A América Latina recebe o
Papa Francisco pela segunda vez. E desta vez o líder da Igreja Católica optou
por visitar três entre os países mais pobres da região, afirmando assim seu
compromisso com os fragilizados.
Francisco, desde que
assumiu o comando da Igreja em 2013 tem marcado o seu pontificado com postura
de simplicidade, humildade, sobriedade. Da mesma forma como quando veio ao
Brasil, apresenta-se de braços abertos aos fiéis, sem carro com vidro blindado,
porque quer uma aproximação direta com o povo. Também confirma sua forte
mensagem social e pastoral, com a visão já proposta desde o advento das
encíclicas Pacem in Terris e a Mater et Magistra, do papa João XXIII.
Francisco, com essa
postura, encarna, digamos assim, tudo o que o Vaticano II propôs como aggionarmento,
para que a Igreja consiga uma efetiva evangelização, a partir da realidade, dos
desafios da contemporaneidade.
Parece importante registrar
que o estilo pastoral de Francisco não conflita, de modo algum com a doutrina
social da Igreja, pois ele quer mostrar que o compromisso com os mais pobres é
tradição da Igreja, algo que os comunistas se apropriaram enquanto retórica,
mas que o Papa, com seu modo de agir, quer reforçar que os cristãos não são
comunistas porque trabalham em favor dos pobres. É isso que faz com que o papa
Francisco seja entendido pelas pessoas mais simples e humildes, e questionado
por intelectuais de direita que não compreenderam a sua estratégia por uma
necessária pastoral, sem confrontar a doutrina da Igreja.
No Equador, Bolívia e
Paraguai, o papa Francisco pregou a defesa da família e dos valores da Igreja,
num contexto de preparação para as importantes decisões que deverão ser tomadas
no Sínodo da Família, em outubro. O que surpreende nas posições do papa
Francisco, que ele demonstra em sua viagem pela América Latina, é o
conhecimento que tem da realidade, e sua compreensão dos problemas existentes,
e de que a Igreja não pode se tornar um gueto no mundo, mas que sua missão é
irradiar o Evangelho para todos; daí a necessidade de enfrentar os desafios, de
modo a propor soluções que façam as pessoas viverem melhor o Evangelho, e não
se afastarem dele. Mostra isso com a sua disposição ao diálogo ecumênico.
Francisco se propõe a ouvir, dialogar, partilhar, para que haja uma
possibilidade de trabalho conjunto pelo bem de todos, a partir dos pontos em
comum, daquilo que une, e não do que desune. Por isso aposta no diálogo também
com as demais religiões, sem impor, mas propor um relacionamento de partilha e
diálogo.
Visitar países mais pobres
da América Latina é sinalizar ao mundo que o seu discurso não é apenas
retórica, mas uma prática consolidada em gestos concretos, na busca de uma
sociedade mais justa e solidária, a partir dos princípios e valores cristãos. É
a mística de São Francisco atualizada nos desafios de hoje; "aonde há
discórdia que eu leve a paz".
O Papa Francisco, com suas
ações, certamente vai se tornando uma liderança mundial com a estatura moral
necessária para contribuir por uma paz baseada em valores essenciais e éticos e,
por isso mesmo, capaz de se efetivar com resultados concretos, a partir da
realidade cotidiana. O papa dá assim uma demonstração de vida, esperança e fé.
Pede a todo instante que rezemos por ele. É um homem comprometido com uma
missão de paz e caridade.
Edição n.º 995 - página 08
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