Peço
desculpas aos leitores, pois não pretendia ser recorrente. Contudo, me move
inafastável sentimento de indignação. Ainda me remeto ao pronunciamento feito
no dia 24 de fevereiro pela presidente Dilma Rousseff na VII Cúpula
Brasil-Europa, em Bruxelas, capital da Bélgica e também da União Europeia e que
abordei no artigo intitulado “dá pra entender?!...”.
Nessa
reunião diplomática a presidente, além das frases incompreensíveis e sem nexo
que produziu, fez algumas reflexões sobre a Venezuela e a Ucrânia. Pra variar falou
bobagem. Dilma sugeriu que, em certas circunstâncias, a ditadura pode ser até
tolerável; tentou omitir o óbvio apoio que o seu governo dá à Venezuela e
evidenciou porque a liderança regional do Brasil é insignificante, reduzindo-se
a uma tiete de Nicolás Maduro, o clone de Hugo Chávez e que “preside” aquele
país, perdendo a oportunidade de se posicionar como líder da maior economia da
América Latina.
Em
defesa de Maduro e sob a orientação do governo de Dilma Roussef, o Brasil, durante
reunião extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA), realizada
ainda neste mês nos Estados Unidos, votou pelo não envio de observadores dessa
organização para analisar a situação na Venezuela.
O
fato é que não se pode desconhecer o crescimento da violência oficial imposto
ao povo venezuelano. À exceção da Colômbia, todos os demais países vizinhos
estão silenciosos.
A
atitude da política externa determinada pela presidente é, no mínimo,
constrangedora. A presidente Dilma sofreu na própria pele a angústia e as
agruras de, quando jovem e idealista, ser opositora de uma ditadura.
Companheiros seus foram mortos. Ela sobreviveu e hoje ocupa o posto máximo que
um cidadão poderia almejar: o de comandante em chefe da Nação. Com esse passado
a presidente tem o dever moral de pressionar o governo da Venezuela para que
deixe de torturar e matar jovens, idealistas e opositores do regime chavista.
Caso contrário, não dá pra deixar de entender que os mandatários de esquerda
desta pobre América Latina são contra a tortura e o assassinato de opositores
políticos apenas quando seus companheiros de ideologia estão por baixo. Uma vez
no poder ignoram o que não lhes interessa e se tornam, em decorrência, coniventes,
cúmplices, com os atos de repressão.
Tudo
isso leva a uma triste, senão trágica conclusão: para Cristina Kirchner,
presidente da Argentina, José Mujica, presidente do Uruguai, Dilma Roussef,
presidente do Brasil e outros mandatários de esquerda da América Latina, “torturar
e matar são atos de ditadura apenas quando o regime é de direita. Se o carrasco
é de esquerda, tudo bem.” (Veja, edição 2.365, ano 47, nº 12, de 19/3/2014,
seção “Carta ao Leitor”, sob o título “Os mártires de Caracas”, p. 13).
E
a nós, brasileiros, resta ter fé para que essa situação não venha a acontecer
aqui, em território desta “pátria mãe gentil”, porque, pelo andar da carruagem,
estaremos todos órfãos!
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