sexta-feira, 17 de julho de 2015

Quem não se comunica...

O médico diz A, o paciente entende B. O paciente responde X
o médico entende Y.”




Por dois sábados de julho, dias 4 e 11, a Professora Doutora Tatiana Piccardi ofereceu o curso “O uso da linguagem na comunicação nas práticas da saúde”, no Hospital Infantil Darcy Vargas, em São Paulo.
Com direito a certificado e visita guiada pela enfermeira chefe Marta por todo o hospital-referência, o grupo (formado por assistente social, fonoaudióloga, profissional de recursos humanos, enfermeira, dentista e jornalista) aprendeu bastante: que, como todo trabalho, a prestação de serviço médico está submetida a leis, contratos e regras que a organizam de forma hierárquica, institucional e generalizada. O médico é detentor de um “saber acadêmico” (códigos, diretrizes, regras técnicas, manuais, programas, organogramas, máquinas, aparelhos, instrumentos, etc.), e um “saber em ação”, em função de sua experiência prática, que estabelece relações entre a vida profissional e a vida do dia a dia, levando em conta sua história pessoal, suas convicções sócio-políticas, seus sentimentos.

Nesse sentido, a relevância e a função da linguagem na comunicação entre médico e paciente se acentua, mas também expõe um mal-entendido: o que é dito por um não é  compreendido da mesma maneira pelo outro.
Compreender significaria “decodificar” convenientemente o que foi comunicado (seja uma informação, seja uma receita, etc.), como se cada fala tivesse apenas um único sentido - aquele conferido pelo médico - e esse mesmo sentido fosse “decifrado” pelo paciente, com base no seu conhecimento da língua portuguesa.
Como ficou esclarecido, seria necessário que o profissional fizesse um esforço no sentido de “traduzir” em outras palavras o que ele fala, e que ele “cavasse” mais tempo para não apenas ouvir, mas para escutar com atenção e interesse o que diz o paciente.
E que ele combinasse a linguagem oral com outras linguagens: a do olhar, a da expressão corporal (estender a mão para cumprimentar, dar um tapinha nas costas), até mesmo a do silêncio atento e respeitoso.

















Edição n.º 996 - página 01



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