sexta-feira, 7 de março de 2014

Que ninguém se aproveite



Literatura faz falta em tudo: na música, no teatro, no cinema, na arquitetura, na culinária, no amor. Um mínimo de poesia, sutileza, refinamento: sem isso, a vida fica rasteira. Sem a literatura como base, não se consegue dar nem mesmo uma opinião, quanto mais criar algo que esteja dois degraus acima da mediocridade.” (Martha Medeiros, Zero Hora, 02/03)


        Em homenagem ao “Dia Internacional da Mulher”, e para justificar a epígrafe usada, ilustro este texto com o óleo sobre tela pintado em 1881 pelo artista belga Lawrence Alma-Tadema, que mostra uma plateia feminina a ouvir os versos de Safo. E também cito alguns versos  da escritora, poeta e dramaturga Renata Pallottini.
        Safo (630-612 a.C.) era uma poetisa grega. Ela viveu na ilha de Lesbos, ativo centro cultural na Grécia do século VII a.C. Era muito respeitada, apreciada e considerada, naquela época, "a décima musa". Mas sua literatura sofreu censura na Idade Média, devido ao seu conteúdo erótico-emocional dirigido a outras mulheres. Por isso, o que restou de sua obra foram apenas alguns fragmentos.
        O termo “lésbica” é derivado da associação desse gênero de poesia homoafetiva feminina com o nome da ilha onde Safo vivia, Lesbos.

                              

        No Brasil, em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união civil entre homossexuais, assegurando a eles os mesmos direitos dos casais heterossexuais.
        No entanto, desde o início da década de 1980, Renata Pallottini, como uma moderna Safo brasileira, já dedicava versos à mulher amada: 

Cerejas, meu amor,
mas no teu corpo.
Que elas te percorram
por redondas.

E rolem para onde
possa eu buscá-las
lá onde a vida começa
e onde acaba

e onde todas as fomes
se concentram
no vermelho da carne
das cerejas...

        E exortava todas as mulheres:

que ninguém se aproveite
da força do teu sexo
da força do teu braço
da força do teu cérebro.

        Porque “nada é mais importante do que tu mesma, Irmã”, como sempre disse Renata Pallottini.

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