupa o posto máximo que um cidadão poderia almejar: o de comandante em chefe da Nação. Com esse passado a presidente tem o dever moral de pressionar o governo da Venezuela para que deixe de torturar e matar jovens, idealistas e opositores do regime chavista. Caso contrário, não dá pra deixar de entender que os mandatários de esquerda desta pobre América Latina são contra a tortura e o assassinato de opositores políticos apenas quando seus companheiros de ideologia estão por baixo. Uma vez no poder ignoram o que não lhes interessa e se tornam, em decorrência, coniventes, cúmplices, com os atos de repressão.

Tudo isso leva a uma triste, senão trágica conclusão: para Cristina Kirchner, presidente da Argentina, José Mujica, presidente do Uruguai, Dilma Roussef, presidente do Brasil e outros mandatários de esquerda da América Latina, “torturar e matar são atos de ditadura apenas quando o regime é de direita. Se o carrasco é de esquerda, tudo bem.” (Veja, edição 2.365, ano 47, nº 12, de 19/3/2014, seção “Carta ao Leitor”, sob o título “Os mártires de Caracas”, p. 13).

E a nós, brasileiros, resta ter fé para que essa situação não venha a acontecer aqui, em território desta “pátria mãe gentil”, porque, pelo andar da carruagem, estaremos todos órfãos!












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