“O valor das coisas não está no tempo
que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas
inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” (Fernando Pessoa)
Relembrando
Adriano nasceu em Everdosa,
Portugal. Quando beirava os doze anos, os pais quiseram vir para o Brasil.
Um navio cargueiro levou 19
dias para aportar em Santos.
São Caetano do Sul foi sua
primeira morada, no Brasil.
O pai, ferreiro por
profissão, malhava o ferro para fazer
ferraduras e tantas outras peças, contando com a ajuda do menino Adriano, que
manejava o fole para manter o calor da forja.
Atingindo a idade para
trabalhar em indústrias que efervesciam naquela época, o jovem Adriano foi
aprendiz de barbeiro e trabalhou também em fabricação de botões e chuveiros.
Inquieto para descobrir
melhores oportunidades, com a mudança da família para o bairro de Tatuapé, na capital, Adriano se tornou feirante: sua banca de tomates se destacava por sua
vontade expressa de servir bem!
Adriano
não desistia de aceitar desafios difíceis, parece
até que recebia as intuições do poeta Fernando Pessoa: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou
construir um castelo...”
Em 1969, entre bancas de
legumes e verduras, conheceu a jovem Alzira. Veio o casamento e depois vieram
os filhos, Aderlene e Roberto.
Nesse período, o feirante
já virara caminhoneiro, recolhendo
grandes volumes de verduras e transportando-os
para o entreposto CEASA.
Um dia, a menina Aderlene
recebeu o pai toda entusiasmada: “Pai, passou por aqui uma perua gritando: “figo roxo, delícia de Valinhos!” Lá em Portugal não tem figo? Vamos conhecer
Valinhos, o senhor vai gostar!”
Aquela garota, hoje
advogada, foi quem instigou Adriano a vir conhecer Valinhos.
E chegando aqui, a calma da
cidade (na época com aproximadamente 43
mil habitantes) e o cheiro de figo
maduro encantaram Maçaira! Na certa, ele deve ter se lembrado do adágio popular
de Açores (território autônomo da República Portuguesa): “mais vale o cheiro do
que o gosto!”
Então, ele decidiu: quero
conferir o porquê desse meu deslumbramento!
Em 5 de agosto de 1978,
Adriano retornou a Valinhos com toda a família, porque assumiria uma posição no
planejamento do novo empreendimento familiar:
a Empresa de Transportes Rápido Luxo.
Chegava o momento de
relembrar das pedras guardadas, e
construir seu “castelo” em terra firme.
Valinhos ainda não tinha
uma Secretaria de Transporte que organizasse
com modernidade e segurança o transporte coletivo do município, mas Adriano
pesquisou e planejou trajetos, pontos e
linhas até estar seguro de que Valinhos e as
cidades vizinhas fossem bem servidas.
Com espírito altruísta,
Maçaira se tornou um benemérito que, de braços abertos, se dedicou a atender
reivindicações de entidades como APAE, Creche Tia Nair, Instituto Esperança,
Pastoral do Menor.
Com espírito desportista,
ele se filiou à Associação dos Muladeiros e a um cordão carnavalesco e sempre
procurou estar presente a todas as festas,
tanto as de clubes de bairros, como a do Figo e Expogoiaba.
Atraído pela política,
Maçaira candidatou-se, elegeu-se e, por três
mandatos, foi atuante vereador na Câmara Municipal.
Em 1995, e antes que o projeto nacional fosse aprovado, ele apresentou um projeto
de lei tornando obrigatório o uso do
cinto de segurança em Valinhos, e os veículos a trafegarem durante o dia com
luzes externas (farol baixo) acesas. Só o vereador Valdeci Luiz da Silva votou
contra, na época alegando inconstitucionalidade do projeto, embora declarasse
que não iria dirigir sem cinto de segurança.
Preocupado em prevenir o
caos no trânsito de Valinhos, em 1996,
Adriano Maçaira apresentou o projeto de
Lei “Anel Viário de Valinhos”, que propunha um fluxo racional de veículos para
o município.
Constatando a sua expressão
de felicidade e dever cumprido é como se ouvíssemos desse agora
português-valinhense os versos do português Fernado Pessoa recitados para
Valinhos: “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para
amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero
dizer-te é que te amo (Valinhos)?”
O projeto dessa honraria,
aprovado por unanimidade pelos
vereadores, foi de autoria do vereador Lourivaldo Messias de Oliveira.
Adriano Maçaira se fez
merecedor da homenagem por sua atuação como homem empreendedor, como ex-vereador
e como atuante participante e apoiador de atividades culturais, sociais
e beneméritas do município.
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