Em longo artigo na Folha de São Paulo (09/01), a filha de
Adoniran Barbosa, professora Maria
Helena Rubinato Rodrigues Sousa, reivindica mais enaltecimento ao compositor.
NOTÍCIAS, que tem Adoniran no seu logo e já
publicou dezenas de matérias engrandecendo
o gênio do compositor, vem cobrando o mesmo tipo de atitude de Valinhos, cidade
onde ele nasceu.
Recado de Maria Helena
Sabe
onde existe uma Casa Adoniran Barbosa, museu muito bem organizado e sempre
atento às novidades sobre seu homenageado? Não, não é no Bexiga, nem na Luz,
nem na Paulista. Fica a mais de 10 mil quilômetros de São Paulo, em linha reta.
Essa a distância até Jerusalém. Da cidade de David, mais 70 km até Shaar
Hanegev, região onde fica o kibutz Bror Chail, o kibutz que abriga a Casa
Adoniran Barbosa.
Quem
criou esse museu? Eu diria que foram figuras imaginárias, se não trocasse
longos e-mails com pessoas há mais de cinco anos. E se não me admirasse com a
delicadeza e a trabalheira que enfrentam para manter em pé um museu para um
compositor brasileiro que, embora tenha todas as qualidades que imodestamente
citei acima, não faz parte da legenda dourada da MPB que nossa imprensa e
autoridades tanto paparicam. Seus nomes? Sheila Katzer Bovo, ex-secretária de
Educação de Sorocaba (SP), cidade irmã de Shaar Hanegev, e o casal Edith e Tzvi
Chazan, diretores do museu.
Pois
bem, atendendo ao pedido da diretoria, a Companhia Geral de Trens de Israel
doou à Casa Adoniran Barbosa o primeiro vagão que chegou do Egito a Israel em
1910 --ainda na época do Império Otomano na Palestina. O vagão que faz parte da
história agora está no terreno do museu e, por obra e graça de Edith e Tzvi,
com as nossas cores.
É
o Trem das Onze em Bror Chail. A intenção da diretoria é transformá-lo numa
galeria de exposições sobre a música popular brasileira.
Você
conhece país, cidade, pessoas mais generosas com uma de nossas maiores
riquezas, a nossa música? Falta São Paulo resolver aderir a Bror Chail para o
Trem das Onze poder dar a partida.
Desvario
Cultural
Felizmente, a filha de Adoniran não sabe o que
aconteceu em Valinhos, quando o então Secretário de Cultura Tite Stopiglia determinou que “não seria organizada uma “Semana Adoniran Barbosa”, porque faltam elementos que comprovem que o
sambista nasceu em Valinhos”... Dá pra
acreditar?
O que
confirma e dá guarida ao desvario cultural daquele secretário foi a proposta
feita por ele, em 1988, de se encomendar
um exame de “DNA Cultural” da História, através da Fundação Nacional da Artes,
para achar provas de que Adoniran
Barbosa seria valinhense! (Na época, ele
esqueceu não só de se informar com o ex-prefeito Bepe Spadácia, escritor e editor
do primeiro livro que atestava que Adoniran nasceu nesta cidade, como também
ele não pensou em ir ao Cartório Civil de
Valinhos, onde está registrada a certidão de nascimento de João
Rubinato, o compositor Adoniran Barbosa.)
E por
que, desde aquela época, os secretários de Cultura das administrações do
município de Valinhos nunca aceitaram essa verdade incontestável e restauraram
a “Semana Adoniran Barbosa”? Seria ignorância, descaso ou
insensibilidade explícita?
E seria
por desconhecimento, desrespeito, ou descuido que os vereadores da atual Legislatura
aprovaram por unanimidade a proposta do vereador Lourivaldo
de dar a medalha com o nome do compositor a Tite, sem levar em conta que
os vereadores da Legislatura de 1988
convocaram o então secretário Stopiglia para que ele explicasse a suspensão da
comemoração da “Semana Adoniran Barbosa”?
Texto Tom Santos |
Se alguém
pensou que aqueles fatos tinham sido esquecidos, se enganou: “ói nóis aqui
traveis”!
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