“Passaram-se 64 anos desde a
decepção de 1950. O imaginário local sobre ganhar "em casa" provocou
um estado de transe coletivo. A nação escancarou todo o seu atraso
civilizatório resumido na dicotomia reducionista e infantil do "é
tóis" (o Brasil) contra "eles" (o restante do mundo), como se
uma disputa esportiva fosse vital para o país conseguir sanar seus problemas.
Agora, a ressaca. O Brasil ainda é uma nação a ser construída, e tem pressa.”
(Francisco Rodrigues, Folha de S.Paulo,
9/7)
“A edição da “The Economist” de 12/11/2009, “Brazil takes
off” (O Brasil decola), louvava de forma despropositada as perspectivas da
economia brasileira. O diagnóstico inspirou a capa em que a estátua do Cristo
Redentor decolava, metáfora impactante do que se previa quanto à economia. A
matéria principal afirmava que "havia sido concedida autonomia ao Banco
Central", que "a economia foi escancarada ao comércio exterior e
investimento" e que "algumas das multinacionais brasileiras são
empresas anteriormente controladas pelo Estado que estão florescendo com a
permissão de operarem com maior independência em relação ao governo. Isto vale
para a Petrobras e para a Vale". A despeito de algumas ressalvas quanto a
gasto público, baixa poupança, pensões e crime, o otimismo infundado era
dominante. Esse magnífico erro de avaliação obrigou à revisão, com a matéria
“Has Brazil blown it?” (O Brasil explodiu?), de 28/9/2013, e a capa que
registrava o Cristo como descontrolado buscapé”, escreveu Marcelo de Paiva
Abreu (O Estado de S.Paulo, 9/7)
No mesmo dia e no mesmo jornal, a articulista Miriam
Leitão comentou: “Pode-se perder um jogo. Quantos perdemos? Foram 24 anos sem
ganhar uma Copa depois de 1970. O Brasil sabe que tudo se pode esperar de uma
Copa do Mundo. Glórias e derrotas. Euforia e tristeza. Mas humilhação como a de
3ª-feira é traumática, entra para a história. Os alemães, que derrotamos em
2002, organizaram-se de forma metódica, paciente, disciplinada. Vieram para
vencer. Nós, desorganizados, facilitamos. Não foi um acaso. Nenhuma derrota o
é. Por que aconteceu? Fatalidade? Não. Certas derrotas são resultado de como se
arma o jogo, da estratégia empregada. Essa tática jamais funcionou. Derrotas
ensinam só se quisermos aprender”.
Ou, resumindo com uma frase de outra jornalista do
Estadão: “A vitória da técnica sobre o improviso no vexame planetário na
partida entre Brasil e Alemanha pareceu corroborar a escrita: não se pode fazer
tudo errado esperando que no fim dê tudo certo” (Dora Kramer, O Estado de S.Paulo, 9/7).
E concluindo, introduzo o tema Educação aos temas da
revista (Economia) e do jornal (derrota da improvisação e vitória da técnica,
da disciplina, da organização): “Em 26 de junho e em ritmo de Copa do Mundo,
foi sancionado pela Presidência da República o Plano Nacional de Educação
(PNE). A meta mais comentada tem sido a de se destinar 10% do Produto Interno
Bruto (PIB) à Educação, em dez anos. Hoje, são investidos 6,4%.
Proporcionalmente, destinar 10% do PIB à Educação faria o investimento médio
por estudante saltar de aproximadamente US$ 2.900/ano para cerca de US$ 4.500,
o que ainda fica muito aquém dos US$ 10 mil/ano investidos pela Alemanha. O
salário inicial médio de um professor de educação básica no Brasil passaria dos
atuais US$ 5.000/ano para US$ 7.500 contra US$ 30 mil/ano na Alemanha.
Precisamos de muito mais que o investimento do PNE para melhorarmos nosso
desempenho. Vamos ter que aprender com os alemães e trabalhar por muitos anos
para reduzir as diferenças. Na educação, já estamos na prorrogação. Nesse
ponto, o governo Dilma falhou inexoravelmente. Antes dela já era ruim; com ela
ficou muito, mas muito pior” (André Luiz Parreira, Folha de S.Paulo, 9/7).
Daí a necessidade, a importância e
a pressa de cada voto válido para reconstruir o Brasil. Anular o voto, votar em
branco ou não ir votar (cidadãos entre 16 e 18 anos, ou de mais de 70 anos)
favorece a continuidade dessa situação que execramos.
Às urnas, então, em 5 de outubro!
Edição n.º 944 - página 01
Nenhum comentário:
Postar um comentário