sexta-feira, 18 de julho de 2014

O que a revista The Economist previu




Passaram-se 64 anos desde a decepção de 1950. O imaginário local sobre ganhar "em casa" provocou um estado de transe coletivo. A nação escancarou todo o seu atraso civilizatório resumido na dicotomia reducionista e infantil do "é tóis" (o Brasil) contra "eles" (o restante do mundo), como se uma disputa esportiva fosse vital para o país conseguir sanar seus problemas. Agora, a ressaca. O Brasil ainda é uma nação a ser construída, e tem pressa.” (Francisco Rodrigues, Folha de S.Paulo, 9/7)





“A edição da “The Economist” de 12/11/2009, “Brazil takes off” (O Brasil decola), louvava de forma despropositada as perspectivas da economia brasileira. O diagnóstico inspirou a capa em que a estátua do Cristo Redentor decolava, metáfora impactante do que se previa quanto à economia. A matéria principal afirmava que "havia sido concedida autonomia ao Banco Central", que "a economia foi escancarada ao comércio exterior e investimento" e que "algumas das multinacionais brasileiras são empresas anteriormente controladas pelo Estado que estão florescendo com a permissão de operarem com maior independência em relação ao governo. Isto vale para a Petrobras e para a Vale". A despeito de algumas ressalvas quanto a gasto público, baixa poupança, pensões e crime, o otimismo infundado era dominante. Esse magnífico erro de avaliação obrigou à revisão, com a matéria “Has Brazil blown it?” (O Brasil explodiu?), de 28/9/2013, e a capa que registrava o Cristo como descontrolado buscapé”, escreveu Marcelo de Paiva Abreu (O Estado de S.Paulo, 9/7)




No mesmo dia e no mesmo jornal, a articulista Miriam Leitão comentou: “Pode-se perder um jogo. Quantos perdemos? Foram 24 anos sem ganhar uma Copa depois de 1970. O Brasil sabe que tudo se pode esperar de uma Copa do Mundo. Glórias e derrotas. Euforia e tristeza. Mas humilhação como a de 3ª-feira é traumática, entra para a história. Os alemães, que derrotamos em 2002, organizaram-se de forma metódica, paciente, disciplinada. Vieram para vencer. Nós, desorganizados, facilitamos. Não foi um acaso. Nenhuma derrota o é. Por que aconteceu? Fatalidade? Não. Certas derrotas são resultado de como se arma o jogo, da estratégia empregada. Essa tática jamais funcionou. Derrotas ensinam só se quisermos aprender”.
Ou, resumindo com uma frase de outra jornalista do Estadão: “A vitória da técnica sobre o improviso no vexame planetário na partida entre Brasil e Alemanha pareceu corroborar a escrita: não se pode fazer tudo errado esperando que no fim dê tudo certo” (Dora Kramer, O Estado de S.Paulo, 9/7).
E concluindo, introduzo o tema Educação aos temas da revista (Economia) e do jornal (derrota da improvisação e vitória da técnica, da disciplina, da organização): “Em 26 de junho e em ritmo de Copa do Mundo, foi sancionado pela Presidência da República o Plano Nacional de Educação (PNE). A meta mais comentada tem sido a de se destinar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) à Educação, em dez anos. Hoje, são investidos 6,4%. Proporcionalmente, destinar 10% do PIB à Educação faria o investimento médio por estudante saltar de aproximadamente US$ 2.900/ano para cerca de US$ 4.500, o que ainda fica muito aquém dos US$ 10 mil/ano investidos pela Alemanha. O salário inicial médio de um professor de educação básica no Brasil passaria dos atuais US$ 5.000/ano para US$ 7.500 contra US$ 30 mil/ano na Alemanha. Precisamos de muito mais que o investimento do PNE para melhorarmos nosso desempenho. Vamos ter que aprender com os alemães e trabalhar por muitos anos para reduzir as diferenças. Na educação, já estamos na prorrogação. Nesse ponto, o governo Dilma falhou inexoravelmente. Antes dela já era ruim; com ela ficou muito, mas muito pior” (André Luiz Parreira, Folha de S.Paulo, 9/7).
Daí a necessidade, a importância e a pressa de cada voto válido para reconstruir o Brasil. Anular o voto, votar em branco ou não ir votar (cidadãos entre 16 e 18 anos, ou de mais de 70 anos) favorece a continuidade dessa situação que execramos.
Às urnas, então, em 5 de outubro!

















Edição n.º 944 - página 01

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