sexta-feira, 4 de julho de 2014

Sonho impossível?


Uma sociedade só será democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha que se vender a alguém.” (Jean Jacques Rousseau)



Os leitores sabem que defendi a Copa do Mundo no sentido de que, já que ela está aqui e acontecendo, vamos abraçá-la e fazer desse evento o sucesso que, aliás, está sendo, graças ao calor e a humanidade do nosso povo, do povo brasileiro.
Contudo, se por um lado essa atitude dos nossos concidadãos me alegra, por outro lado me faz triste, num paradoxo que dá pra explicar ou pelo menos tentar. Acredito que todos vemos e percebemos como a população e o estado brasileiro se mobilizam em torno da Copa do Mundo: as pessoas mudam seus horários para se adequarem aos jogos, as empresas, as instituições oficiais também se organizam nesse sentido, ainda que com quebra da sua produtividade. Tudo ocorre em torno de um objetivo. Nós vemos as pessoas vibrando e vivendo a todo o momento um sentimento de felicidade com a ideia do gol da nossa seleção canarinho e se entristecem só de pensar com a eventual possibilidade de um fracasso. Mas não vemos essa mesma mobilização em torno da superação dos problemas comuns e mais simples do dia-a-dia, como a infame desigualdade das classes sociais, os barracos que lembram o “apartheid” da África do Sul, a falta de saneamento básico, a ausência de melhoria e de progresso do ensino nas escolas, as falhas de atendimento e a precária disponibilização da saúde pública, a ineficiência policial ou a discutível qualidade da governança pública nas três esferas do Poder: executivo, legislativo e judiciário.
Não importam os problemas. Eles estão aí e sempre estarão. Mas se não existir a fé pública e coletiva não vamos resolvê-los por mais simples que sejam ou que se apresentem. Não há como governar um povo e organizar instituições se ambos não desejam isso.
É bem verdade que a natureza do brasileiro está mais para a afetividade do que para a razão. Aliás, somos o último reduto da afetividade de um mundo empobrecido pela tecnologia. Mas temos que fazer alguma coisa para resolver os nossos problemas — que são nossos e de ninguém mais — mas temos que querer, que desejar fazer isso. A propósito, o famoso publicitário e executivo americano Leo Burnett ao criar o ícone de “uma mão a alcançar as estrelas”, que ele explicou dizendo: “Quando tentamos alcançar uma estrela, podemos não conseguir apanhar nenhuma mas também não acabamos com as mãos cheias de lama”, buscou dizer que nada é impossível quando, efetiva e concretamente, queremos fazer alguma coisa.
Vamos tentar alcançar as estrelas! Sonho impossível? Não se quisermos e desejarmos realmente, com fé. Vamos usar de toda essa energia e união que o abraço na Copa do Mundo mostra para mudar o Brasil para melhor, não só para nós, mas, sobretudo para nossos filhos e netos, para as próximas gerações. Vamos lutar por este gigante ainda adormecido. Vamos fazer do Brasil o país do futuro. Vamos fazer história!









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