sexta-feira, 25 de julho de 2014

O D. Quixote do sertão




O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso. Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver.”
 (Ariano Suassuna)



É de se lamentar profundamente as mortes de três ícones da literatura brasileira, nesses últimos dias: a do baiano João Ubaldo Ribeiro, aos 63 anos; a do mineiro Rubem Alves, aos 80 anos; e a do paraibano/pernambucano Ariano Suassuna, aos 87 anos.
Por sua generosidade, alegria, desafetação, simplicidade, por seu jeito terno, e por sua raridade como seres humanos especiais que tanto fizeram pela valorização da cultura nacional e da Educação, eles merecem todas a homenagens que lhes têm sido prestadas.
Que Deus os tenha!



A charge de William Medeiros mostra o advogado, dramaturgo, romancista, professor, pintor, poeta, filósofo, e membro da Academia Brasileira de Letras Ariano Suassuna como um D. Quixote do sertão símbolo irrefutável da luta incansável em prol da cultura nordestina.

Nascido em 1927, ele passou a infância na Paraíba; depois foi viver em Pernambuco; formou-se em Direito; fundou o Teatro do Estudante, e em 1947 escreveu sua primeira peça. Em 1956, tornou-se professor de Estética na Universidade Federal do Pernambuco, cargo exercido até 1994, quando se aposentou.
As obras de Ariano (“Auto da Compadecida”, “A Pedra do Reino”, “O Santo e a Porca”, “A Pena e a Lei”, “Uma Mulher vestida de Sol”, “Farsa da Boa Preguiça”, as “Aulas-Espetáculo”, etc.) sempre se alimentam de elementos das raízes populares, tradicionais, misturados com o clássico formal, sintetizando uma arte própria, nordestina e extremamente brasileira.
Unindo a diversidade das manifestações populares brasileiras, Suassuna criou o “Movimento Armorial”, que une o universo de folhetos de cordel, mágicos romanceiros, a música de rabeca e de viola, a música cantada, com a arte de xilogravuras e ilustrações dos romances.
Com seu riso a cavalo e seu sonho a galope, com sua alegria de realista esperançoso, ele enfrentou “a dura e fascinante tarefa de viver”, até 4ª-feira, quando nos deixou e se foi, encantado, para a terceira margem do rio.

Ficamos todos órfãos e um pouco mais tristes.















Edição n.º 945 - página 01

Para não esquecer jamais


Há 50 anos, na virada do mês de março para abril, na calada da noite, os militares se empossaram como administradores do Brasil, depondo o presidente João Goulart.
A ditadura militar durou duas décadas.
Que tempo de temores, inseguranças e desconfianças!
Eu frequentava um curso de extensão cultural, para professores, e não concordando com uma aula muito xôxa sobre técnicas de comunicação, tive a infelicidade de criticar o despreparado professor com o comentário: “É por isso que o Brasil não vai pra frente!”
O professor imediatamente parou com a aula e saiu um pouco da sala. Ficou um silêncio atroz.
Uma colega me chamou a atenção, dizendo: “você vai se encrencar, porque o professor é militar”.
Não deu outra! Quinze minutos foram o suficiente para aparecerem, na porta da sala,  três policiais  fardados me convidando para sair da classe. Não atendi os policiais porque na classe uma outra colega professora, que também era advogada, preencheu uma sumária procuração em folha de caderno. Eu assinei e ela foi me representar, na conversa com os militares, lá no corredor.
O clima ficou insuportável. Todos tremeram de medo, temendo uma invasão da classe.
Meia hora depois voltou a colega advogada e comunicou que eu iria receber uma intimação para depor no DOPS – Departamento de Ordem Política e Social em São Paulo.
Realmente, quatro dias depois atendi à intimação. Fiquei quatro horas respondendo perguntas e driblando insinuações do temível Coronel Erasmo Dias, comandante encarregado do inquérito e que demonstrava suspeitar que eu pertencia a alguma célula revolucionária!
(Para quem não se lembra, o Coronel Erasmo Dias é aquele que, comandando um pelotão, invadiu não só a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, quebrando tudo e danificando até a biblioteca, como também invadiu o teatro da universidade, levando muitas pessoas para o DOPS)
Como não descobriram nada que me incriminasse, passei mais só um tempo de castigo, ouvindo os conselhos do coronel. Liberado, fui embora e durante os anos da ditadura militar não emiti opinião política, confirmando o ditado “gato escaldado tem medo de água fria”.
Em julho de 2002, retornei ao prédio do DOPS, que passou a ser um espaço cultural, restaurado sob a administração da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Mas, confesso, é difícil entrar ali e esquecer aquela sensação de impotência frente a um poder ditatorial.
Jamais será possível esquecer!








Tom Santos





Edição n.º 945 - página 02


O DIÁLOGO É ALIMENTO DA ALMA


“Era fim de tarde. Um sábado normal. Um homem estava olhando o jardim da sua casa, quando viu um garoto parado junto à cerca, observando com atenção. O homem aproximou-se do garoto para saber o que desejava.
- Tem um pedaço de pão velho? – perguntou.
A maioria das pessoas se incomoda muito quando alguém pede alguma coisa, seja na porta de casa, seja na rua. De fato, nunca sabemos se quem está pedindo realmente necessita de ajuda. Mas nesse dia a reação do homem foi diferente. Talvez a idade lhe ensinasse a agir com mais serenidade, ou talvez tenha se impressionado com a simplicidade do garoto que não falou nada além daquele ‘tem um pão velho?’. De qualquer modo, o velho homem sentiu-se tocado e resolveu puxar assunto com o menino.
- Onde você mora? – começou.
Ouviu a resposta: um lugar bem longe, na periferia. Conhecia o nome, mas jamais estivera por lá. Continuou:
- Você vai à escola?
- Não, minha mãe não pode comprar o material de que preciso, respondeu.
Assim a conversa prosseguiu. Comovido pela vida sofrida do garoto, o homem resolveu ajudar.
Depois de alguns minutos de conversa, perguntou se ele gostaria de mais alguma coisa além do pão.
Imediatamente o garoto respondeu:
- Não preciso, não! O senhor já me deu bastante.
“Conversou comigo!”


É bem verdade que algumas coisas passam despercebidas no cotidiano da nossa vida! Por exemplo, a necessidade que as pessoas têm de receber atenção. Há muita carência, não só de bens materiais, mas principalmente de carinho, de atenção, de alguém que possa ouvir, de um gesto de apoio, de uma palavra de entusiasmo...
O mundo individualista nos encaminha para uma falta total de tempo para demonstrar nossa consideração, para experimentar a fraternidade.
É esse o tempo de reflexão, de gratidão por tudo que somos e temos. É esse o tempo de disponibilizar nossos dons em benefício dos que precisam ou querem trocar conosco suas habilidades e talentos. Compartilhar as experiências!
É esse o tempo de pensar na grandeza de nossa vida e de que maneira estamos vivendo a busca do essencial, sem nos perder nas coisas superficiais e desnecessárias.
É esse o tempo para tomar atitudes e viver a acolhida e a serenidade. É esse o tempo para conversar mais intensamente conosco mesmos, com as pessoas e com Deus,
É esse o tempo para mudar, para retomar a vida na convivência amorosa e acolhedora com as pessoas, para buscar a paz nas situações do cotidiano...






Edição n.º 945 - página 03



Tecnologia nas escolas municipais



Valinhos se destaca em nível nacional
por tecnologia nas escolas municipais

Em Valinhos, das 19 EMEBs (Escola Municipal de Educação Básica) que o município possui, 18 (95%) delas têm sala de informática e 17 (89%) contam com o sistema Banda Larga para acesso a Internet. Os números contrastam com a situação no país onde metade das escolas públicas não tem computador para os alunos nem acesso à internet.
Os dados são de levantamento da ONG Todos pela Educação, com base no Censo Escolar 2013, e foram divulgados com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (21).
O quadro privilegiado de Valinhos é fruto de investimentos do governo Clayton Machado que, mais uma vez, colocam Valinhos em posição de destaque em nível nacional. Desde o ano passado, o atual Governo já equipou as escolas municipais com 256 novos computadores, que foram distribuídos entre sala de informática (116), parte administrativa (92), sala de professores (34) e Polo UFSCar (14).
Segundo o secretário da Educação, Danilo Sorroce, as 18 salas de informática nas EMEBs contam com 275 computadores para utilização dos mais de 8 mil alunos (1º ao 9º Ano), o que corresponde a uma média de 29 alunos por computador. No país, essa média é de 34 computadores por aluno.
“Trabalhamos para inserir nossos alunos da rede municipal dentro de um contexto atualizado. Grande parte deles já conta com essas tecnologias em casa, por isso a escola precisa se atualizar, para não desestimular a aprendizagem. E tem também a questão da inclusão digital para os alunos que não têm acesso a essas tecnologias”, avalia o prefeito Clayton Machado.
O município também firmou parceria com a Rota das Bandeiras, concessionária que administra as rodovias do corredor Dom Pedro, para o desenvolvimento do projeto ‘Caia na Rede’ que beneficia alunos no contraturno escolar e toda a comunidade com aulas gratuitas de inclusão digital.
Através do programa, a Rota das Bandeiras contemplou o município com Laboratórios de Informática nas EMEBs: ‘André Franco Montoro’, ‘Antônio Mamoni’, ‘Dom Bosco’, ‘Horácio de Sales Cunha’, ‘Orestes Quércia’ e ‘Tomoharu Kimbara’, além da Biblioteca Municipal ‘Mário Corrêa Lousada’. Ao todo a concessionária dotou esses laboratórios com 71 computadores.

Dados nacionais
Os números da ONG Todos pela Educação mostram que, atualmente, 48,1% das escolas públicas de ensino básico não têm computador para uso individual dos alunos. A situação, contudo, melhorou nos últimos anos. De 2008 a 2013, o total de unidades sem acesso à internet caiu de 72,5% para 49,7% e o de escolas sem banda larga, de 82,3% para 59,3%.
Apesar das melhorias, o país ainda está distante das metas de universalizar o acesso à banda larga e de triplicar a oferta de computadores por aluno na rede pública, previstas no Plano Nacional de Educação, recentemente aprovado no Congresso.
Esses patamares ainda estão longe de serem atingidos, principalmente no Norte e Nordeste, que apresentam profundas desigualdades em relação às demais regiões. Apesar de terem investido na compra de equipamentos e apresentarem a redução mais significativa no número de alunos por computador de 2008 a 2013 - saíram de 163 e 162 alunos por máquina para 48 e 42, respectivamente -, essas regiões ainda têm as piores taxas de alunos por equipamento. A região Sul, com 21 estudantes por computador, é a melhor. Em seguida estão o Centro-Oeste (30 por 1) e o Sudeste (35 por 1).
Mas não basta apenas a compra dos equipamentos. Diversas áreas sofrem ainda com a falta de infraestrutura básica. No Norte, por exemplo, 82,9% da rede pública não tem banda larga e 23,7% estão sem energia elétrica.
Segundo a gerente de projetos do Todos pela Educação, Andrea Bergamaschi, é preciso ter cuidado para que a desigualdade tecnológica não aprofunde o descompasso de aprendizado entre as regiões. "A tecnologia tem de ser usada para reduzir a desigualdade, não para aumentar." Ela destaca a necessidade de articulação entre as secretarias, quando, por exemplo, a escola não tem luz nem internet. "Se os equipamentos estão sendo comprados e não há estrutura, o que vai acontecer?"









Edição n.ª 945 - página 04

25 DE JULHO – DIA INTERNACIONAL DA MULHER NEGRA


“Sou negra e não tenho um dia... tenho uma vida uma história uma cultura um valor um sonho. Consciência? Mas o que é isso mesmo? Prefiro a inconsciência dos desejos, dos ébrios, dos loucos e dos apaixonados. Meu dia são todos os dias. De consciente mesmo só a minha negritude claramente estampada na retina do branco-branco.”  (Poema composto para a peça teatral VAGABUNDOS, Teatro do Sesc, Fortaleza- CE)



Embora não haja registros oficiais sobre a existência da Escrava Anastácia, sua história é conhecida e divulgada por toda parte. A  Escrava Anastácia era uma escrava muito linda, que despertava o interesse e cobiça dos homens. Ela era muito atenciosa e era curandeira, ajudava os doentes e com suas mãos, fazia verdadeiros milagres. Sendo sempre assediada, mesmo sedo escrava, se negou a ir pra cama de seu dono e senhor. Essa atitude causou-lhe extremo sofrimento: apanhou muito e foi sentenciada a usar uma máscara de ferro por toda a vida. Alguns dizem que foi a esposa do seu senhor que, por ciúmes, a obrigou usar a máscara. Outros, que quando foi estuprada, arranhou o rosto do rapaz – por este motivo, foi castigada com a máscara, só tirada às refeições.  Foi muito espancada, e sofreu verdadeiros martírios por toda a sua vida. Ela é um símbolo de força, garra e honra, da mulher que jamais se dobrou às injustiças.  
Em 1992, no decorrer do I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, foi instituído o dia 25 de julho como dia internacional da mulher negra latino-americana e caribenha.
Não é apenas um dia comemorativo, mas sim um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, racismo e exploração de classe.
Contudo, é impressionante o número de mulheres, negras ou brancas, que são escravizadas por seus companheiros e patrões... Ainda, em pleno século XXI, continuam acuadas e sofrendo assédios, agressões. Trabalham em igualdade de competência e período, no entanto o salário ainda é inferior.



Muitas regras vêm sendo alteradas no decorrer do tempo, mas ainda existe uma discrepância muito acentuada a ser dizimada...

Temos urgência em preparar um mundo mais digno para nossas meninas. Que elas possam ser respeitas, tratadas com a dignidade que merecem. Que possam ter direito a uma casa, à saúde, à educação, ao trabalho (salário digno e escolha da profissão), ao lazer, ao amor... sejam elas negras ou brancas!













Edição n.ª 945 - página 05












Biblioteca de Valinhos










Edição n.º 945 - página 06

A INCANSÁVEL BUSCA DA ATUALIZAÇÃO


“Alguns princípios e competências não mudam com o tempo... pois a natureza humana é a mesma.” – Danilo Talanskas


Na história da humanidade, são muitos os bons exemplos de gestão: Napoleão Bonaparte foi um grande estrategista e sua história prova que a busca pela atualização não é um problema do mundo moderno. Outro é José do Egito. Ele tinha visão, liderança, coragem, controle, ética e persistência. Portanto, essas são características que nunca deixarão de ser valorizadas! São os princípios e competências que não mudam com o tempo...
Atualizar-se é uma atitude! Para tanto, muitas são as ferramentas (livros, seminários, jornais, revistas, internet, associações...), que podem nos conduzir.
A visão que tínhamos no passado era de que, concluído o curso superior, estava erigida a “Catedral do Conhecimento”! Pendurávamos o diploma na parede, e pronto!
Hoje, a faculdade dá a estrutura e o alicerce. Será um work in process (trabalho em andamento) para toda a vida. A “Catedral pronta” não existe mais. Depois da graduação vem a especialização, a pós, o MBA, o mestrado, o doutorado. Muitas são as opções de cursos, mas é possível e desejável, incorporar a atualização na rotina diária – nem sempre é possível fazer um curso.

Algumas das competências necessárias para manter-se atualizado:
•     Paixão pela leitura – eternamente;
•     Networking – capacidade de falar com pessoas e se relacionar em qualquer ambiente;
•    Capacidade de foco – em tudo;
•    Ser estrategista, criar diferenciais – construir nas suas habilidades;
•    Habilidade de pesquisa – o que e aonde vou buscar.

Na última terça-feira, pude, mais uma vez, ouvir o professor Cláudio Queiroz falar brilhantemente sobre a Gestão da Mudança, na sede da ABTD (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento). Abordou tópicos como:
·            Mudança – uma variável permanente;
·            Mudança e cultura organizacional;
·            Fases da mudança. Como atuar em cada contexto;
·           A comunicação no processo de mudança;
·             Quais os grandes erros no processo de mudança.
     
Todos esses conceitos e ideias ajudam a compor o mosaico do conhecimento, a continuar a construção da “Catedral”, que somos nós.




            






Edição n.º 945 - página 07

Navegando sem rumo



Recentemente o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação divulgou estudo cujo resultado mostra que, entre 30 países, o Brasil é o que menos retorna serviços públicos à população em relação aos impostos recolhidos. Nessa oportunidade, a presidente Dilma foi eleita a pior administradora de impostos.
No ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Econômico), o Brasil melhorou, é bem verdade, pois passou a se classificar em 79º lugar entre 187 países, superando a média da América Latina. Mas esses indicadores precisam melhorar porque o país ainda esta muito atrás da Argentina e do Chile no que se refere à educação, por exemplo. O Brasil, como sempre tenho dito nos meus despretensiosos artigos, precisa se concentrar na educação para subir ainda mais na lista.
No que diz respeito à economia as medidas que o governo precisa urgentemente tomar para resolver a crise econômica não vão sair, pois são politicamente prejudiciais a quem está no poder. O Brasil está paralisado pelo ano eleitoral. A deterioração fiscal, o baixo crescimento econômico e a piora das contas externas são as justificativas para o rebaixamento da nota de crédito brasileira. A própria presidente e pré-candidata à reeleição Dilma Rousseff afirmou que a estagnação da economia é normal em ano eleitoral e que o cenário de instabilidade só será superado em novembro, depois das eleições. Enfim, vamos esperar as eleições pra depois ver no que dá: se serão cortados os subsídios dos combustíveis, se serão aumentados os preços da energia consumida pela população etc. Por ora, vai tudo pra debaixo do tapete!
O país está num barco furado, navegando a esmo, sem timoneiro e sem direção. Que Deus nos ajude!

















Edição n.º 945 - página 08


sexta-feira, 18 de julho de 2014

O que a revista The Economist previu




Passaram-se 64 anos desde a decepção de 1950. O imaginário local sobre ganhar "em casa" provocou um estado de transe coletivo. A nação escancarou todo o seu atraso civilizatório resumido na dicotomia reducionista e infantil do "é tóis" (o Brasil) contra "eles" (o restante do mundo), como se uma disputa esportiva fosse vital para o país conseguir sanar seus problemas. Agora, a ressaca. O Brasil ainda é uma nação a ser construída, e tem pressa.” (Francisco Rodrigues, Folha de S.Paulo, 9/7)





“A edição da “The Economist” de 12/11/2009, “Brazil takes off” (O Brasil decola), louvava de forma despropositada as perspectivas da economia brasileira. O diagnóstico inspirou a capa em que a estátua do Cristo Redentor decolava, metáfora impactante do que se previa quanto à economia. A matéria principal afirmava que "havia sido concedida autonomia ao Banco Central", que "a economia foi escancarada ao comércio exterior e investimento" e que "algumas das multinacionais brasileiras são empresas anteriormente controladas pelo Estado que estão florescendo com a permissão de operarem com maior independência em relação ao governo. Isto vale para a Petrobras e para a Vale". A despeito de algumas ressalvas quanto a gasto público, baixa poupança, pensões e crime, o otimismo infundado era dominante. Esse magnífico erro de avaliação obrigou à revisão, com a matéria “Has Brazil blown it?” (O Brasil explodiu?), de 28/9/2013, e a capa que registrava o Cristo como descontrolado buscapé”, escreveu Marcelo de Paiva Abreu (O Estado de S.Paulo, 9/7)




No mesmo dia e no mesmo jornal, a articulista Miriam Leitão comentou: “Pode-se perder um jogo. Quantos perdemos? Foram 24 anos sem ganhar uma Copa depois de 1970. O Brasil sabe que tudo se pode esperar de uma Copa do Mundo. Glórias e derrotas. Euforia e tristeza. Mas humilhação como a de 3ª-feira é traumática, entra para a história. Os alemães, que derrotamos em 2002, organizaram-se de forma metódica, paciente, disciplinada. Vieram para vencer. Nós, desorganizados, facilitamos. Não foi um acaso. Nenhuma derrota o é. Por que aconteceu? Fatalidade? Não. Certas derrotas são resultado de como se arma o jogo, da estratégia empregada. Essa tática jamais funcionou. Derrotas ensinam só se quisermos aprender”.
Ou, resumindo com uma frase de outra jornalista do Estadão: “A vitória da técnica sobre o improviso no vexame planetário na partida entre Brasil e Alemanha pareceu corroborar a escrita: não se pode fazer tudo errado esperando que no fim dê tudo certo” (Dora Kramer, O Estado de S.Paulo, 9/7).
E concluindo, introduzo o tema Educação aos temas da revista (Economia) e do jornal (derrota da improvisação e vitória da técnica, da disciplina, da organização): “Em 26 de junho e em ritmo de Copa do Mundo, foi sancionado pela Presidência da República o Plano Nacional de Educação (PNE). A meta mais comentada tem sido a de se destinar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) à Educação, em dez anos. Hoje, são investidos 6,4%. Proporcionalmente, destinar 10% do PIB à Educação faria o investimento médio por estudante saltar de aproximadamente US$ 2.900/ano para cerca de US$ 4.500, o que ainda fica muito aquém dos US$ 10 mil/ano investidos pela Alemanha. O salário inicial médio de um professor de educação básica no Brasil passaria dos atuais US$ 5.000/ano para US$ 7.500 contra US$ 30 mil/ano na Alemanha. Precisamos de muito mais que o investimento do PNE para melhorarmos nosso desempenho. Vamos ter que aprender com os alemães e trabalhar por muitos anos para reduzir as diferenças. Na educação, já estamos na prorrogação. Nesse ponto, o governo Dilma falhou inexoravelmente. Antes dela já era ruim; com ela ficou muito, mas muito pior” (André Luiz Parreira, Folha de S.Paulo, 9/7).
Daí a necessidade, a importância e a pressa de cada voto válido para reconstruir o Brasil. Anular o voto, votar em branco ou não ir votar (cidadãos entre 16 e 18 anos, ou de mais de 70 anos) favorece a continuidade dessa situação que execramos.
Às urnas, então, em 5 de outubro!

















Edição n.º 944 - página 01