sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Trem das Onze em Israel


Em longo artigo na Folha de São Paulo (09/01), a filha de Adoniran Barbosa, professora Maria Helena Rubinato Rodrigues Sousa, reivindica mais enaltecimento ao compositor.
NOTÍCIAS, que tem Adoniran no seu logo e já publicou dezenas de matérias engrandecendo o gênio do compositor, vem cobrando o mesmo tipo de atitude de Valinhos, cidade onde ele nasceu.

Recado de Maria Helena             
Sabe onde existe uma Casa Adoniran Barbosa, museu muito bem organizado e sempre atento às novidades sobre seu homenageado? Não, não é no Bexiga, nem na Luz, nem na Paulista. Fica a mais de 10 mil quilômetros de São Paulo, em linha reta. Essa a distância até Jerusalém. Da cidade de David, mais 70 km até Shaar Hanegev, região onde fica o kibutz Bror Chail, o kibutz que abriga a Casa Adoniran Barbosa.
Quem criou esse museu? Eu diria que foram figuras imaginárias, se não trocasse longos e-mails com pessoas há mais de cinco anos. E se não me admirasse com a delicadeza e a trabalheira que enfrentam para manter em pé um museu para um compositor brasileiro que, embora tenha todas as qualidades que imodestamente citei acima, não faz parte da legenda dourada da MPB que nossa imprensa e autoridades tanto paparicam. Seus nomes? Sheila Katzer Bovo, ex-secretária de Educação de Sorocaba (SP), cidade irmã de Shaar Hanegev, e o casal Edith e Tzvi Chazan, diretores do museu.
Pois bem, atendendo ao pedido da diretoria, a Companhia Geral de Trens de Israel doou à Casa Adoniran Barbosa o primeiro vagão que chegou do Egito a Israel em 1910 --ainda na época do Império Otomano na Palestina. O vagão que faz parte da história agora está no terreno do museu e, por obra e graça de Edith e Tzvi, com as nossas cores.
É o Trem das Onze em Bror Chail. A intenção da diretoria é transformá-lo numa galeria de exposições sobre a música popular brasileira.
Você conhece país, cidade, pessoas mais generosas com uma de nossas maiores riquezas, a nossa música? Falta São Paulo resolver aderir a Bror Chail para o Trem das Onze poder dar a partida.

Desvario Cultural
Felizmente, a filha de Adoniran não sabe o que aconteceu em Valinhos, quando o então Secretário de Cultura Tite Stopiglia determinou que “não seria organizada uma Semana Adoniran Barbosa, porque faltam elementos que comprovem que o sambista nasceu em Valinhos”... Dá pra acreditar?
O que confirma e dá guarida ao desvario cultural daquele secretário foi a proposta feita por ele, em 1988, de se encomendar um exame de “DNA Cultural” da História, através da Fundação Nacional da Artes, para achar provas de que Adoniran Barbosa seria valinhense! (Na época, ele esqueceu não só de se informar com o ex-prefeito Bepe Spadácia, escritor e editor do primeiro livro que atestava que Adoniran nasceu nesta cidade, como também ele não pensou em ir ao Cartório Civil de Valinhos, onde está registrada a certidão de nascimento de João Rubinato, o compositor Adoniran Barbosa.)
E por que, desde aquela época, os secretários de Cultura das administrações do município de Valinhos nunca aceitaram essa verdade incontestável e restauraram a Semana Adoniran Barbosa? Seria ignorância, descaso ou insensibilidade explícita?
E seria por desconhecimento, desrespeito, ou descuido que os vereadores da atual Legislatura aprovaram por unanimidade a proposta do vereador Lourivaldo de dar a medalha com o nome do compositor a Tite, sem levar em conta que os vereadores da Legislatura de 1988 convocaram o então secretário Stopiglia para que ele explicasse a suspensão da comemoração da Semana Adoniran Barbosa?

Texto
Tom Santos
Se alguém pensou que aqueles fatos tinham sido esquecidos, se enganou: “ói nóis aqui traveis”!







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