“Era
fim de tarde. Um sábado normal. Um homem estava olhando o jardim da sua casa,
quando viu um garoto parado junto à cerca, observando com atenção. O homem
aproximou-se do garoto para saber o que desejava.
-
Tem um pedaço de pão velho? – perguntou.
A
maioria das pessoas se incomoda muito quando alguém pede alguma coisa, seja na
porta de casa, seja na rua. De fato, nunca sabemos se quem está pedindo
realmente necessita de ajuda. Mas nesse dia a reação do homem foi diferente.
Talvez a idade lhe ensinasse a agir com mais serenidade, ou talvez tenha se
impressionado com a simplicidade do garoto que não falou nada além daquele ‘tem
um pão velho?’. De qualquer modo, o velho homem sentiu-se tocado e resolveu
puxar assunto com o menino.
-
Onde você mora? – começou.
Ouviu
a resposta: um lugar bem longe, na periferia. Conhecia o nome, mas jamais
estivera por lá. Continuou:
-
Você vai à escola?
-
Não, minha mãe não pode comprar o material de que preciso, respondeu.
Assim
a conversa prosseguiu. Comovido pela vida sofrida do garoto, o homem resolveu
ajudar.
Depois
de alguns minutos de conversa, perguntou se ele gostaria de mais alguma coisa
além do pão.
Imediatamente
o garoto respondeu:
-
Não preciso, não! O senhor já me deu bastante.
“Conversou
comigo!”
É
bem verdade que algumas coisas passam despercebidas no cotidiano da nossa vida!
Por exemplo, a necessidade que as pessoas têm de receber atenção. Há muita
carência, não só de bens materiais, mas principalmente de carinho, de atenção,
de alguém que possa ouvir, de um gesto de apoio, de uma palavra de
entusiasmo...
O
mundo individualista nos encaminha para uma falta total de tempo para
demonstrar nossa consideração, para experimentar a fraternidade.
É
esse o tempo de reflexão, de gratidão por tudo que somos e temos. É esse o
tempo de disponibilizar nossos dons em benefício dos que precisam ou querem
trocar conosco suas habilidades e talentos. Compartilhar as experiências!
É
esse o tempo de pensar na grandeza de nossa vida e de que maneira estamos
vivendo a busca do essencial, sem nos perder nas coisas superficiais e
desnecessárias.
É
esse o tempo para tomar atitudes e viver a acolhida e a serenidade. É esse o
tempo para conversar mais intensamente conosco mesmos, com as pessoas e com
Deus,
É
esse o tempo para mudar, para retomar a vida na convivência amorosa e
acolhedora com as pessoas, para buscar a paz nas situações do cotidiano...
Edição n.º 945 - página 03
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