“O
otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista
esperançoso. Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a
morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e
fascinante tarefa de viver.”
(Ariano Suassuna)
É de se
lamentar profundamente as mortes de três ícones da literatura brasileira,
nesses últimos dias: a do baiano João Ubaldo Ribeiro, aos 63 anos; a do mineiro
Rubem Alves, aos 80 anos; e a do paraibano/pernambucano Ariano Suassuna, aos 87
anos.
Por sua
generosidade, alegria, desafetação, simplicidade, por seu jeito terno, e por
sua raridade como seres humanos especiais que tanto fizeram pela valorização da
cultura nacional e da Educação, eles merecem todas a homenagens que lhes têm
sido prestadas.
Que Deus os
tenha!
A charge de
William Medeiros mostra o advogado, dramaturgo, romancista, professor,
pintor, poeta, filósofo, e membro da Academia Brasileira de Letras Ariano
Suassuna como um D. Quixote do sertão ─ símbolo irrefutável da luta incansável em prol da cultura
nordestina.
Nascido em 1927,
ele passou a infância na Paraíba; depois foi viver em Pernambuco; formou-se em
Direito; fundou o Teatro do Estudante, e em 1947 escreveu sua primeira peça. Em
1956, tornou-se professor de Estética na Universidade Federal do Pernambuco,
cargo exercido até 1994, quando se aposentou.
As obras de Ariano (“Auto da
Compadecida”, “A Pedra do Reino”, “O Santo e a Porca”, “A Pena e a Lei”, “Uma
Mulher vestida de Sol”, “Farsa da Boa Preguiça”, as “Aulas-Espetáculo”, etc.)
sempre se alimentam de elementos das raízes populares, tradicionais, misturados
com o clássico formal, sintetizando uma arte própria, nordestina e extremamente
brasileira.
Unindo a
diversidade das manifestações populares brasileiras, Suassuna criou o
“Movimento Armorial”, que une o universo de folhetos de cordel, mágicos
romanceiros, a música de rabeca e de viola, a música cantada, com a arte de
xilogravuras e ilustrações dos romances.
Com seu riso a
cavalo e seu sonho a galope, com sua alegria de realista esperançoso, ele
enfrentou “a dura e fascinante tarefa de viver”, até 4ª-feira, quando nos
deixou e se foi, encantado, para a terceira margem do rio.
Ficamos todos
órfãos e um pouco mais tristes.
Edição n.º 945 - página 01
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