sexta-feira, 21 de março de 2014

Pai, vamos conhecer Valinhos? (Aderlene Maçaira)







“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” (Fernando Pessoa)

Relembrando
Adriano nasceu em Everdosa, Portugal. Quando beirava os doze anos, os pais quiseram vir para o Brasil.
Um navio cargueiro levou 19 dias para aportar em Santos.
São Caetano do Sul foi sua primeira morada, no Brasil.
O pai, ferreiro por profissão, malhava o ferro para fazer ferraduras e tantas outras peças, contando com a ajuda do menino Adriano, que manejava o fole para manter o calor da forja.
Atingindo a idade para trabalhar em indústrias que efervesciam naquela época, o jovem Adriano foi aprendiz de barbeiro e trabalhou também em fabricação de botões e chuveiros.
Inquieto para descobrir melhores oportunidades, com a mudança da família para o bairro de Tatuapé, na capital, Adriano se tornou feirante: sua banca de tomates se destacava por sua vontade expressa de servir bem!
Adriano não desistia de aceitar desafios difíceis, parece até que recebia as intuições do poeta Fernando Pessoa: Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...


Em 1969, entre bancas de legumes e verduras, conheceu a jovem Alzira. Veio o casamento e depois vieram os filhos, Aderlene e Roberto.
Nesse período, o feirante já virara caminhoneiro, recolhendo grandes volumes de verduras e transportando-os para o entreposto CEASA.
Um dia, a menina Aderlene recebeu o pai toda entusiasmada: “Pai, passou por aqui uma perua gritando: figo roxo, delícia de Valinhos!” Lá em Portugal não tem figo? Vamos conhecer Valinhos, o senhor vai gostar!”


Aquela garota, hoje advogada, foi quem instigou Adriano a vir conhecer Valinhos.
E chegando aqui, a calma da cidade (na época com aproximadamente 43 mil habitantes) e o cheiro de figo maduro encantaram Maçaira! Na certa, ele deve ter se lembrado do adágio popular de Açores (território autônomo da República Portuguesa): “mais vale o cheiro do que o gosto!”
Então, ele decidiu: quero conferir o porquê desse meu deslumbramento!
Em 5 de agosto de 1978, Adriano retornou a Valinhos com toda a família, porque assumiria uma posição no planejamento do novo empreendimento familiar: a Empresa de Transportes Rápido Luxo.
Chegava o momento de relembrar das pedras guardadas, e construir seu “castelo” em terra firme.
Valinhos ainda não tinha uma Secretaria de Transporte que organizasse com modernidade e segurança o transporte coletivo do município, mas Adriano pesquisou e planejou trajetos, pontos e linhas até estar seguro de que Valinhos e as cidades vizinhas fossem bem servidas.
Com espírito altruísta, Maçaira se tornou um benemérito que, de braços abertos, se dedicou a atender reivindicações de entidades como APAE, Creche Tia Nair, Instituto Esperança, Pastoral do Menor.


Com espírito desportista, ele se filiou à Associação dos Muladeiros e a um cordão carnavalesco e sempre procurou estar presente a todas as festas, tanto as de clubes de bairros, como  a do Figo e Expogoiaba.
Atraído pela política, Maçaira candidatou-se, elegeu-se e, por três mandatos, foi atuante vereador na Câmara Municipal.
Em 1995, e antes que o projeto nacional fosse aprovado, ele apresentou um projeto de lei tornando obrigatório o uso do cinto de segurança em Valinhos, e os veículos a trafegarem durante o dia com luzes externas (farol baixo) acesas. Só o vereador Valdeci Luiz da Silva votou contra, na época alegando inconstitucionalidade do projeto, embora declarasse que não iria dirigir sem cinto de segurança.
Preocupado em prevenir o caos no trânsito de Valinhos, em 1996, Adriano Maçaira apresentou o projeto de Lei “Anel Viário de Valinhos”, que propunha um fluxo racional de veículos para o município.


Constatando a sua expressão de felicidade e dever cumprido é como se ouvíssemos desse agora português-valinhense os versos do português Fernado Pessoa recitados para Valinhos: Amo como ama o  amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo (Valinhos)?
O projeto dessa honraria, aprovado por unanimidade pelos vereadores, foi de autoria do vereador Lourivaldo Messias de Oliveira.



Adriano Maçaira se fez merecedor da homenagem por sua atuação como homem empreendedor, como ex-vereador e como atuante participante e apoiador de atividades culturais, sociais e beneméritas do município.

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